Cientistas da Argentina e Estados Unidos descobre, na Cordilheira dos Andes, o mais antigo dinossauro carnívoro: o pequeno Eodromaeus existiu no início da era dos grandes répteis. Estudo foi publicado na Science (Foto: Divulgação)
Alvorecer dos dinossauros
Agência FAPESP
Uma equipe de paleontólogos e geólogos da Argentina e os Estados Unidos anunciou a descoberta de um dinossauro percorria a América do Sul em busca de presas no início da era dos grandes répteis, há cerca de 230 milhões de anos.
Com cauda e pescoço compridos, pesando entre 4 e 7 quilos, o novo dinossauro foi batizado como Eodromaeus, o "corredor do alvorecer". O estudo que descreve a descoberta foi publicado na edição desta sexta-feira (14/1) da revista Science.
De acordo com Paul Sereno, paleontólogo da Universidade de Chicago, trata-se do mais antigo dinossauro conhecido na longa linha de carnívoros que iria culminar com o Tyrannosaurus rex, no fim do período dos grandes répteis. "Quem poderia prever que a evolução tinha reservado para os descendentes desse pequeno e veloz predador?” disse Sereno.
O grupo de cientistas descreveu um esqueleto quase completo da nova espécie, com base na rara descoberta de dois indivíduos encontrados lado a lado. O artigo apresenta uma nova visão do alvorecer da era dos dinossauros – um período-chave que tem recebido menos atenção que a fase de desaparecimento dos grandes répteis. “É um período mais complexo do que se supunha”, disse Sereno.
Situado no pitoresco sopé da Cordilheira dos Andes, o local da descoberta é conhecido como Vale da Lua, segundo o autor principal do artigo, Ricardo Martinez, da Universidade Nacional de San Juan, na Argentina.
“Duas gerações de trabalhos de campo no local resultaram na melhor – e única – visão que temos do nascimento dos dinossauros. Com uma caminhada através do vale, é possível literalmente passear sobre o cemitério dos primeiros dinossauros”, disse Martinez.
A área já foi uma grande fenda no extremo sudoeste do supercontinente Pangea. Sedimentos cobriram os esqueletos durante um período de cinco milhões de anos, acumulando eventualmente uma espessura de mais de 700 metros.
Vulcões associados com a nascente Cordilheira dos Andes ocasionalmente expeliam cinzas vulcânicas no vale, permitindo que a equipe utilizasse elementos radioativos presentes nas camadas de cinza para determinar a idade dos sedimentos.
“Os radioisótopos – que funcionam como nossos relógios nas rochas – não apenas situaram a nova espécie no tempo, há cerca de 230 milhões de anos, mas também nos deram uma perspectiva sobre o desenvolvimento desse vale tão importante”, disse Paul Renne, diretor do Centro de Geocronologia de Berkeley, na Califórnia (Estados Unidos). “Cerca de 5 milhões de anos estão representados nessas camadas, de um lado até o outro”, afirmou.
Nas rochas mais antigas, o Eodromaeus viveu lado a lado com o Eoraptor, um dinossauro herbívoro de tamanho semelhante que Sereno e sua equipe descobriram no vale em 1991. Os descendentes do Eoraptor incluiriam eventualmente os saurópodes, um grupo de dinossauros gigantes, quadrúpedes, de pescoço longo.
O Eodromaeus, com dentes caninos tão afiados como suas garras, é o precursor dos carnívoros conhecidos como terápodes e, eventualmente, das aves. “Estamos tentando montar um retrato da vida dos dinossauros mais primitivos. Sua trajetória evolutiva é cheia de desdobramentos, mas naquele ponto, eles eram na verdade bem semelhantes”, disse Sereno.
As questões mais difíceis relacionadas ao alvorecer da era dos dinossauros incluem, segundo os pesquisadores, o que lhes teria dado vantagem em relação aos competidores e com que rapidez eles conseguiram estabelecer seu predomínio. Na época do Eodromaeus, outros tipos de répteis superavam os dinossauros, como os rincossauros, semelhantes a lagartos e outros répteis semelhantes aos mamíferos.
Os autores registraram milhares de fósseis desenterrados no vale para descobrir, como observou Martinez, que “os dinossauros levaram tempo para dominar o cenário”. Seus competidores ficaram para trás sucessivamente ao longo de milhões de anos.
Nas falésias no extremo do vale, dinossauros maiores – herbívoros e carnívoros – evoluíram para tamanhos várias vezes maiores que o do Eoraptor e do Eodromaeus, mas só mais tarde eles dominariam todos os habitats terrestres, nos períodos jurássico e cretáceo.
“A história desse vale sugere que não foi apenas uma determinada vantagem ou um golpe de sorte único o que teria garantido o domínio dos dinossauros, mas sim um longo período de experimentação evolucionária à sombra de outros grupos”, disse sereno.
Outros pesquisadores envolvidos com o estudo investigaram as mudanças climáticas e outras condições através das camadas do vale. “A era dos dinossauros está ficando em evidência”, disse Martinez.
O artigo A Basal Dinosaur from the Dawn of the Dinosaur Era in Southwestern Pangaea, de Ricardo Martinez e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org .
Uma equipe de paleontólogos e geólogos da Argentina e os Estados Unidos anunciou a descoberta de um dinossauro percorria a América do Sul em busca de presas no início da era dos grandes répteis, há cerca de 230 milhões de anos.
Com cauda e pescoço compridos, pesando entre 4 e 7 quilos, o novo dinossauro foi batizado como Eodromaeus, o "corredor do alvorecer". O estudo que descreve a descoberta foi publicado na edição desta sexta-feira (14/1) da revista Science.
De acordo com Paul Sereno, paleontólogo da Universidade de Chicago, trata-se do mais antigo dinossauro conhecido na longa linha de carnívoros que iria culminar com o Tyrannosaurus rex, no fim do período dos grandes répteis. "Quem poderia prever que a evolução tinha reservado para os descendentes desse pequeno e veloz predador?” disse Sereno.
O grupo de cientistas descreveu um esqueleto quase completo da nova espécie, com base na rara descoberta de dois indivíduos encontrados lado a lado. O artigo apresenta uma nova visão do alvorecer da era dos dinossauros – um período-chave que tem recebido menos atenção que a fase de desaparecimento dos grandes répteis. “É um período mais complexo do que se supunha”, disse Sereno.
Situado no pitoresco sopé da Cordilheira dos Andes, o local da descoberta é conhecido como Vale da Lua, segundo o autor principal do artigo, Ricardo Martinez, da Universidade Nacional de San Juan, na Argentina.
“Duas gerações de trabalhos de campo no local resultaram na melhor – e única – visão que temos do nascimento dos dinossauros. Com uma caminhada através do vale, é possível literalmente passear sobre o cemitério dos primeiros dinossauros”, disse Martinez.
A área já foi uma grande fenda no extremo sudoeste do supercontinente Pangea. Sedimentos cobriram os esqueletos durante um período de cinco milhões de anos, acumulando eventualmente uma espessura de mais de 700 metros.
Vulcões associados com a nascente Cordilheira dos Andes ocasionalmente expeliam cinzas vulcânicas no vale, permitindo que a equipe utilizasse elementos radioativos presentes nas camadas de cinza para determinar a idade dos sedimentos.
“Os radioisótopos – que funcionam como nossos relógios nas rochas – não apenas situaram a nova espécie no tempo, há cerca de 230 milhões de anos, mas também nos deram uma perspectiva sobre o desenvolvimento desse vale tão importante”, disse Paul Renne, diretor do Centro de Geocronologia de Berkeley, na Califórnia (Estados Unidos). “Cerca de 5 milhões de anos estão representados nessas camadas, de um lado até o outro”, afirmou.
Nas rochas mais antigas, o Eodromaeus viveu lado a lado com o Eoraptor, um dinossauro herbívoro de tamanho semelhante que Sereno e sua equipe descobriram no vale em 1991. Os descendentes do Eoraptor incluiriam eventualmente os saurópodes, um grupo de dinossauros gigantes, quadrúpedes, de pescoço longo.
O Eodromaeus, com dentes caninos tão afiados como suas garras, é o precursor dos carnívoros conhecidos como terápodes e, eventualmente, das aves. “Estamos tentando montar um retrato da vida dos dinossauros mais primitivos. Sua trajetória evolutiva é cheia de desdobramentos, mas naquele ponto, eles eram na verdade bem semelhantes”, disse Sereno.
As questões mais difíceis relacionadas ao alvorecer da era dos dinossauros incluem, segundo os pesquisadores, o que lhes teria dado vantagem em relação aos competidores e com que rapidez eles conseguiram estabelecer seu predomínio. Na época do Eodromaeus, outros tipos de répteis superavam os dinossauros, como os rincossauros, semelhantes a lagartos e outros répteis semelhantes aos mamíferos.
Os autores registraram milhares de fósseis desenterrados no vale para descobrir, como observou Martinez, que “os dinossauros levaram tempo para dominar o cenário”. Seus competidores ficaram para trás sucessivamente ao longo de milhões de anos.
Nas falésias no extremo do vale, dinossauros maiores – herbívoros e carnívoros – evoluíram para tamanhos várias vezes maiores que o do Eoraptor e do Eodromaeus, mas só mais tarde eles dominariam todos os habitats terrestres, nos períodos jurássico e cretáceo.
“A história desse vale sugere que não foi apenas uma determinada vantagem ou um golpe de sorte único o que teria garantido o domínio dos dinossauros, mas sim um longo período de experimentação evolucionária à sombra de outros grupos”, disse sereno.
Outros pesquisadores envolvidos com o estudo investigaram as mudanças climáticas e outras condições através das camadas do vale. “A era dos dinossauros está ficando em evidência”, disse Martinez.
O artigo A Basal Dinosaur from the Dawn of the Dinosaur Era in Southwestern Pangaea, de Ricardo Martinez e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org .