G20 agrícola evita temas delicados para alimentos
Por Sarah McFarlane
BBC/Brasil
LONDRES (Reuters) - O acordo alcançado por ministros da Agricultura dos países do G20 pouco faz para combater a ameaça representada pela elevação dos preços dos alimentos, disse uma consultora independente da agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, a FAO.
O plano de ação para ampliar a transparência no mercado de alimentos e a coordenação política refletem apenas algumas das ambiciosas propostas apresentadas pela França para o ano de sua presidência no G20, ficando aquém dos pedidos do governo francês de uma dura repressão aos especuladores.Pelo acordo, o Grupo dos 20 concordou em criar uma base de dados chamada de Amis (Sistema de Informação do Mercado Agrícola, na sigla em inglês), abrigado na FAO.
Pode ser difícil implementar o Amis por causa das preocupações da Índia e China sobre questões práticas no fornecimento de suas informações."O desafio para o Amis será o desequilíbrio nas capacidades de pesquisas sobre as colheitas e as prioridades divergentes dos países quanto à transparência", disse Berg.Berg observou que seria especialmente difícil estimar o suprimento e a demanda na China em razão da vasta escala do país e as rápidas mudanças nas necessidades alimentares."Não é fácil ir a campo e determinar as perspectivas para a colheita.
Por causa de sua longa história, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos é o melhor na avaliação de colheitas", afirmou Berg.
REGULAMENTAÇÃO
A França não conseguiu obter o apoio dos ministros do G20 para a introdução de limites a posições no mercado agrícola de futuros, para coibir a especulação, e em vez disso recomendou aos ministros das Finanças que tomem decisões para regular melhor esses mercados.
"A decisão de estimular os ministros das Finanças a lidar com a regulamentação é algo como passar o bastão para outro grupo. Não sei se ministros das Finanças terão a habilidade, experiência e compreensão da essência do mercado de commodities para regulamentar as commodities no mercado de futuros", comentou a consultora.A França acredita que a especulação no mercado de commodities contribuiu para a abrupta elevação na inflação dos alimentos, mas a Grã-Bretanha ficou entre os países que não veem muito valor na regulamentação.
Reuters