Do G1 BA
Quem mora no assentamento Terra Vista, no município de Arataca, vivem em harmonia com a natureza. “A solução da gente é viver na roça, por ter o nosso local para produzir alimento e a paz que a gente vive na natureza”, diz Benedito Ferreira.
Cinquenta e cinco famílias moram no assentamento. Cada uma tem quatro hectares de onde tiram o sustento. Feijão, mandioca, banana, açaí, cacau e outros tipos de cultura. Tudo é cultivado sem o uso de produtos químicos. As práticas de manejo fazem do assentamento uma referência em agroecologia.
A planta que se decompôs vira adubo, a folha do feijão de porco ajuda a controlar o ataque de formigas, nos pés de cacau. Com convivência com a terra, os assentados adquiriram experiência, mas foi o conhecimento em sala de aula que ajudou a cada família a mudar o sistema que vivem. No assentamento estudam 675 alunos em cinco cursos técnicos e um em bacharelados em agronomia.
“A gente pretende conhecer novas técnicas, adquirir novos conhecimentos e utilizá-los nas nossas áreas de reforma agrária e dessa forma melhorar nossas áreas e dessa forma melhorar não só a nossa produção pessoal, mas também a produção das demais famílias assentadas. Então se a gente conseguir melhorar a produtividade, consequentemente a gente melhora a renda e a qualidade de vida das famílias”, garante o técnico em agropecuária – Marcos Vinícius do Nascimento.
Cacau
O assentamento tem 904 hectares, 350 são voltados para o cultivo do cacau, principal cultura beneficiada pelo modelo natural. O fruto se desenvolve em meio ao sistema cabruca, em que a mata atlântica é preservada. Outra parte da produção se dá na área onde foram plantadas várias árvores frutíferas que ajudam a recuperar a mata ciliar. O potencial ecológico atraiu parceiros como o Instituto Cabruca oferece entre outros recursos, a capacitação.
“Essas áreas que em média estavam entre dois, três arrobas de cacau por hectares, agora está com 94 arrobas de cacau por hectare, então incrementa bastante a produção. Isso tudo em cinco anos de trabalho. Hoje os assentados entendem que a produção orgânica dá frutos”, explica o coordenador do instituto, Tiago Guedes Viana.
Do próprio bioma que se desenvolve são retiradas sementes de plantas frutíferas e nativas. Elas são plantadas em um viveiro com capacidade para 100 mil mudas por ano e no local, recebem a manutenção necessária.
Perto de concluir o curso técnico em agroecologia, Sálvio Oliveira, pretende passar o conhecimento para outras pessoas. “Quero passar o conhecimento para todos que queiram saber sobre o assunto”, diz.