Estudos sobre ambientes aquáticos aumentam na Amazônia (Foto: Divulgação)
No interior de um ambiente aquático, os organismos vivos se relacionam de forma que possibilitem o equilíbrio entre as espécies. Entretanto, dados sobre o tema ainda estão distantes do ideal.
Visando gerar mais informações para entender melhor os ambientes aquáticos, a pesquisadora do Departamento de Ciências Pesqueiras da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ana Cristina Belarmino de Oliveira, propôs, no início de 2008, um projeto que ampliasse o número de informações sobre o fluxo de carbono nos lagos de várzea da região.
A pesquisa intitulada ‘Fluxo de carbono na comunidade de peixes do Lago Jaitêua - Manacapuru/AM’ teve por objetivo analisar as alterações tróficas (relacionada a cadeia alimentar) que existem dentro de um ambiente aquático e transformou-a em informações de referência para o setor pesqueiro.
Segundo Oliveira, as relações tróficas determinam o equilíbrio das espécies que convivem em ambiente comum, ou seja, elas se classificam e organizam, ocupando determinados compartimentos de acordo com a disponibilidade de alimentos.
A pesquisadora explicou ainda que uma espécie sobrevivente de um setor, por exemplo, de consumidores primários, se alimentará primeiramente de produtores primários. A partir daí, outros grupos orgânicos se alimentarão de outros organismos, constituindo o que chamamos de cadeia alimentar.
“Cada organismo se alimenta de determinada parte do ambiente de forma equilibrada e conhecer tais ‘relações orgânicas’ disponíveis entre os diferentes elos é de fundamental importância para se entender a dinâmica que mantém este equilíbrio”, explicou.
A pesquisa é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores - Programa Primeiros Projetos (PPP), e está orçada em R$ 27 mil.
Resultados obtidos
A pesquisadora afirmou que o estudo propiciou informações básicas, mas
importantes sobre as características num lago de várzea. “Foi realizada a
classificação isotópica dos peixes e das possíveis fontes de energia que eles têm
disponíveis no ambiente para manter sua biomassa pesqueira”, destacou.
Nesse sentido, Oliveira ressaltou a contribuição da pesquisa no manejo desta área e de outros lagos que têm comportamentos semelhantes. Foi possível também, a elaboração de monografias para graduação no curso de Engenharia de Pesca e apoio aos estudantes de pós-graduação em Ciências Pesqueiras nos Trópicos, em nível de mestrado.
Escolha do ambiente foi essencial
De acordo com a pesquisadora, o processo de escolha do ambiente se deu por meio de avaliação devido à posição estratégica do local. “O lago Jaitêua faz parte de um complexo de lagos, chamado Grande Lago, próximo a Manacapuru, distante a 68 quil6metros de Manaus, e está no percurso do gasoduto Coari/Manaus. É um complexo lacustre que abriga várias comunidades pesqueiras” disse.
Saiba mais sobre a cadeia alimentar ou trófica
A cadeia alimentar ou trófica corresponde a uma sequência de seres vivos/populações que se alimentam uns dos outros. É a maneira de expressar as relações de alimentação entre os organismos de uma comunidade/ecossistema, iniciando-se nos produtores, passando para os consumidores (herbívoros, predadores e decompositores), por esta ordem. Ao longo da cadeia alimentar, há uma transferência de energia e de nutrientes.
Apoio da FAPEAM
Oliveira ressaltou que o fomento da FAPEAM foi crucial para a pesquisa. “A ideia inicial do projeto era muito tímida. Tínhamos recursos para fazer a coleta com o auxílio de um ou mais pesquisadores. Com o apoio, mais alunos engajaram-se, realizaram-se mais análises laboratoriais, com resultados que vieram atender às expectativas”.
Sobre o PPP
O Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores - Programa Primeiros Projetos (PPP), desenvolvido em parceria com o CNPq, consiste em apoiar a aquisição, instalação, modernização, ampliação ou recuperação da infraestrutura de pesquisa científica e tecnológica nas instituições públicas e particulares, sem fins lucrativos, de Ensino Superior e/ou de pesquisa sediadas ou com unidades permanentes no Estado de Amazonas visando dar suporte à fixação de jovens pesquisadores e nucleação de novos grupos, em quaisquer áreas do conhecimento.
Foto2: Coleta de material para pesquisa (Foto: Divulgação)
Sebastião Alves – Agência FAPEAM