sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Mutirão Xingu chega na reta final


Divulgação
Foto Mutirão Xingu chega na reta final
O programa, que termina na próxima semana na cidade de Gurupá, no Pará, esteve em Porto de Moz, situado à margem do Rio Xingu, para atender a uma população basicamente de ribeirinhos e de pescadores.





Maria Borba/MMA




Encerra nesta sexta-feira (30/9) a penúltima edição do Mutirão Xingu, programa que faz parte da Operação Cidadania Xingu, um trabalho coletivo entre os governos federal, estadual e municipal em andamento na região de influência da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. O programa, que termina na próxima semana na cidade de Gurupá, esteve quarta e quinta-feira (28 e 29/9) em Porto de Moz, município situado à margem do Rio Xingu, para atender a uma população basicamente de ribeirinhos e de pescadores. Até quarta-feira (28/09) à noite, além de outros documentos pessoais, foram distribuídas mais de 300 carteiras de pescadores.

Diferentemente dos 10 municípios anteriores, em Porto de Moz a população recebeu também atendimento médico clínico, odontológico e farmacêutico, realizado no Bracuí -  um navio-ambulatório da Marinha do Brasil. A expectativa de atendimento de 10% da população em cada localidade superou o esperado. Em todas as cidades nas quais o programa foi realizado esse número foi ultrapassado. O diretor do Departamento de Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Paulo Guilherme, disse que a grande procura "ocorre em virtude do fato de a população enfrentar grande dificuldade para acessar atendimentos públicos para obtenção de documentos nessas regiões", disse.
Segundo ele, a chegada da Operação Cidadania Xingu nessa região revelou a situação de pobreza de uma população de mais de 360 mil habitantes. Um dos municípios que evidenciaram essa situação foi o município de Senador Pedro Porfírio. Dos 11 municípios que participaram até agora da operação, ele apresentou o maior número de atendimentos. A previsão do Governo Federal era prestar serviço a 10% da população da cidade, mas esse número superou o esperado: houve 36% de atendimento a pessoas que buscaram os serviços do Mutirão Xingu para tirar documentos pessoais e solucionar situações irregulares pendentes com o governo.
Com uma população de 13.045 habitantes basicamente rural, segundo Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os mais de 4.800 atendimentos se referiram à obtenção de documentos pessoais e à regularização fundiária. Os habitantes de Senador Pedro Porfírio receberam também atendimento médico, mas o navio da Marinha não conseguiu atracar na cidade em virtude da seca na região. A equipe de médicos deslocou-se até a cidade e conseguiu executar a sua tarefa. Contudo, o PrevBarco, agência flutuante do INSS, conseguiu chegar à cidade e integrar-se ao mutirão.
O município Senador Pedro Porfírio foi atendido duas vezes em razão de uma peculiaridade: ele tem uma descontinuidade territorial em virtude da presença de outro município que o divide em duas partes. A parte sul foi atendida em um dos primeiros mutirões, quando a equipe dos governos atuaram em Assurini. A parte norte foi atendida no mutirão nos dias 22 e 23 de setembro.
ASCOM

Pacamã, espécie do Rio São Francisco, ganha estudo especial do Laboratório de Aquacultura


NOTICIAS DA UFMG
O pacamã (nome científico: Lophiosilurus alexandri) é um peixe típico da bacia do rio São Francisco. Com alto rendimento de filé e sem espinhos intramusculares, sua carne é bastante apreciada. Sua reprodução se dá através de desovas parceladas, o que significa que acontecem várias vezes durante um ciclo reprodutivo. Estes motivos, aliados à escassez de publicações científicas sobre a espécie, levaram pesquisadores do Laboratório de Aquacultura (Laqua) da Escola de Veterinária da UFMG a buscar conhecer mais sobre o peixe, estudando sua reprodução e manejo.
O primeiro lote de pacamãs chegou à Escola no mês de setembro de 2009 e novos lotes continuaram sendo trazidos. Como explica o professor Ronald Kennedy Luz, que coordena as pesquisas, eles são capturados diretamente do rio e colocados nos tanques do Laqua para serem estudados.
“Este ano fizemos uma boa captura, trouxemos 20 animais em janeiro e, em julho, eles já começaram a desovar. Isso para nós já é uma vantagem, conseguimos fazer a desova durante o período de inverno por termos, no laboratório, fatores ambientais controlados, como temperatura, luz e oxigênio”. De acordo com o professor, a reprodução na natureza só tem início entre os meses de setembro e outubro. Já no Laqua, aconteceram, desde julho, 10 desovas.
Em laboratório, todo o processo reprodutivo dos animais pode ser acompanhado. Colocados em tanques, machos e fêmeas se reproduzem e realizam a desova, que é recolhida pelos pesquisadores e levada à incubação artificial, processo que dura até a eclosão do ovo. As larvas, ao nascerem, passam um período vivendo de seu alimento interno, chamado vitelo, e depois são alimentadas com microcrustáceos (artêmia) durante 15 dias. É após este processo que se inicia o que se chama de condicionamento alimentar.
Segundo Ronald, o Pacamã é uma espécie carnívora. “É preciso realizar uma fase de treinamento para evitar o canibalismo, que é um problema comum. Seria economicamente inviável alimentar os peixes com outros peixes vivos durante a engorda”, esclarece. Durante esta fase, os animais passam por um período de alimentação semiúmida e, gradualmente, é introduzida a ração seca comercial.
O trabalho de acompanhamento da reprodução dos animais busca entender o comportamento e os parâmetros reprodutivos da espécie. Além disso, os animais já treinados, que comem ração, permitem estudos sobre qual a melhor densidade de alimento a ser fornecido, a frequência de alimentação, a quantidade de ração necessária, densidade de estocagem, temperatura da água e outros fatores relacionados ao manejo.

Nova linha
Organismos juvenis produzidos no laboratório também serão, a partir de agora, objeto de uma nova linha de pesquisa, voltada a seus aspectos nutricionais, digestibilidade e níveis de proteína e energia. Essas pesquisas pretendem perceber se os animais conseguem adquirir peso comercial em tempo razoável, analisar sua viabilidade econômica. “Quando tivermos um pacote tecnológico, que já existe para os estágios iniciais de vida da espécie, vamos tentar colocar isso no mercado para o produtor rural, para que se possa começar a produzir o pacamã a nível comercial”.
As pesquisas têm sido reconhecidas e rendem bons resultados. Em julho de 2011, o resumo “Frequência alimentar para juvenis de Lophiosilurus alexandri” foi apresentado durante a III Conferência Latino-americana sobre Cultivo de Peixes Nativos, em Lavras, e ficou em terceiro lugar na categoria de mérito científico na área de nutrição e alimentação de peixes nativos. O trabalho foi feito por André Eduardo Heringer Santos, em coautoria com Reinaldo Melillo Filho, Walisson de Souza e Silva, Lucas Alves Rodrigues, Edgar de Alencar Teixeira e Ronald Kennedy Luz.
Os estudos sobre o pacamã são realizados em parceria com outros laboratórios, como, por exemplo, o Laboratório de Genética e o Laboratório de Patologia Clínica, com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e a PUC Minas. No projeto estão envolvidos 10 bolsistas, entre iniciação científica (graduação), mestrado, doutorado e pós-doutorado, e financiamento da Fapemig e do CNPq.
(Assessoiria de Comunicação da Escola de Veterinária)

ONU quer mais investimento em ecoturismo para preservar florestas


Organização Mundial do Turismo, OMT, diz que um setor sustentável pode ajudar a gerar empregos e renda além de proteger ecossistemas regionais; grupo de agências alerta para riscos dos exageros de turismo em massa.


Turismo ecológico ajuda florestas e comunidades locais
Victor Boyadjian, da Rádio ONU em Nova York*
O ecoturismo organizado tem potencial para gerar renda em comunidades e proteger ecossistemas salvando florestas ameaçadas.
A declaração foi feita pelo diretor-geral da Organização Mundial do Turismo, OMT, Taleb Rifai.  A OMT ao lado de mais 13 organizações internacionais forma a iniciativa  Parceria Colaborativa sobre Florestas.
Investimentos
Uma outra agência da ONU que participa do grupo é a Organização para Agricultura e Alimentação, FAO. De acordo com dados da ONU, 95% da renda gerada pelo ecoturismo ficam nas mãos de comunidades locais.

Este volume cai para 20% quando os pacotes são oferecidos por grandes empresas que absorvem a maior parte do lucro ao lado de empresas aéreas e redes hoteleiras.
Técnicos da FAO defendem o potencial do ecoturismo para beneficiar comunidades pobres. Nos últimos anos, a agência destinou US$ 18 milhões, equivalentes a mais de R$ 31 milhões, para estimular o desenvolvimento deste tipo de atividade nas ilhas do Pacífico.
Segundo a ONU, experiências semelhantes foram feitas no Egito, na Tunísia, no Laos e nas Filipinas.
Desta forma, o ecoturismo pode motivar a população local a preservar o meio ambiente.
Turismo em Massa
A Organização Mundial do Turismo afirma que toda a indústria turística movimentou no mundo US$ 1 trilhão no ano passado.
Dados da OMT revelam que o turismo ecológico vem crescendo num ritmo duas a três vezes superior ao turismo convencional.
A agência também recebeu relatos sobre empresas que exploram o turismo regional, causando problemas nas comunidades locais e impacto ambiental.
*Apresentação: Luisa Leme.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

III Whale Watch Instituto Sea Shepherd Brasil e Apecatu Expedições em Abrolhos



Por Sofia Graça Aranha e Caio Faro, biólogos voluntários do Instituto Sea Shepherd Brasil, Núcleo Estadual Rio de Janeiro
No dia 16 de setembro de 2011, pela terceira vez em dois anos, voluntários do núcleo carioca do Instituto Sea Shepherd Brasil (ISSB) saíram em expedição no trawler Titan e no catamarã Netuno, com admiradores da vida marinha para uma viagem de Whale Watching, ou avistamento de Baleias, em Abrolhos (BA), em parceria com a empresa de turismo Apecatu Expedições.

Foto: Márcio Lisa/Txai

Foto: Márcio Lisa/TxaiFoto: Márcio Lisa/ Txai

Foto: Márcio Lisa/ Txai
Foto: Márcio Lisa/ Txai
Todos os anos as baleias da espécie Jubarte (Megaptera novaeangliae) voltam à região de Abrolhos com a finalidade de procriar.

Foto: ISSB/RJ
Foto: ISSB/RJ

Foto: ISSB/RJ
Foto: ISSB/RJ
 Durante quatro dias, nem o mau tempo, nem o mar agitado, desanimaram os participantes, dentre os quais estavam o Coordenador da Sea Shepherd Argentina, Fernando LaBaronnie, mergulhadores amadores e profissionais da escola Acquadventures de Ilhabela (SP), e também a presença especial de Richard Rasmussen, apresentador do programa “Aventura Selvagem” do canal SBT, e de sua equipe de fotógrafos e cinegrafistas profissionais que foram gravar uma matéria sobre a expedição e documentar nossas palestras e ações no arquipélago. Todos puderam apreciar as Jubartes que se fizeram presente durante toda travessia Caravelas/Abrolhos/Caravelas.

Foto: Márcio Lisa/ Txai
Foto: Márcio Lisa/ Txai
 “Como o homem só preserva aquilo que ama e só se ama o que se conhece, nós oferecemos essa oportunidade para as pessoas, conduzindo um trabalho de educação ambiental mostrando os animais em seu habitat natural, diferente dos aquários e parques aquáticos, explicando a razão desses animais escolherem a região para reprodução e cuidado parental (no caso das baleias) e a importância do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos para esta e outras espécies marinhas, contribuindo na conservação das espécies”, comentou a bióloga Sofia Graça Aranha.
Sofia Graça Aranha, Richard Rasmussen e Caio Faro. Foto: Márcio Lisa/ Txai
Sofia Graça Aranha, Richard Rasmussen e Caio Faro. Foto: Márcio Lisa/ Txai
No dia 17 de setembro, foi comemorado o Clean Up the World, evento mundial que une cerca de 130 países na limpeza de praias e regiões costeiras, onde os participantes realizaram uma limpeza subaquática em volta da Ilha de Santa Bárbara.

Foto: Márcio Lisa/ Txai
Foto: Márcio Lisa/ Txai

Foto: Márcio Lisa/ Txai
Foto: Márcio Lisa/ Txai
Felizmente coletamos pouco lixo no local, apesar de nos ter chamado a atenção encontrar um arpão e também uma limpeza em terra, na Ilha da Siriba, onde foi encontrada uma maior quantidade de lixo, que não necessariamente é produzido ali, mas que também é trazido pelas correntes marinhas.
Foto: Eliane Comenda
Foto: Eliane Comenda
A equipe do Instituto Sea Shepherd Brasil exibiu o filme The Cove, ganhador do Oscar de melhor documentário em 2010, e na última noite foram realizadas duas pequenas palestras, sendo a primeira palestra sobre os cetáceos da região e a segunda palestra sobre a exploração de petróleo próximo ao Parque Nacional Marinho de Abrolhos.

Caio Faro, Fernando LaBaronnie e Sofia Graça Aranha. Foto: Eliane Comenda
Caio Faro, Fernando LaBaronnie e Sofia Graça Aranha. Foto: Eliane Comenda
Hoje em dia, o nosso país possui apenas dois Parques Nacionais Marinhos: Abrolhos e Fernando de Noronha. Abrolhos foi o primeiro Parque Nacional Marinho do Brasil, fundado em 1983, e possui a maior biodiversidade do Atlântico Sul. É único lugar no mundo onde são encontradas as formações coralíneas chamadas de “Chapeirões”. É o principal ponto reprodutivo do Atlântico Sul de baleias Jubartes, onde todos os anos, entre o período de junho a novembro, há a reunião de mais de nove mil delas.
Abrolhos possui importantes espécies de fauna e flora endêmicas, e também espécies ameaçadas de extinção (mais de 45 espécies ameaçadas). Abrolhos sozinho é responsável por 10% do percentual pesqueiro do país
A exploração de petróleo próximo ao Parque Nacional Marinho de Abrolhos pode trazer conseqüências mesmo antes de começar, uma vez que, para definir os locais de perfuração, são feitas sondagens sísmicas que interferem diretamente no modo de vida dos cetáceos, que utilizam da fermaneta de ecolocalização, o que afastaria esses animais dessa área fazendo com que estes procurem outras áreas para realizar tal atividade.
Após a implantação dos poços, existe um grande receio de que ocorra um vazamento como o acontecido no ano passado, no Golfo do México.
O Instituto Sea Shepherd Brasil é a favor da implantação da zona de amortecimento sugerida pela ONG Conservação Internacional, que realizou um estudo bem embasado na região em 2005, provando que esta zona teria que ser de no mínimo 92.000 km² ao redor do Parque, uma área equivalente ao tamanho de Portugal. Só para se ter uma idéia, a área atingida pelo acidente da BP no Golfo do México foi três vezes maior do que essa área sugerida.

Florestas enriquecidas


da ESALQ



Rodovias, anéis viários, aeroportos, praças esportivas e uma série de intervenções urbanísticas representam obras de infra-estrutura promovidas a partir de desmatamentos legalizados. No entanto, o aproveitamento dessas áreas a partir do resgate de mudas destinadas à restauração de mata ciliar (APP) e Reservas Legais previstas no Código Florestal hoje em vigor ainda é algo recente. "Esse tipo de ação barateia custos e aumenta as possibilidades de restauração em todo o Brasil", comenta Sergius Gandolfi, professor do Departamento de Ciências Florestais (LCB), da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ).


Em um dos trabalhos orientados por Gandolfi, a bióloga Milene Bianchi dos Santos avaliou a eficiência de diferentes métodos de enriquecimento, como a transferência de plântulas da regeneração natural para produção e introdução de mudas de espécies de sub-bosque em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual em processo de restauração no Estado de São Paulo. Inserida no programa de pós-graduação em Recursos Florestais, a pesquisadora atuou em uma área no município de Santa Bárbara d'Oeste (SP). "O enriquecimento dessas áreas por meio da introdução de diferentes espécies, formas de vida e grupos funcionais busca acelerar o restabelecimento da complexidade estrutural e funcional a fim de perpetuar o fragmento", explica a bióloga.
O estudo segue uma nova linha de pesquisa realizada no Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal (LERF) para o desenvolvimento de técnicas de intervenção e manejo em áreas em processo de restauração Na prática é feita uma coleta de material antes do desmatamento, as plântulas são levadas para o viveiro para a formação de mudas e plantadas em campo para o enriquecimento de uma área. "Este trabalho pode gerar subsídios para elaboração de políticas públicas visando a coleta deste material como medidas compensatórias e mitigadoras para o licenciamento ambiental de grandes empreendimentos", comenta a pesquisadora.
Transferência de mudas - Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o trabalho observou que a comunidade de plântulas encontrada na área que seria desmatada representou uma fonte importante de plântulas para a produção de mudas com elevada diversidade regional e diferentes formas de vida. Foram coletadas plântulas de uma floresta nativa no município de Guará/SP (próximo à Franca) que seria legalmente suprimida e, em seguida, transferidas para o viveiro para a produção de mudas.
Posteriormente, mudas de vinte espécies foram plantadas no fragmento de floresta em Santa Bárbara e apresentaram elevadas taxas de sobrevivência. Nesta mesma área foi realizado o plantio de plântulas e mudas de espécies de sub-bosque produzidas em viveiro. Foram plantadas sete espécies de plântulas e dez espécies de mudas na entrelinha do plantio original, que durante o período de avaliação apresentaram elevadas taxas de sobrevivência. "A produção de mudas a partir das plântulas coletadas possui a fase inicial de viveiro como a fase mais crítica em relação à sobrevivência (60%), mas está dentro da faixa de resultados já observados e ainda possui a vantagem de suprimir fases desconhecidas para a maioria das espécies, como a fase de germinação e estabelecimento inicial. O plantio de plântulas e mudas de espécies de sub-bosque para o enriquecimento de áreas em processo de restauração demonstrou ser viável pela elevada sobrevivência em campo, acima de 90%", conclui.


Texto: Caio Albuquerque
26.09.2011




Mudas produzidas a partir da coleta de plântulas em uma Floresta Estacional Semidecidual em Guará (SP)
Crédito: Milene Bianchi dos Santos




Floresta Estacional Semidecidual em Santa Bárbara d'Oeste (SP) após dez anos do plantio com 80 espécies, observa-se pouca regeneração natural na entrelinha do plantio e necessidade de enriquecimento
Crédito: Milene Bianchi dos Santos




Floresta Estacional Semidecidual em Santa Bárbara d'Oeste (SP) após o plantio de 800 mudas na entrelinha do plantio original com 30 espécies de diferentes formas de vida visando o enriquecimento da área em processo de restauração
Crédito: Milene Bianchi dos Santos

Juiz do Pará manda suspender obras da hidrelétrica de Belo Monte

Luana LourençoAgência Brasil
A Justiça Federal determinou a paralisação imediata das obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). A decisão da 9ª Vara Federal, especializada no julgamento de causas ambientais, atende a uma ação da Associação dos Criadores e Exportadores de Peixes Ornamentais de Altamira (Acepoat), que argumentou que o desvio do rio para construção da barragem pode prejudicar cerca de mil famílias que dependem da pesca.

O juiz federal Carlos Eduardo Castro Martins proibiu o Consórcio Norte Energia S.A. (Nesa), responsável pela obra, de fazer qualquer alteração no leito do Rio Xingu, como “implantação de porto, explosões, implantação de barragens, escavação de canais, enfim, qualquer obra que venha a interferir no curso natural do Rio Xingu com consequente alteração na fauna ictiológica [dos peixes].” Segundo o juiz, a escavação de canais e a construção de barragens “poderão trazer prejuízos a toda comunidade ribeirinha que vive da pesca artesanal dos peixes ornamentais”.

De acordo com a ação da Acepoat, com a construção da usina, as atividades dos pescadores só poderiam ser retomadas definitivamente em 2020, prazo que o juiz não considerou razoável por se tratar, em alguns casos, de atividade de subsistência.


A multa por descumprimento da liminar foi fixada pelo juiz em R$ 200 mil por dia. O consórcio responsável pela obra e a União podem recorrer da decisão no Tribunal Regional Federal da 1ª Região. A liminar não atinge a construção do canteiro de obras e dos alojamentos para os trabalhadores do consórcio, que estão em curso. Segundo o juiz, essas obras preparatórias não interferem na navegação e na atividade pesqueira no Rio Xingu.
imagens do google

O futuro da Amazônia



Cientistas sul-americanos e europeus iniciam pesquisa para prever os impactos do desflorestamento e das mudanças climáticas na floresta amazônica (Nasa)


Agência FAPESP – Cientistas de 14 instituições de pesquisa europeias e sul-americanas – incluindo o Brasil, a Bolívia, a Colômbia e o Peru – iniciaram um novo e ambicioso programa de pesquisa para prever o que poderá ocorrer com a Amazônia ao longo das próximas décadas.

Intitulado Amazalert, o projeto tem como objetivo testar previsões que sugerem que, sob contínuas mudanças climáticas e desflorestamento, as florestas da região amazônica poderão estar vulneráveis a degradação em diversos aspectos, como no clima, águas e comunidades.
O programa pretende avaliar o quanto essas previsões são prováveis e, em caso positivo, antecipar onde, como e quando isso deve acontecer. O orçamento é de 4,7 milhões de euros, financiados conjuntamente pelo European 7th Framework Programme e por organizações nacionais.

A equipe é liderada pelos pesquisadores Bart Kruijt, da Universidade de Wageningen, nos Países Baixos, e Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), membro da Coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. 


Os cientistas estudarão um possível sistema que detecte sinais de degradação de grandes dimensões na floresta, e que inclui um sistema de alerta caso uma situação de perda de floresta irreversível pareça provável.
O Amazalert também avaliará impactos e efetividade de políticas públicas e medidas para a prevenção da degradação da Amazônia. Serão reunidas informações disponíveis em trabalhos anteriores sobre clima regional, sensibilidade das florestas e ciclo da água, desflorestamento, os impactos sobre as leis e respostas aos impactos na bacia amazônica.

Os pesquisadores explorarão em detalhes observações resultantes de programas como o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) e simulações de mudanças climáticas globais, conduzidas pelos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
O projeto também pretende melhorar a compreensão do papel do fogo, e como a população, agricultura e governos poderão responder às mudanças do clima e do meio ambiente.
Segundo a equipe do programa, também serão envolvidos diretamente representantes de instituições e governamentais para que suas perspectivas sejam incluídas na modelagem e para auxiliar no desenvolvimento de um modelo para um sistema de alerta.
Dentro de três anos, o projeto deverá fornecer um conjunto de ferramentas aprimoradas para avaliar e assessorar as tomadas de decisão na gestão futura da região amazônica, incluindo formas de monitorar o funcionamento da Amazônia para evitar mudanças irreversíveis em seus serviços ambientais.
A reunião inaugural do projeto ocorrerá entre 3 e 5 de outubro no Inpe, em São José dos Campos.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

OMS reúne dados da qualidade do ar em mais de mil cidades grandes


Levantamento mostra níveis perigosos da quantidade de partículas poluentes no ar de países em desenvolvimento; especialista sugere soluções que já deram certo no mundo desenvolvido.


OMS afirma que processo de industrialização ainda são os mais nocivos à saúde



Victor Boyadjian, da Rádio ONU em Nova York*
Apesar do desenvolvimento tecnológico, cidades em processo de industrialização continuam sendo as mais nocivas à saúde da população.
A afirmação é da Organização Mundial da Saúde, OMS, após uma pesquisa sobre a qualidade do ar em 1,1 mil cidades grandes pelo mundo. O estudo foi feito em municípios com mais de 100 mil habitantes em 91 países.
Desafio dos Emergentes
O coordenador do Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, Carlos Dora, disse à Rádio ONU, de Genebra, que a queima de combustível de baixa eficiência ainda é responsável pelo risco à saúde. Ele aponta que países emergentes são os que atualmente mais expõem a população à fumaça tóxica.
“Hoje são mais poluídos os países asiáticos e africanos. A América Latina está numa posição intermediária. É um problema de quem está se industrializando e uma indicação dos custos para a saúde que esta industrialização está tendo”, explica.

Na América Latina há pelo menos oito países em condições mais graves que o Brasil. A Bolívia lidera o ranking regional da pior qualidade do ar.
Dora lembra que algumas nações já enfrentaram o problema, no passado. Ele acrescenta que já existem políticas capazes de melhorar a qualidade do ar nas cidades grandes.
“A lei do ar limpo na Inglaterra, por exemplo, é dos anos 60. Medidas, de tranporte, de produção de energia elétrica, de calefação para resolver o problema da poluição. E hoje estes países são limpos ou relativamente limpos”, descreve.
Os números de partículas poluentes no ar da Inglaterra ou de Portugal, são quase metade da média registrada em toda a América Latina.





Riscos à saúde
A OMS estima que a cada ano 2 milhões de pessoas sejam vítimas fatais de doenças causadas pela poluição do ar.
Os dados apresentados no levantamento são baseados em padrões da OMS para calcular emissão de certos tipos de poluentes, que pelo tamanho da partícula ameaçam o sistema respiratório humano. Espaços com mais de 20 microgramas de partículas por metro cúbico são considerados nocivos.
Em algumas cidades a média de partículas está em torno de 300 por metro cúbico.
*Apresentação: Luisa Leme.