ESALQ
Estudo desenvolvido pela engenheira agrônoma Andrea Ribeiro Domingues, aluna do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia, da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ), buscou aperfeiçoar o entendimento sobre o desenvolvimento fisiológico da bananeira cv. ‘Nanicão' em clima tropical de altitude (Cwa), que tem como características estações bem definidas, inverno frio e seco e verão quente e chuvoso.
A bananeira, por ser uma planta típica de clima tropical, no clima Cwa é considerada marginal para seu cultivo em escala produtiva, devido à possibilidade de ocorrência de geadas, o que pode causar riscos à produção. "No entanto, ao longo dos anos, a exploração econômica dessa fruta em regiões com esse tipo de clima tem mostrado seu potencial. Isso se deve principalmente ao trabalho de pesquisadores e extensionistas que atuaram junto aos produtores para a melhoria da produção", explica a autora do trabalho. Assim, seu projeto propôs estudar o desenvolvimento de um bananal comercial, observando as variações do ciclo de produção ao longo do ano, considerando duração, produção e rendimento.
Realizado na Fazenda Diamantina, em Tietê/SP, produtora de banana em uma área de 16 hectares, o projeto conduziu dois experimentos. O primeiro, realizado entre maio de 2010 e julho de 2011, verificou a formação do cacho da bananeira desde a emissão da inflorescência até a colheita nas diferentes épocas do ano, a fim de observar as durações do período, massas dos cachos e o reflexo na produção final. No segundo experimento estudaram-se os quatro primeiros ciclos de produção, que compreende o período desde a implantação do bananal, em setembro de 2005 até agosto de 2010, para verificar a duração, produção e rendimento médio de cada ciclo.
Com orientação do professor João Alexio Scarpare Filho, do Departamento de Produção Vegetal (LPV), o trabalho concluiu que a produção de banana cv. ‘Nanicão' é marcada por oscilações na quantidade de inflorescências emitidas nas diferentes épocas do ano. "As maiores taxas de emissões ocorrem na época mais quente e chuvosa e taxas bem inferiores na época fria e seca do ano", conta a pesquisadora.
O menor intervalo de duração entre a inflorescência e a colheita foi observado em bananeiras que emitem a inflorescência em condições de alta temperatura, enquanto que os maiores intervalos foram notados em plantas que emitem inflorescência nas épocas mais frias e secas do ano.
As massas dos cachos e a produção também apresentaram variações ao longo do ano. Ambos são encontrados em níveis superiores durante o período mais frio e seco do ano, acontecendo o inverso durante a época mais quente e chuvosa. "As variações das massas dos cachos estão relacionadas com as condições climáticas ocorridas no período entre a diferenciação floral e a emissão da inflorescência dos cachos", explica. Quanto à variação da produção nos quatro primeiros ciclos, Andrea acrescenta que o rendimento médio anual de cada ciclo varia, de modo que, a partir do terceiro, o rendimento médio anual decresce e estabiliza-se devido à extensão da duração do ciclo de produção, causada pelas condições de baixas temperaturas que as bananeiras estão sujeitas nesse tipo de clima.
Em 2010, a fruta foi a mais produzida e consumida no mundo e o Brasil foi o quinto maior produtor. "Estudos sobre o comportamento fisiológico da bananeira em diferentes tipos de clima e o conhecimento das oscilações do ciclo produtivo da planta, ao longo dos anos de produção do bananal, podem oferecer suporte ao planejamento agrícola e maior previsibilidade da colheita", aponta.
Com a realização do trabalho, financiado pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) a autora aponta a necessidade de estudos mais aprofundados quanto à fisiologia da bananeira e a influência do clima Cwa no seu desenvolvimento, de maneira a elucidar alguns assuntos que ainda não estão claros, como o efeito do fotoperíodo na iniciação floral. "Com a identificação de qual estágio (vegetativo, floração ou frutificação) de desenvolvimento da bananeira é mais sensível às condições climáticas adversas presentes na região, tanto o produtor, extensionista ou pesquisador podem melhorar a produção e a renda do bananal, por meio de desenvolvimento de novas técnicas culturais e manejo correto e adequado da cultura", conclui.
Carla Oliveira
Estagiária de Jornalismo