do INPE
A partir da análise de uma série histórica de dados de pluviosidade na região da bacia amazônica, com medições desde 1902, cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) concluíram que a seca de 2010 foi a mais drástica já registrada, superando a de 2005, até então considerada a maior do século. O estudo foi recentemente publicado em artigo na revista Geophysical Research Letters.
Os resultados apontam que o processo teve início no começo do verão, durante o El Niño (um processo natural de aquecimento das águas do Pacífico), mas foi intensificado pelo aquecimento das águas tropicais do Atlântico Norte. O resultado foi uma estação seca que se estendeu por muitos meses, ocasionando alterações no ciclo hidrológico.
Houve rebaixamento dos níveis de água e seca completa de cursos d’água e tributários de rios na bacia amazônica. A região sul foi a mais afetada. O fenômeno causou graves problemas socioambientais, especialmente às populações ribeirinhas, que ficaram isoladas por dependerem dos rios para seu deslocamento.
Em outro artigo recém-publicado na revista Theoretical Applied Climatology, pesquisadores do INPE apresentam os resultados de um amplo estudo sobre as inundações na Amazônia e Nordeste do Brasil, ocorridas no período de maio a julho de 2009. O fenômeno provocou mortes e deixou milhares de famílias desabrigadas. O trabalho demonstra que essas chuvas torrenciais foram as mais intensas e duradouras já registradas.
O rio Negro, principal tributário do rio Amazonas, atingiu seu maior nível em 107 anos. Os autores concluíram que o evento foi resultado de uma conjuntura de fatores meteorológicos, especialmente o aquecimento acima do normal das águas superficiais do Atlântico Sul – aspecto importante para a explicação das chuvas abundantes em vastas regiões do leste amazônico e nordeste do país. Destacaram também que esses episódios extremos, assim como a seca duradoura ocorrida no ano de 2010 na bacia amazônica, reforçam a hipótese de que anomalias no regime pluviométrico e de temperatura serão mais frequentes em cenários futuros de mudanças climáticas.