Felipa Alves
Fonte: news.sciencemag.org
Estudo revela que os pinguins têm medo “do escuro”
Felipa Alves
Um trabalho de investigação
levado a cabo por cientistas
americanos sugere que não
é por falta de visibilidade
para capturar as presas que
os pinquins-imperador e de
Adélie não caçam à noite,
mas sim porque não
conseguirem detectar a
aproximação de predadores
como as focas-leopardo e,
provavelmente, as orcas.
A alteração do comportamento da espécie-presa em função do modo como actuam os seus predadores é um fenómeno comum, e num estudo recentemente publicado na revista Polar Biology, dois investigadores americanos sugerem é o que está na origem da actividade de alimentação exclusivamente diurna dos pinguins-imperador e de Adélie.
Com efeito, ao contrário do que se pensava, os autores do estudo defendem que não é uma falta de visão nocturna que dificulta a captura das presas o que impede as duas espécies de pinguim de caçar à noite, mas sim o medo associado à incapacidade de detectar a tempo a aproximação dos predadores.
Para chegar a esta conclusão os investigadores analisaram 22 mil episódios de caça de pinguim de Adélie que foram equipados com transmissores. Os resultados revelaram que a maioria dos animais caçam a 50-100m abaixo da superfície onde a luminosidade é baixa, sendo que alguns se deslocam a profundidades que podem atingir os 500m como acontece com os pinguins-imperador, onde reina o escuro.
Os autores defendem então que o que faz os pinguins caçarem apenas durante apenas o dia, apesar de as suas presas serem mais vulneráveis à noite é o medo dos predadores.
Este medo, segundo os investigadores, seria a também razão pela qual os animais se mantêm fora da água à noite, ainda que isso implique maiores gastos energéticos para cobrir em terra a distância que os separa dos locais onde pernoitam, e ainda porque migram para regiões mais distantes e menos produtivas do ponto de vista alimentar, viagem que 20-30% dos juvenis nunca chegam a completar.