sexta-feira, 11 de maio de 2012

Bióloga usa ninhos artificiais e atrai pássaros a mata incendiada na USP

Área verde da USP chegou a abrigar 130 espécies de aves até incêndio em agosto de 2011. (Foto: Reprodução EPTV)Animais que voltam ao local trazem sementes e ajudam recuperar floresta.

Banco genético da USP de Ribeirão Preto chegou a abrigar 130 espécies.


Área verde da USP chegou a abrigar 130 espécies de aves até incêndio em 2011. (Foto: Reprodução EPTV)

do G1
Nove meses atrás, a bióloga Ana Carla Aquino, de 37 anos, se deparou com uma cena que ficou marcada na memória. “Vi um casal de nhambus morrer ao proteger o ninho com filhotes das chamas”, lembra sobre o incêndio que destruiu 83 hectares de mata preservada e afugentou 130 espécies de aves da floresta da USP de Ribeirão Preto (SP) em agosto de 2011.
O episódio - que posteriormente foi apontado como criminoso pelo Ibama - motivou a técnica do laboratório de Zoologia e Vertebrados da universidade a colocar em prática a ideia de construir ninhos artificiais, como forma de atrair pássaros ao espaço degradado. Ao todo, já foram instaladas 25 caixas de madeira e bambu, produzidas em diferentes tamanhos, com tampa articulável. Até julho, o número deve dobrar.

Bióloga criou ninhos artificiais para atrair pássaros para área degragada em Ribeirão  (Foto: Reprodução EPTV)
Bióloga criou ninhos artificiais para atrair pássaros para área degragada (Foto: Reprodução EPTV)
Além de ganhar a confiança das aves expulsas de seu habitat e aumentar a biodiversidade da área, o projeto desenvolvido voluntariamente visa obter novas informações para um estudo sobre reprodução animal. “A gente tinha essa ideia antes do incêndio, como uma forma de estudar os aspectos reprodutivos. Com o incêndio, resolvemos adiantar isso”, afirma a pesquisadora ao G1. 
Embora não haja um levantamento sobre o número de espécies que voltaram a ocupar o banco genético, exemplares de maritacas, pica-paus, papagaios, periquitos, corujas-do-mato, entre outros, voltaram a sobrevoar o campus.
Mas os resultados mais expressivos da ideia devem ser percebidos a partir do segundo ano do projeto, de acordo com a bióloga, através de um processo natural de reconhecimento e adaptação dos pássaros.
“A gente espera que as aves comecem a ficar mais à vontade com a mudança no ambiente”, diz. De acordo com Ana Carla, os ninhos artificiais também contribuem, de certa forma, para a recuperação da mata no local. “Ao voltarem para cá, as aves trazem sementes”, explica.