Levantamento mostra níveis perigosos da quantidade de partículas poluentes no ar de países em desenvolvimento; especialista sugere soluções que já deram certo no mundo desenvolvido.
Victor Boyadjian, da Rádio ONU em Nova York*
Apesar do desenvolvimento tecnológico, cidades em processo de industrialização continuam sendo as mais nocivas à saúde da população.
A afirmação é da Organização Mundial da Saúde, OMS, após uma pesquisa sobre a qualidade do ar em 1,1 mil cidades grandes pelo mundo. O estudo foi feito em municípios com mais de 100 mil habitantes em 91 países.
Desafio dos Emergentes
O coordenador do Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, Carlos Dora, disse à Rádio ONU, de Genebra, que a queima de combustível de baixa eficiência ainda é responsável pelo risco à saúde. Ele aponta que países emergentes são os que atualmente mais expõem a população à fumaça tóxica.
“Hoje são mais poluídos os países asiáticos e africanos. A América Latina está numa posição intermediária. É um problema de quem está se industrializando e uma indicação dos custos para a saúde que esta industrialização está tendo”, explica.
Na América Latina há pelo menos oito países em condições mais graves que o Brasil. A Bolívia lidera o ranking regional da pior qualidade do ar.
Dora lembra que algumas nações já enfrentaram o problema, no passado. Ele acrescenta que já existem políticas capazes de melhorar a qualidade do ar nas cidades grandes.
“A lei do ar limpo na Inglaterra, por exemplo, é dos anos 60. Medidas, de tranporte, de produção de energia elétrica, de calefação para resolver o problema da poluição. E hoje estes países são limpos ou relativamente limpos”, descreve.
Os números de partículas poluentes no ar da Inglaterra ou de Portugal, são quase metade da média registrada em toda a América Latina.
Riscos à saúde
A OMS estima que a cada ano 2 milhões de pessoas sejam vítimas fatais de doenças causadas pela poluição do ar.
Os dados apresentados no levantamento são baseados em padrões da OMS para calcular emissão de certos tipos de poluentes, que pelo tamanho da partícula ameaçam o sistema respiratório humano. Espaços com mais de 20 microgramas de partículas por metro cúbico são considerados nocivos.
Em algumas cidades a média de partículas está em torno de 300 por metro cúbico.
*Apresentação: Luisa Leme.