segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Yanomami pede solução rápida para invasão de terra indígena por garimpo ilegal


AGÊNCIA CÂMARA DE NOTÍCIAS

Subprocuradora denuncia falta de ação da
 Polícia Federal; delegado alega falta de
 recursos e dificuldades logísticas, além de falha 
na legislação de crimes ambientais.
Leonardo Prado
Davi Kopenawa Yanomami (presidente da Hutukura Associação Yanomami)
Davi Kopenawa: a invasão por garimpeiros polui rios e terras e transmite doenças, como a malária.
O presidente da Hutukura Associação Yanomami, Davi Kopenawa Yanomami, pediu nesta quinta-feira (27) uma solução rápida, ainda neste ano, para a invasão das terras do povo Yanomami por garimpo ilegal, nos estados de Roraima e Amazonas. Em audiência pública da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, ele disse estar revoltado com a invasão da área por garimpeiros, que estariam poluindo os rios e as terras e transmitindo aos índios doenças, como a malária.
De acordo com a deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), que solicitou a realização do debate, pelo menos 1.500 garimpeiros exploram ilegalmente a área. As terras Yanomami foram demarcadas em 1992. A Constituição garante o direito dos índios à terra e ao usufruto exclusivo de seus recursos naturais.
O líder indígena pediu a ação da Polícia Federal para retirar os invasores. “Para os garimpeiros, é fácil entrar; a Polícia Federal diz que é difícil, mas eles têm helicópteros e aviões”, ressaltou. Para Davi Kopenawa, os garimpeiros voltam quando são expulsos porque não são punidos.
DificuldadesO delegado de Polícia Federal Alexandre Ramagem Rodrigues, que representou o Ministério da Justiça na audiência, afirmou que a Polícia Federal está agindo no local, mas precisa de uma legislação mais rigorosa para realizar seu trabalho. A Lei dos Crimes Ambientais (9.605/98) prevê pena de detenção de seis meses a um ano e multa para quem executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem autorização, permissão, concessão ou licença. “A pena de seis meses a um ano significa que a pessoa não fica presa”, destacou. 
Rodigues também destacou as dificuldades de orçamento, de pessoal e de logística para as operações de repressão à atividade. “Não temos aeronaves disponíveis a qualquer momento”, mencionou. Conforme o delegado, muitas vezes quando a operação da PF chega a um local onde foi denunciada a atividade ilegal, já houve deslocamento dos garimpeiros para outros locais. Além disso, ele afirmou que a destruição das pistas de pouso utilizadas para garimpo vem sendo realizadas pela PF, mas tem se mostrado ineficaz, “pois em 15 dias são construídas novas pistas”. Ele chamou atenção ainda para a extensão do território Yanomami – cerca de 9,5 milhões de hectares – e para a dificuldade de acesso a ele. “É um povo que vive em floresta densa, montanhosa, com pouco ou nenhum contato com a civilização branca”, explicou.Serviço de inteligência 
Para a vice-procuradora da República Déborah Druprat e para a representante do Instituto Socioambiental, Ana Paula Souto Maior, mesmo sem alteração da legislação, a atividade de garimpo ilegal poderia ser reprimida.
A vice-procuradora contestou a declaração do delegado de que a PF está fazendo tudo que é possível. Segundo ela, o papel da Polícia Federal seria apresentar um serviço de inteligência, com resposta para a pergunta: “quem financia o garimpo?” – o que não foi realizado. Ela também criticou a PF por não investigar a compra do ouro extraído de forma ilícita. “A economia do ouro como um todo não é fiscalizada e nem punida”, alertou. “Por que o monitoramento da área por satélite não é realizado?”, questionou ainda.
A representante do Instituto Socioambiental também pediu a mudança no perfil de atuação da PF, com trabalho de inteligência que identifique a dinâmica do garimpo. Ela destacou que os garimpeiros que exploram a região são extremamente pobres, e que “alguém” financia as pistas, os aviões e os voos para a região. “Outras pessoas ganham com esse crime, e são essas pessoas que devem ser punidas”. Para ela, o combate ao garimpo ilegal deve envolver a geração de empregos na região para a camada pobre da população que hoje exerce a atividade.
Repressão insuficiente
O coordenador-geral de Índios Isolados e Recém Contratados da Fundação Nacional do Índio (Funai), Carlos Lisboa Travassos, também destacou que a repressão aos atuais garimpeiros é insuficiente para resolver o problema. Ele afirmou que é necessária uma aproximação da Funai com a Polícia Federal, o Ministério da Defesa, o Ministério Público, entre órgãos, para buscar uma solução conjunta para o problema. Ele informou que a Funai faz monitoramento da área, mas há dificuldades de orçamento e de pessoal para o trabalho. “O relatório com levantamento de pistas de pouso e balsas de garimpo na região foi encaminhado ao Ministério da Justiça, solicitando o apoio necessário para o combate à atividade ilícita”, informou.
O diretor de Fiscalização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), ligado ao Ministério de Minas e Energia, Walter Lins Arcoverde, sugeriu a criação de “grupo força-tarefa” com todos os órgãos participantes da audiência para tentar encontrar uma solução definitiva ao problema. Arcoverde disse ainda que o ministério pode contribuir, por exemplo, com a liberação de recursos para o aluguel de aeronaves para a repressão ao garimpo ilegal. A deputada Janete Capiberibe afirmou que a comissão continuará trabalhando pela solução do problema. “A realização da audiência foi apenas o início desse trabalho”, disse.

MAJESTADE BRANCA


Majestade branca
Conheça melhor essas aves que fazem do Parque do Museu Emilio Goeldi um refúgio do mundo de concreto em que a cidade se transformou

Agência Museu Goeldi  

Possivelmente, ela é uma das aves mais elegantes na natureza. Veja, por exemplo, como o dicionário a descreve: “com cerca de 88 cm de comprimento, plumagem branca com enormes egretes no período reprodutivo, bico e íris amarelos, pernas [longíssimas] e dedos pretos”. Se a descrição não foi suficiente, saiba que ela é uma figura presente em diversos logradouros de Belém, desde a Praça Batista Campos, passando pelo Forte do Presépio, pelo rio Guamá – em frente ao Campus da Universidade Federal do Pará, no Bosque Rodrigues Alves e, também, no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi.
Adivinhou? Bem, para a ciência, trata-se da Casmerodius albus, mas atende também por garça-branca-grande ou, simplesmente, garça. “Em Belém, as garças se alimentam no Ver-o-Peso, namoram na Praça Batista Campos e fazem ninhos no Museu Goeldi”, brinca Messias Costa, veterinário do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), ao tentar ilustrar o lugar que esses animais ocupam no imaginário e no cotidiano da cidade. A garça-branca-grande pertence à família Ardeidae e, embora receba o nome científico de Casmerodius albus, o site BirdLife International especializado na catalogação de aves, apresenta o nome Ardea alba, como um sinônimo possível.

No cardápio de uma garça estão, devido à proximidade com as águas, peixes, anfíbios, répteis, larvas aquáticas e crustáceos. Quando caçam, podem permanecer imóveis, durante um tempo considerável, à espera da presa. Já na hora de voar, encolhem o pescoço e estendem as pernas. Geralmente, você as vê em bandos, mas é possível também que vivam em pares ou solitárias. São ativas durante o dia e no horário de crepúsculo.
Concorrência - As garças costumavam utilizar as samaúmas (ver box) do Museu como santuário para seus ninhos. No entanto, um problema recente tem mudado esse hábito: a competição com outra ave, o urubu.
Há dois anos o Parque Zoobotânico convive com o sério problema da grande concentração de urubus em diversos pontos, sobretudo nos viveiros das antas, do urubu-rei, do gavião-real, e, claro, em uma das samaúmas, localizada próxima ao Espaço Raízes. Isso tem afugentado as garças do Museu. O veterinário da instituição calcula que, atualmente, a freqüência delas represente apenas 20% do que era antes. Mesmo assim, ainda é possível vê-las paradas sobre os prédios históricos do Parque, como a Rocinha, bem como nas alamedas, “bloqueando” o caminhar dos visitantes.
Sobre os urubus, diversos procedimentos vêm sendo tomados pelos veterinários da instituição para reverter o quadro. Afinal, um dos riscos da concentração desses animais está diretamente ligado à questão sanitária, como explica Messias Costa: “os urubus, por se alimentarem de restos e morarem, por exemplo, em lixões, podem carregar consigo vírus, bactérias, fungos. Umas das doenças que podem veicular é o botulismo, intoxicação pela exotoxina de lostridium botulinum Clostridium parabotulinum, bacilos que se desenvolvem na comida enlatada mal esterilizada, assim como em carnes, conservas e embutidos culinários também chamada alantíase
Além disso, com o tempo, os urubus se tornaram mais “ousados”, molestando os animais que vivem no Museu, perseguindo-os e, até mesmo, bicando-os. Com medidas para afugentar os urubus a partir do uso de foguetes luminosos de baixo estampido, esta situação tem sido minimizada. Hoje os poucos urubus existentes no PZB resistem e insistem em passar a noite na sumaumeira. Ao sanar totalmente essa situação, quem sabe, as garças voltem a fazer seus ninhos no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi.
Samaumeira (Ceiba pentandra (L.) Gaertn) - Na 3ª edição do Guia Botânico do Museu Goeldi, lançado em 2006, de Paulo Cavalcante, o botânico relata numa linguagem simples e acessível, informações ‘sobre as principais espécies vegetais cultivadas no Parque, ressaltando a importância econômica, farmacológica, ornamental etc, além de outros dados e curiosidades principais’. Para a Samaumeira, descreve: ‘árvore gigantesca, com amplas raízes tabulares (sapopemas), madeira branca, mole e muito leve, de pouco valor. Floresce entre julho e agosto, época em que perde todas as olhas. Em outubro, os frutos maduros libertam as sementes envoltas por uma paina muito leve,
transportadas pelo vento a grandes distâncias. Antigamente, essa paina era utilizada para enchimento de colchões e travesseiros’.
Que bicho é esse? - Embora, em Belém, as garças tenham um significado especial na vida da cidade, esses animais não são endêmicos, nativos da região. Na verdade, são encontradas em todo o Brasil, sendo observadas em diferentes tipos de ambientes. Na maioria das vezes são paludícolas (bicho que vive em pântanos ou charcos) ou dependentes de águas rasas. Por isso, são comuns às margens de lagoas, lagos, rios, brejos, várzeas inundadas, represas, açudes, pantanais e manguezais.
Diego Santos

abacaxi mais valorizado-Pesquisa permite inferir causas de perda de mercado do produto e definir estratégias de melhoria de competitividade




Abacaxi exposto para venda no ETSP da Ceagesp Crédito: Divulgação 


Geléias, pedaços em calda ou cristalizados, suco, licor, vinho, vinagre e aguardente. Todas essas delícias podem ser feitas com uma das frutas tropicais mais famosas, produzidas e consumidas no mundo. Muito apreciado não só pelo aspecto sensorial, mas também por suas qualidades nutricionais, o abacaxi é um fruto símbolo de regiões tropicais e subtropicais e, que quer ao natural, quer industrializado, agrada de todas as maneiras. Porém sua aquisição baseada apenas nos aspectos visuais pode implicar em frutos extremamente ácidos e sem doçura.
Os abacaxizeiros cultivados pertencem à espécie Ananas comosus L. e à família Bromeliaceae que compreende também plantas ornamentais. O abacaxi é uma cultura importante para o Brasil e para o Estado de São Paulo, que só consegue produzir a variedade Smooth Cayenne. Pesquisa de mestrado realizada na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ), pela engenheira de alimentos Fabiane Mendes da Câmara, avaliou as características do abacaxi Smooth Cayenne no momento da sua comercialização no mercado atacadista.
A pesquisa intitulada "Características qualitativas do abacaxi Smooth Cayenne comercializado na CEAGESP", teve como objetivos avaliar, em um determinado período, as características do abacaxi, considerado como o mais valorizado do mercado em cada dia de coleta, correlacionar as suas características com medidas sensoriais e propor um modelo de determinação do ponto de colheita pelo produtor, com parâmetros de fácil coleta.

O estudo relata que no Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP) da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (CEAGESP), o abacaxi é a décima fruta em volume de comercialização. O volume de abacaxi no ETSP cresceu de 30 mil toneladas em 1998, para 100 mil toneladas em 2010, e a proporção entre as duas principais variedades mudou drasticamente, no mesmo período, com grande desvantagem para a variedade Smooth Cayenne, quando comparada à variedade Pérola.
"As principais regiões de produção do abacaxi Smooth Cayenne estão geograficamente muito mais próximas do ETSP da CEAGESP, comparadas às regiões de produção do Pérola, variedade produzida nas regiões norte e nordeste do Brasil", explica a pesquisadora. Entretanto ela ressalta que "a relação entre o volume de comercialização do Smooth Cayenne e de Pérola de 4,5 vezes em 1998, caiu para 0,50 em 2010, passando por 1,0 em 2005 e 2006".
Fabiane destaca que no processo de comercialização do mercado atacadista de frutas e hortaliças existe uma grande variação de valor, no mesmo dia, para o mesmo produto e variedade determinada pela qualidade, frescor e tamanho. "Especificamente, a finalidade desse trabalho foi caracterizar o abacaxi Smooth Cayenne, provenientes dos estados de Minas Gerais e São Paulo, considerado como o ‘mais valorizado' em cada dia de coleta, de acordo com a percepção dos atacadistas da CEAGESP, avaliar a sua conformidade com os aspectos sensoriais, de forma a garantir ao consumidor prazer no momento de consumo e propor medidas de fácil coleta para a caracterização do melhor fruto".
O projeto e resultados
O abacaxi Smooth Cayenne, considerado ‘o mais valorizado' de acordo com a percepção dos atacadistas, foi coletado semanalmente no ETSP da CEAGESP no período de outubro de 2007 a fevereiro de 2009, nos 12 maiores atacadistas, responsáveis por mais de 60% volume de comercialização naquele período. As infrutescências, consideradas ‘as mais valorizadas', foram levadas ao Laboratório de Análises Químicas e Físicas do Centro de Qualidade em Horticultura da CEAGESP para caracterização por medidas não destrutivas (avaliação visual da coloração da casca, tamanho: massa, comprimento e medida da circunferência dos terços apical, mediano e basal) e destrutivas (avaliação visual da translucidez da polpa; firmeza da polpa, teor de sólidos solúveis, acidez titulável, pH, relação entre o teor de sólidos solúveis e a acidez titulável).
A pesquisa demonstrou que o mercado atacadista considera ‘mais valorizado' os frutos com maior tamanho e que a melhor época de compra do abacaxi Smooth Cayenne em relação ao sabor são os meses de novembro e dezembro. Comparando o cultivar Smooth Cayenne de Minas Gerais e de São Paulo, observou-se que os abacaxis mineiros em média apresentam maior teor de sólidos solúveis e maior acidez titulável, entretanto os abacaxis paulistas em média são mais firmes que os mineiros. Não foi possível estabelecer uma boa correlação entre as características internas e externas do abacaxi, ou seja, a avaliação em relação aos aspectos qualitativos de sabor exige a utilização de medidas destrutivas.
Foi desenvolvido um modelo de regressão logística em que a variável resposta indica a probabilidade de um abacaxi ser ‘saboroso' ou não. O modelo, que utilizou as variáveis teor de sólidos solúveis, circunferência da base, comprimento da coroa e firmeza, mostrou efeito significativo para os abacaxis Smooth Cayenne colhido no segundo semestre.
O estudo, financiado pela CEAGESP e pelos atacadistas que forneceram o produto gratuitamente, aponta as possíveis causas da perda de mercado doSmooth Cayenne e as medidas de melhoria da competitividade do produto, através da utilização de características de fácil medição no ambiente agrícola e no mercado atacadista.

A análise estatística dos ensaios foi realizada no Centro de Estatística Aplicada (CEA) do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME/USP). A pesquisa foi orientada pela professora Marta Helena Fillet Spoto, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN) da ESALQ.
Texto: Alicia Nascimento Aguiar (27/10/11)

LIMITE PRÓXIMO


Amazônia está muito próxima de um ponto de não retorno para sua sobrevivência, diz Thomas Lovejoy, da George Mason University, no simpósio internacional FAPESP Week (foto: JVInfante Photography/Wilson Center)

Agência FAPESP 
 A Amazônia está muito próxima de um ponto de não retorno para sua sobrevivência, devido a uma combinação de fatores que incluem aquecimento global, desflorestamento e queimadas que minam seu sistema hidrogeológico.
A advertência foi feita por Thomas Lovejoy, atualmente professor da George Mason University, no Estado de Virgínia, EUA, no primeiro dia do simpósio internacional FAPESP Week, em Washington, nesta segunda-feira.
O biólogo Lovejoy, um dos mais importantes especialistas em Amazônia do mundo, começou a trabalhar na floresta brasileira em 1965, “apenas três anos depois da fundação da FAPESP”, lembrou.
Apesar de muita coisa positiva ter acontecido nestes 47 anos (“quando pisei pela primeira vez em Belém, só havia uma floresta nacional e uma área indígena demarcada e quase nenhum cientista brasileiro se interessava em estudar a Amazônia; hoje esse situação está totalmente invertida”), também apareceram no período diversos fatores de preocupação.
Lovejoy acredita que restam cinco anos para inverter as tendências em tempo de evitar problemas de maior gravidade. O aquecimento da temperatura média do planeta já está na casa de 0,8 grau centígrado. Ele acredita que o limite aceitável é de 2 graus centígrados e que ele pode ser alcançado até 2016 se nada for feito para efetivamente reduzi-lo.
O objetivo fixado nas mais recentes reuniões sobre o clima em Cancun e Copenhague de limitar o aumento médio da temperatura média global em 2 graus centígrados pode ser insuficiente, na opinião de Lovejoy, devido a essa conjugação de elementos.
De forma similar, Lovejoy crê que 20% de desflorestamento em relação ao tamanho original da Amazônia é o máximo que ela consegue suportar e o atual índice já é de 17% (em 1965, a taxa era de 3%).
A boa notícia, diz o biólogo, é que há bastante terra abandonada, sem nenhuma perspectiva de utilização econômica na Amazônia e que pode ser de alguma forma reflorestada, o que poderia proporcionar certa margem de segurança.

Em sua palestra, Lovejoy saudou vários cientistas brasileiros como exemplares em excelência em suas pesquisas. Entre outros, Eneas Salati, Carlos Nobre e Carlos Joly. 

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Lixo espacial: projeto americano prevê reciclagem de satélites


Durante os meses de setembro e outubro, o Apolo11
noticiou duas reentradas de lixo espacial que chamaram
a atenção, mais pelo tamanho das peças do que 
pelas consequências. 
Agora, a agência de projetos de defesa dos EUA 
apresentou finalmente um plano que tentará reciclar esse 
material antes que apresente risco ou seja destruído na
atmosfera.






Batizado de Phoenix, o projeto permitirá a reciclagem
do material que está atualmente em órbita e que segundo 
a DARPA (Projetos de Pesquisa Avançados de Defesa,
dos EUA) está avaliado em cerca de 300 bilhões de dólares.
O maior problema em fazer isso hoje em dia é que o custo 
para se interceptar um satélite em órbita é muito elevado,
o que exigirá o desenvolvimento de novas tecnologias 
robóticas. No entender de David Barnhart, gerente do 
programa Phoenix, serão necessárias novas tecnologias 
de imagens remotas e criação de ferramentas automáticas especiais, 
capazes de prender, cortar e modificar sistemas complexos em pleno 
espaço.
 “Os satélites que estão em órbita não 
foram projetados levando em consideração 
a reciclagem. Não é uma questão de apenas soltar um 
parafuso ou desconectar um painel. As juntas são 
moldadas ou soldadas, o que exige tecnologias que ainda
 não dispomos,mas que será o objetivo do Phoenix", 
explicou o pesquisador.



O objetivo inicial do Phoenix são os satélites 
geoestacionários, 
que orbitam a Terra a 36 mil quilômetros de altitude. 
Quando encerram sua vida útil, muitos desses 
equipamentos são 
colocados em uma órbita conhecida como "cemitério", 
onde
podem permanecer por milhares de anos antes de 
reentrarem na atmosfera. No entanto, muitas 
peças - especialmente as antenas - 
podem sobreviver por muito
mais tempo que a vida útil do satélite e são essas peças 
que deverão ser inicialmente recicladas. Existem centenas 
de satélites nessas condições, esperando que um dia 
possam ceder material que será usado novamente. 



Lixos e Reentradas 

Dos 40 objetos que deverão reentrar na atmosfera nos
próximos 60 dias, 13 são fragmentos restantes da colisão
entre o satélite americano Iridium 33 e o russo Cosmos 
2251, ocorrida em fevereiro de 2009 em pleno espaço. 
A maior parte do lixo é composta de restos de foguetes 
propulsores que foram usados para colocar objetos em 
órbita e que agora estão retornando à Terra. Desde o
 início do ano, 273 satélites ou restos espaciais já
retornaram à Terra, o que dá uma média de um objeto
por dia rompendo nossa atmosfera. Desses, 15 eram 
satélites e 66 consistiam de fragmentos da colisão entre
os satélites Iridium 33 e Cosmos 2251. Por ano, cerca
de 80 toneladas de material espacial retornam à Terra. 
A próxima reentrada que deverá ocorrer é a do foguete
chinês Longa Marcha CZ-3B R/B, prevista para acontecer 
em 30 de outubro. A queda desse artefato pode ser
acompanhada pelo aplicativo SATVIEW, que permite 
o rastreio de inúmeros satélites no espaço. Para seguir 
este e satélite e prever se poderão ser vistos a partir de 
sua cidade, use oSATVIEW Artes: No topo, concepção
artística mostra a quantidade de objetos em órbita da 
Terra e que um dia deverão retornar ao planeta, Na 
sequência, vídeo da DARPA mostra como deverá ser 
o resgate de satélites proposto pelo projeto Phoenix. 

Créditos: ESA, Darpa, Apolo11.com
 "Apolo11.com - Todos os direitos reservados"
http://www.apolo11.com/spacenews.php?titulo=Lixo_espacial_projeto_americano_preve_reciclagem_de_satelites&posic=dat_20111026-095541.inc

Nações Unidas irão apresentar plano para sustentabilidade dos oceanos


DA ONU
Quatro agências das Nações Unidas prepararam um plano para melhorar a governança dos oceanos e tratar questões como pesca predatória, poluição e biodiversidade. O anúncio foi feito hoje (27/10) pela ONU.
O plano Modelo Sustentável para Oceanos e Áreas Costeirasprocura destacar as oportunidades que os países têm ao criar mecanismos institucionais mais eficazes para proteger tanto os oceanos quanto as zonas costeiras. Segundo a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), 70% da superfície da Terra é coberta por oceanos, mas apenas 1% de sua área está protegida. Além disso, 60% dos ecossistemas marinhos mais importantes estão danificados ou super explorados, com efeitos negativos sobre os mangues e recifes de coral.
Estas questões servirão de preparatório para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio +20, em junho do próximo ano, onde os líderes mundiais vão se reunir para avaliar o progresso do desenvolvimento sustentável
O plano foi elaborado conjuntamente pela UNESCO, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a pela Organização Marítima Internacional (OMI), que irão apresentar dez recomendações na próxima terça-feira (1/11) em um evento em Paris. O evento será um dos destaques da  36○ conferência geral da UNESCO.

Populações atingidas por Belo Monte ocupam canteiro e fecham transamazônica


Cerca de 300 indígenas, pescadores e ribeirinhos da bacia do Xingu estão acampados pacificamente, desde a madrugada de hoje, no canteiro de obras de Belo Monte pela paralisação das obras da usina, em Altamira (PA).
Publicado em 27 de outubro de 2011
Por Xingu Vivo
Cerca de 300 indígenas, pescadores e ribeirinhos da bacia do rio Xingu estão acampados pacificamente, desde a madrugada de hoje, no canteiro de obras de Belo Monte para exigir a paralisação das obras da usina hidrelétrica, em Altamira, no Pará.  A rodovia Transamazônica, na altura do quilômetro 50, também foi interditada. O protesto não tem prazo para terminar.
“Diante da intransigência do governo em dialogar e da insistência em nos desrespeitar, ocupamos a partir de agora o canteiro de obras de Belo Monte e trancamos seu acesso pela rodovia Transamazônica. Exigimos que o governo envie para cá um representante com mandado para assinar um termo de paralisação e desistência definitiva da construção de Belo Monte”, diz a declaração dos Povos do Xingu contra Belo Monte.
“Belo Monte só vai sair se cruzarmos os braços. Não podemos ficar calados. Temos que berrar e é agora”, disse Juma Xipaia, liderança indígena Xipaia, uma das etnias afetadas por Belo Monte. “Somos guerreiros e não vamos pedir nada ao governo, mas exigir o que a Constituição nos garante. Nossos antepassados lutaram para que nós estivéssemos aqui. Já foram feitos vários documentos, várias reuniões e nada mudou. As máquinas continuam chegando”.
“É uma vergonha a maneira como nosso próprio governo nos tratou, com contínuas mentiras e negando-se ao diálogo com as comunidades afetadas”, disse Sheyla Juruna, liderança indígena do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, que foi para Washington participar de uma reunião promovida pela Comissão interamericana de Direitos Humanos. “Estou horrorizada por ver como somos tratados em nossa própria terra sem ter sequer o direito de sermos consultados sobre esse horroroso projeto”, acrescentou durante coletiva na sede da OEA. Convocado pela CIDH para se explicar sobre Belo Monte, o governo brasileiro se negou a participar.
Veja abaixo a nota do seminário e da ocupação de Belo Monte

Declaração da Aliança do Xingu contra Belo Monte
“Não permitiremos que o governo crie esta usina e quaisquer outros projetos que afetem as terras, as vidas e a sobrevivência das atuais e futuras gerações da Bacia do Xingu”
Nós, os 700 participantes do seminário “Territórios, ambiente e desenvolvimento na Amazônia: a luta contra os grandes projetos hidrelétricos na bacia do Xingu”; nós, guerreiros Araweté, Assurini do Pará, Assurini do Tocantins, Kayapó, Kraô, Apinajés, Gavião, Munduruku, Guajajara do Pará, Guajajara do Maranhão, Arara, Xipaya, Xicrin, Juruna, Guarani, Tupinambá, Tembé, Ka’apor, Tupinambá, Tapajós, Arapyun, Maytapeí, Cumaruara, Awa-Guajá e Karajas, representando populações indígenas ameaçadas por Belo Monte e por outros projetos hidrelétricos na Amazônia; nós, pescadores, agricultores, ribeirinhos e moradores das cidades, impactados pela usina; nós, estudantes, sindicalistas, lideranças sociais e apoiadores das lutas destes povos contra Belo Monte, afirmamos que não permitiremos que o governo crie esta usina e quaisquer outros projetos que afetem as terras, as vidas e a sobrevivência das atuais e futuras gerações da Bacia do Xingu.
Durante os dias 25 e 26 outubro de 2011, nos reunimos em Altamira para reafirmar nossa aliança e o firme propósito de resistirmos juntos, não importam as armas e as ameaças físicas, morais e econômicas que usaram contra nós, ao projeto de barramento e assassinato do Xingu.
Durante esta última década, na qual o governo retomou e desenvolveu um dos mais nefastos projetos da ditadura militar na Amazônia, nós, que somos todos cidadãos brasileiros, não fomos considerados, ouvidos e muito menos consultados sobre a construção de Belo Monte, como nos garante a Constituição e as leis de nosso país, e os tratados internacionais que protegem as populações tradicionais, dos quais o Brasil é signatário.
Escorraçadas de suas terras, expulsas das barrancas do rio, acuadas pelas máquinas e sufocadas pela poeira que elas levantam, as populações do Xingu vem sendo brutalizadas por parte do consórcio autorizado pelo governo a derrubar as florestas, plantações de cacau, roças, hortas, jardins e casas, destruir a fauna do rio, usurpar os espaços na cidade e no campo, elevar o custo de vida, explorar os trabalhadores e aterrorizar as famílias com a ameaça de um futuro tenebroso de miséria, violência, drogas e prostituição. E repetindo assim os erros, o desrespeito e as violências de tantas outras hidrelétricas e grandes projetos impostos à força à Amazônia e suas populações.
Armados apenas da nossa dignidade e dos nossos direitos, e fortalecidos pela nossa aliança, declaramos aqui que formalizamos um pacto de luta contra Belo Monte, que nos torna fortes acima de toda a humilhação que nos foi imposta até então. Firmamos um pacto que nos manterá unidos até que este projeto de morte seja varrido do mapa e da história do Xingu, com quem temos uma dívida de honra, vida e, se a sua sobrevivência nos exigir, de sangue.
Diante da intransigência do governo em dialogar, e da insistência em nos desrespeitar, ocupamos a partir de agora o canteiro de obras de Belo Monte e trancamos seu acesso pela rodovia Transamazônica. Exigimos que o governo envie para cá um representante com mandado para assinar um termo de paralisação e  desistência definitiva da construção de Belo Monte.
Altamira, 27 de outubro de 2011
(Fotos-fotosIvanCanabrava/Illuminati Filmes)
Fotos disponíveis em alta resolução:
http://dl.dropbox.com/u/17980715/fotos%20belomonte.rar

Créditos das Fotos -  © Ivan Canabrava/ Illuminati filmes

Legendas
bm1 – Caiapó em frente ao canteiro de obras ocupado de belo monte
bm1a – Indígena com arco e flecha em frente a canteiro ocupado
bm2 – Guerreiro indígena pinta o rosto antes da ocupação de Belo Monte
bm3 – Guerreiro indígena pinta o rosto antes da ocupação de Belo Monte
bm4 – Grupo indígena em frente à estrada que dá acesso ao canteiro de obras de Belo Monte
bm5 – Grupo indígena faz pajelança após invasão do canteiro de obras de Belo Monte
bm6 – Indígena manda sms para tribo falando sobre ocupação
bm7 – Caiapós fumam cachimbo após ocupação
bm8 – Índio se pinta no nascer do sol se preparando para a ocupação
bm9 – Indígena observa grupo ocupando canteiro de obras
bm10 – Índio com arma em frente ao canteiro de obras