Itapeva quer popularizar método de construção com madeira
do Portal da UNESP
Para o senso comum, moradias construídas em madeira são sinônimos de residências rudimentares, sem acabamento adequado, em geral erguidas nas periferias. Mas, se depender dos pesquisadores do projeto de extensão “Educação em Madeira”, esse conceito poderá ter um novo sentido.
Em atividade desde 2007, no âmbito do curso Engenharia Industrial Madeireira, no Câmpus de Itapeva, “Educação em Madeira”, sob responsabilidade da professora Juliana Cortez Barbosa, busca desenvolver técnicas para construções em madeira, além de desmistificar o uso dessa matéria prima em edificações residenciais. Nesse sentido, o grupo procura mostrar suas vantagens como agilidade, durabilidade, sustentabilidade, confortos térmico e acústico. “É importante ressaltar que a região de Itapeva é um pólo madeireiro”, destaca.
A primeira iniciativa visando demonstrar esses benefícios foi a construção de duas salas de aula em parceria com a prefeitura local e empresas interessadas no desenvolvimento da técnica Woodframe, também chamada técnica construtiva leve. Segundo Juliana, esse método que ainda está em desenvolvimento no país, já é amplamente utilizado nos Estados Unidos e Japão.
O modelo consiste na utilização de uma estrutura em madeira, preenchida com materiais isolantes. Com relação aos revestimentos, a pesquisadora informa que internamente podem ser utilizados gesso ou acartonado; externamente, lambri ou tijolinho.
IMAGEM - (De cima para baixo) - Salas de aula em woodframe ; maquete do Centro de Informações Turísticas; maquete do Centro Acadêmico; rolo-resto entretravados
Nas salas de Itapeva, a estrutura foi erguida em chapas de pinus tratado. Segundo Juliana, o grupo “Educação em Madeira” pesquisa.
As salas com capacidade para 50 alunos cada foram construídas sob a coordenação do então docente Guilherme Corrêa Stamato, com cujo nome foram batizadas. “Pesquisadores da Unesp participaram de diversas reuniões com representantes da cadeia industrial da técnica Woodframe com o objetivo de regulamentá-la no Brasil”, informa a atual coordenadora do projeto.a viabilidade de utilizar as sobras de serragem, descartadas pelas madeireiras e serrarias da região, como isolantes, em substituição aos materiais importados.
São Luís do Paraitinga
Dois novos projetos que envolvem o desenvolvimento de materiais construtivos estão em andamento na Unidade de Itapeva. Um deles é a edificação do Centro Acadêmico da Unidade, com aproximadamente 90 metros quadrados. O projeto envolve técnica mista -- uma parte será em Woodframe e a outra em resíduo de laminação da indústria de compensado, chamado rolo-resto.
Para o aproveitamento desse material, até então descartado como lixo, técnicos e pesquisadores do Câmpus de Itapeva desenvolveram um torno específico para usinagem dos roletes, ou seja, a criação dos encaixes de um rolo no outro para garantir que fiquem entretravados, formando uma parede autoportante. “É mais uma pesquisa visando gerar produtos de maior valor agregado utilizando a madeira de reflorestamento da região”, destaca Juliana.
O outro projeto prevê a construção do Centro de Informações Turísticas de São Luiz do Paraitinga. A edificação de um espaço de aproximadamente 200 metros quadrados, no qual será utilizado a técnica Woodframe, tem o apoio do Conselho Municipal de Turismo, da Secretaria Municipal de Turismo e da Secretaria Municipal de Planejamento do município.
A proposta arquitetônica, que surgiu no âmbito da reconstrução da cidade, após a destruição provocada pelas enchentes de janeiro de 2010, ficou a cargo da professora Juliana e de sua colega de unidade Cristiane Inácio de Campos, além do arquiteto José Xaides Alves, professor da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) da Unesp de Bauru.
“Pensamos uma contraposição do colonial, estilo predominante na cidade, com o contemporâneo”, destaca Juliana. Previsto para ser construído no segundo semestre de 2012, o Centro será localizado na entrada principal da cidade, km 42 da rodovia Oswaldo Cruz.
Genira Chagas
