202 199x300 Meu dinheiro em nuclear? Não, obrigadoGilvan Barreto / Greenpeace
Protesto do Greenpeace contra os investimentos do Governo Federal na construção de Angra 3 em frente da sede da Eletrobrás. Rio de Janeiro, 24 de março de 2008.
BNDES mantém plano de investimento na construção da usina Angra 3, quando poderia financiar projetos de energia renovável.


O Greenpeace enviou carta ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pedindo que a instituição suspenda o financiamento de R$ 6 bilhões para a construção da usina nuclear de Angra 3, no Rio de Janeiro.
O dinheiro, que pertence a todos os brasileiros, está empenhado no término de uma obra que traz riscos à população. O governo alemão, fiador do projeto, já suspendeu o empréstimo de R$ 3 bilhões que faria  ao empreendimento – uma ação coerente com sua decisão de repensar a escolha por energia nuclear após o grave acidente ocorrido em Fukushima, no Japão – até que a segurança de Angra 3 seja atestada. Os alemães vão aguardar sentados.
O acordo firmado entre Brasil e Alemanha para os projetos nucleares em Angra data de 1975 e os quesitos de segurança e o tipo de tecnologia para as usinas, da década de 1980. O programa nuclear brasileiro parou no tempo. Se avançou em algum ponto foi apenas no descaso com a segurança.
A Eletronuclear admite que o lixo atômico produzido em duas décadas de operação nuclear em Angra dos Reis até hoje não tem um descarte seguro. A usina de Angra 2 funciona sem a autorização definitiva da Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e com um plano de evacuação falho, em uma área sensível a eventos extremos, como deslizamentos de terra. A licenciamento ambiental de Angra 3 está cheio de furos e irregularidades.
“O BNDES, como gestor do dinheiro dos brasileiros, deveria fazer a opção inteligente por investir em fontes renováveis de energia, em vez de financiar um poço de insegurança como Angra 3”, afirma Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de energia do Greenpeace. “Beira o crime manter planos de investimento na energia nuclear em solo brasileiro enquanto todo o mundo repensa tal escolha.”
Há um mês, um terremoto de 9 pontos na escala Richter, seguido de um tsunami, matou quase 13 mil pessoas, deixou outras 14 mil desaparecidas até agora e provocou o pior acidente nuclear visto pelo Japão. Três explosões em usinas nucleares na cidade de Fukushima levaram ao vazamento de radiação. Solo, água e ar foram contaminados e cerca de 1 milhão de pessoas estão sob ameaça.
Hoje, o governo japonês aumentou a área de evacuação de 20 para 30 quilômetros de raio, após o Greenpeace apresentar resultados de uma análise da radioatividade encontrada na região próxima das usinas.
*Publicado originalmente no site do Greenpeace.
(Greenpeace)