quinta-feira, 23 de setembro de 2010

INDÚSTRIAS DE COSMÉTICOS DESCOBREM A AMAZÔNIA



Produtos do Polo Biocosmético do AM são referência no mercado internacional

Produtos amazônicos têm potencial para biocosméticos (Foto: Divulgação)

Em razão das grandes distâncias que a região ostenta, da falta de infraestrutura adequada e dos problemas de estocagem das matérias-primas provenientes da biodiversidade amazônica, as indústrias do Polo Biocosmético do Amazonas encontram dificuldades para que os produtos se firmem no mercado de cosméticos, mesmo com a boa aceitação desses produtos. 


Com o objetivo de entender este processo e encontrar alternativas para mudar este quadro, a professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Kátia V. Cavalcante desenvolveu a  pesquisa “A Amazônia como apelo de mercado e estoque de matéria-prima para a indústria de biocosméticos: ficção ou realidade?”, que, entre outras alternativas, apresenta a possibilidade de criação de cooperativas no interior do Estado como solução para o problema.   

Para a pesquisadora, os resultados do trabalho permitem que sejam avaliados pontos como o uso da biodiversidade e a marca “Amazônia” no mercado mundial, bem como possibilita o direcionamento de esforços para uma solução dos problemas identificados. “No cenário atual, de economia globalizada, a biodiversidade amazônica, aliada a pesquisa e tecnologia, pode agregar valor à produção regional, uma vez que a marca Amazônia é um referencial aos produtos da região que os torna competitivos no mercado internacional”, destacou.
Destaque
Com o auxílio do Programa de Apoio à Participação em Eventos Científicos e Tecnológicos (PAPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), a pesquisa será apresentada no XXX Encontro Nacional de Engenharia de Produção, que acontece no mês de outubro deste ano, na cidade de São Carlos/SP. 

Cavalcante acredita que recente discussão a respeito do tema mostrou que a pesquisa é uma das primeiras a abordar a questão, dentro do foco a que se propõe. Ela destaca sua peculiaridade, no sentido de ampliar o debate teórico para encontrar caminhos mais estreitos entre a academia, a iniciativa empresarial e o setor público amazonense. 

“Os métodos e técnicas desenvolvidos foram procedimentos estatístico, como a aplicação de questionários quantitativos e qualitativos. A coleta e o tratamento aplicado aos dados da pesquisa envolvem estudos comparativos a partir dos quais vamos averiguar as percepções dos entrevistados quanto às potencialidade do Polo Industrial de Manaus para este setor”, explicou.

Etapas

Numa primeira etapa, a pesquisa envolveu a elaboração preliminar da metodologia aplicada e dos objetivos a serem alcançados. Consequentemente, o processo de literatura permitiu o entendimento e o aprofundamento dos conceitos que orientaram o estudo. Na terceira etapa, a pesquisadora realizou visitas, observações, entrevistas e coleta de dados por meio de questionários estruturados. Na penúltima etapa, foi realizada a análise do material coletado e discussão dos resultados obtidos e, por fim, a quinta etapa, a construção do trabalho científico.

Durante a pesquisa, Cavalcante encontrou algumas limitações que precisaram ser enfrentadas para um melhor resultado final. Ela explicou a dificuldade de encontrar as fontes para pesquisa, como a falta de uma literatura específica e trabalhos científicos.
“As pesquisas de caráter acadêmico-científicas ainda são imperceptíveis ao público em geral no Brasil, isso se deve ao pequeno quantitativo da população que tem acesso à formação acadêmica  lato ou stricto sensu.  Esse cenário inibe a participação e colaboração dos entrevistados para a realização de pesquisas estatísticas”, completou a pesquisadora. 

Segunda ela, atualmente, busca-se para o Amazonas uma alternativa para que o processo de crescimento e desenvolvimento econômico deixe de ser exógeno (de origem externa) e transforme-se em endógeno (de dentro para fora), ou seja, sem depender de ações e atividades externas como o PIM. Para tanto, torna-se necessária a identificação de uma vocação regional que possibilite o enraizamento de seu processo produtivo e que, ao se beneficiar de incentivos fiscais demande uma cadeia produtiva que utilize matéria-prima e tecnologia integralmente regional. “O Amazonas é apontado como o local ideal para o desenvolvimento econômico e turístico pelos institutos locais e pelo apelo de marketing da marca “Amazônia”, finalizou.

Sobre o PAPE

O programa consiste em apoiar, com passagens aéreas, pesquisadores e estudantes de graduação ou pós-graduação, para apresentarem trabalhos em eventos científicos e tecnológicos nacionais e internacionais.

Sebastião Alves – Agência Fapeam


Este texto pode ser lido em http://www.fapeam.am.gov.br/noticia.php?not=4539