segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Expansão da Ferrovia da Vale no Maranhão gera protesto

Moradores de uma comunidade no interior do Maranhão, situada entre o pólo siderúrgico de Açailândia e a estrada de ferro da mineradora Vale, interditaram nesta quarta-feira (07/12) a rodovia que leva à capital do estado. Com reclamações de doenças nos pulmões, na pele, nos olhos, dores de cabeça e até casos de câncer, mais de mil pessoas pedem a agilidade do governo para serem reassentadas e indenizadas. 
O estopim da revolta no Maranhão, segundo comunicado da Justiça Nos Trilhos, organização membro da Plataforma BNDES, foi uma decisão do Tribunal de Justiça que suspendeu provisoriamente a desapropriação do terreno escolhido para abrigar as famílias, alegando ser área usada pela agropecuária. “Um julgamento está por acontecer e decidirá se a terra fica para 50 vacas, cujos donos têm muitas outras terras, ou se fica para nós, que somos mais de 1.100 pessoas e não temos opção”, disse um dos manifestantes à Justiça nos Trilhos. Ela informou que a demora em atender as reivindicações dos moradores de Açailândia já dura sete anos.
Em contraste, desde 2008, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)  autorizou 7,3 bilhões de reais em empréstimos para a companhia Vale, que planeja ampliar sua produção na região. Apesar de ser sócio da mineradora e ter poder de veto no conselho administrativo, o Banco não submete a companhia ao procedimento de análise de projetos, por considerá-la um cliente de alta prioridade.
Histórico

A história do Piquiá de Baixo, localizado as margens da BR 222 – Km 14,5, surgido em 1970  começou a mudar com o Grande Projeto dos Carajás, implantado na década de 1980, na construção de um grande pólo siderúrgico  instalado de um lado e a Estrada de Ferro de Carajás do outro. Desde então cerca de 350 famílias lutam por uma moradia digna.

Pesquisas realizadas em 55% dos domicílios do Piquiá, pelo Centro de Referências em Doenças Infecciosas e Parasitárias da Universidade Federal do Maranhão, e do Núcleo de Estudos em Medicina Tropical da Pré-Amazônia, revelam que 41,1% da população se queixam de doenças nos pulmões e na pele.

Manifestações ligadas ao aparelho respiratório (tosse, falta de ar e chiado no peito) foram queixas encontradas em todas as faixas etárias, inclusive com boa intensidade em menores de 9 anos de idade.

A cefaléia (dor de cabeça constante) foi encontrada em 61,2% dos pacientes, além da incidência de alergia, acometendo as vias aéreas superiores e olhos (coriza e lacrimejamento) que foram encontradas em 61,2% dos pacientes.

Os pesquisadores creditam essas doenças a alta poluição causadas pelas cinco siderúrgicas com fumaça e dejetos depositados no solo e na água da comunidade.

fonte- Plataformabndes.org.br/mst.org.br