sábado, 4 de junho de 2011

CONTENDO A DEGRADAÇÃO


Reflorestamento e conservação de nascente para deter degradação
Museu Paraense Emílio Goeldi aplica técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento para analisar cobertura vegetal no nordeste paraense e entender a Amazônia

Agência Museu Goeldi - Lugar de constante influência humana, a região amazônica há muito tempo tem sua paisagem natural modificada. O Estadodo Pará destaca-se como um dos que mais desmatam o bioma amazônico. Por se localizar no polígono de influência do arco do desmatamento, 
sofre as consequências diretas dessa realidade.

O município de Bonito tem uma área de 564,8599 km² e está localizado no nordeste paraense - na microrregião bragantina. Até 1961, Bonito era parte do município de São Miguel do Guamá, quando obteve autonomia e, em 2004, sua população já era de 10.493 habitantes. 


O município chamou a atenção de pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi, pois em quase 50 anos de existência, a localidade já apresenta graus de mudança em sua cobertura vegetal significativos.

Para analisar tais mudanças o bolsista João Silva Júnior orientado pela pesquisadora da Coordenação de Pesquisa e Pós-graduação do Museu Paraense Emilio Goeldi, Arlete Silva de Almeida, desenvolveu o trabalho “Análise Multitemporal utilizando a técnica de sensoriamento remoto e Geoprocessamento no município de Bonito – Pará”.
Daqui - O produto de sensoriamento remoto fornece informações sobre o Meio Ambiente através de sensores orbitais que utilizam o geoprocessamento para pesquisa de análise multitemporal de uma determinada área. A pesquisa discute o uso e cobertura do solo e a dinâmica da paisagem do município, tendo como ferramenta principal a interpretação de imagens satélites.
Os anos utilizados para o trabalho foram 1984, 1996 e 2008, por apresentarem as menores coberturas de nuvens, tornando as imagens de satélite mais nítidas.

Cobertura Florestal - A pesquisa constatou que Bonito necessita de ações de reflorestamento e conservação das matas ciliares, uma vez que o município apresenta áreas de nascentes de rios importantes como o Peixe-Boi e o Caeté. 


Bonito como outros municípios da região sofre com um modelo de ocupação que se baseia no avanço do capital agroindustrial e na mudança no modo de tratar o solo, o que provoca alterações na utilização dos recursos hídricos, na dinâmica da paisagem e nas relações sociais.

Esse modelo de ocupação da terra tem elevado significativamente o desmatamento na Amazônia legal: estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que a Amazônia apresentava uma taxa de desflorestamento para o período compreendido entre agosto de 2008 e agosto de 2009 da ordem de 7.008 km².
Pasto e monocultura - A partir da análise dos resultados percebeu-se que o município é um reflexo da região em que está inserido, onde, em 1984, a floresta primária já apresentava-se degradada.

A diminuição das florestas secundárias (capoeira) para criação de pasto e cultivo de monocultura (dendê) foi outro resultado encontrado na análise. Esse fator merece atenção, pois, a capoeira na Amazônia representa o período de pousio para o plantio de cultura de corte e queima: naturalmente haverá a recuperação de áreas que sofreram intervenção humana, o que ajuda na manutenção do equilíbrio ambiental.

Ainda como fruto da pesquisa, objetiva-se “elaborar um banco de dados cartográficos, para monitorar de forma constante as mudanças ambientais que possibilitara a criação de políticas públicas para Bonito”.

Texto: Lucila Vilar