Desperdício de água – a facil (e cômoda) solução de aumentar o preço
DESPERDÍCIO DE ÁGUA – QUAL A SOLUÇÃO?
Recente notícia divulgada na mídia informava
que a partir de agosto a conta de água ficará
mais cara, decorrência de uma resolução
da Agência Reguladora de Saneamento
Básico e Infraestrutura Viária.
Um bom momento para retomar a discussão da necessidade do uso racional da água por parte da sociedade, apesar dos, cerca de, 90% serem consumidos pela Agricultura e Indústria..
Pesquisa foi realizada pelo Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental – percepção ambiental da sociedade – envolvendo 1028 pessoas, 856 da Grande Vitória – Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana - e o restante do interior – Cachoeiro, Domingos Martins, Montanha e Aracruz –
42,5% com ensino superior, idade entre 18 e 84 anos, ou seja, uma amostra bastante representativa da sociedade.
Da pesquisa observam-se alguns resultados interessantes (preocupantes?): participação em eventos ligados à temática ambiental (8,4%), acesso diário a jornais (24,5%), acesso a sites ambientais (12,0%), contato com ONGs ambientalistas (7,2%), ação efetiva da mídia na divulgação de informações ambientais (15,8%), conversam sobre assuntos ambientais no âmbito da família (24,1%), avaliação da ação do Poder Público na conscientização ambiental da sociedade (8,1%), entre outros.
A pesquisa destaca também aspectos ligados à percepção da sociedade frente ao uso racional da água – em diferentes segmentos sociais – e o perfil observado não difere muito dos aspectos preocupantes já explicitados.
Podemos inferir que a sociedade ainda está muito carente em relação ao nível mínimo de cidadania ambiental para, efetivamente, dar sua contribuição positiva para amenizar os diferentes aspectos ambientais, entre eles, posturas pró ativas voltadas ao uso racional da água.
Se levarmos em conta os fatores que influem no uso racional da água – as perdas nas redes de distribuição ao longo das cidades e a parcela pessoal de desperdício induzida a partir de cada usuário – pode-se deduzir que se estas perdas fossem contabilizadas na forma de “água disponível para abastecimento”, esta iniciativa poderia trazer algum benefício ao preço da água fornecida à sociedade.
Em relação às perdas nas redes de abastecimento já há iniciativas em andamento, porém nos parece que a conscientização da sociedade ainda está falha, ou melhor, poderia ser aprimorada.
Neste ponto se faz necessário uma ressalva; não queremos dizer que não estejam ocorrendo propostas de conscientização da sociedade frente à problemática do uso racional da água. Queremos dizer que elas ainda não chegaram a um nível exigido em termos da importância do assunto, bem como não há iniciativas consolidadas de avaliar se tais iniciativas estão efetivamente contribuindo para alterar positivamente o perfil d percepção ambiental da sociedade.
A linha do “quanto mais EA, melhor” foi uma característica – positiva a sua época – na EA oferecida no século XX; entretanto, em se tratando da EA a ser oferecida no século XXI, há que se atentar para um novo paradigma: “quanto mais EA, melhor, porém verificando-se a eficácia das iniciativas de EA oferecidas à sociedade”.
Fica a pergunta ao leitor: você se sente preparado no sentido de dar sua contribuição a este tipo de problema? E aos gestores das áreas da Educação e Meio Ambiente: que ações podem ser estruturadas, além das já oferecidas?
Roosevelt S. Fernandes
Membro do Conselho Estadual dos Recursos Hídricos