Atmosfera pode indicar o perfil da Floresta Amazônica em 2050
Floresta Amazônica (foto:divulgação)
Com o intuito de projetar um cenário para a Floresta Amazônica no ano de 2050, o geógrafo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), Vinícius Machado, elaborou uma dissertação de mestrado que indica uma floresta mais adaptável e, ao mesmo tempo, vulnerável às mudanças climáticas.
Intitulada ‘Modelagem do Impacto das Mudanças no Uso da Terra e Aumento dos Gases de Efeito Estufa no Balanço de Umidade na Amazônia: um estudo com modelo regional da atmosfera’, a dissertação traz uma análise sobre o desmatamento e o clima. “Quando há desmatamento, uma série de fatores modifica o clima. A atmosfera aquece de baixo para cima e a devastação reduz a profundidade das raízes que bombeiam água para a atmosfera”, explicou o pesquisador.
Segundo Machado, a ausência de um período de seca mais longo vem protegendo a floresta, pois a Amazônia não suportaria um tempo prolongado sem chuvas.
Simulação do desmatamento na BR-319
Um estudo paralelo realizado por Machado em conjunto com o doutor em Ecologia, Philip Fearnside faz uma simulação da dinâmica espacial do desmatamento na região de influência da rodovia BR-319 – que liga Manaus a Porto Velho, em Rondônia.
O projeto ‘Cenários para a Amazônia: Clima, Biodiversidade e Uso da Terra’ consiste na avaliação dos índices de desmatamento com e sem a construção da estrada.
Conforme relatório parcial da pesquisa, a expansão do desmatamento na Amazônia tem se concentrado ao longo de uma faixa que se estende pelo sul da região, desde o Maranhão até o sudeste do Acre, denominada ‘Arco do Desmatamento’.
“Essa expansão acelerada se deve possivelmente a uma série de fatores, especialmente à melhoria e ampliação da malha viária na região. Rodovias na Amazônia têm sido consideradas como vetores que levam ao processo acelerado de desmatamento a áreas remotas”, enfatizou o pesquisador.
Intransitável em vários trechos, a rodovia BR-319 tem sua reconstrução atualmente como parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal.
Segundo o pesquisador, a reabertura da estrada traz uma ameaça potencial à floresta na Amazônia Central, em função da exposição de uma grande área à pressão da ocupação humana.
Neste sentido, cenários são criados com e sem a pavimentação para verificação dos impactos, mesmo com a impossibilidade de se prever as mudanças climáticas. Segundo Machado, é possível ter uma ideia a partir de cálculos sobre a emissão de biomassa, por exemplo.
“Vamos observar também, nestes cenários, a inclusão de unidades de conservação na região de influência da rodovia. Precisamos saber como será a dinâmica no futuro e de que forma as áreas de proteção podem conter o avanço do desmatamento”, afirmou.
Machado explicou que o estudo tem o intuito de aprimorar o modelo desenvolvido por Fearnside, além de atualizar o banco de dados geográfico e simular o desmatamento no interflúvio Madeira-Purus (rios da região), em decorrência da reconstrução da rodovia, no período de 2009 a 2050.
Com o resultado das simulações serão produzidos mapas temáticos que refletirão a dinâmica do desmatamento na região estudada, para cada ano. Tais mapas servirão como base para derivar outras informações, como emissões de gases oriundos do desmatamento e perda de habitat de espécies. A previsão é de que até julho de 2012 um relatório seja enviado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT).
Foto 2: divulgação
Redação: Alessandra Karla Leite – Agência FAPEAM