Assentamento de Machadinho d’Oeste visto por satélite (Foto: Reprodução)
com informações da FAPEAM
A existência de florestas comunitárias, manejadas por seringueiros, pode ajudar a preservar a cobertura vegetal da Amazônia. Foi o que apontou um estudo conduzido por um grupo de pesquisadores do Programa de Grande Escala da Biosfera – Atmosfera na Amazônia (LBA, sigla em inglês), sob a coordenação científica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Os estudos foram realizados nos assentamentos de Machadinho d’Oeste e Vale do Anari, ambos em Rondônia, e avaliou as consequências dos tipos de colonização implantados na Amazônia.
Conforme os cientistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Monitoramento por Satélite, Mateus Batistella, e da Indiana University (EUA), Emilio F. Moran, os assentamentos foram criados no mesmo ano (1981) e apresentavam características semelhantes, como perfil social dos colonos, tipos de solo e de mata, entre outros.
Eles explicaram que o Vale do Anari adota o modelo da maioria dos assentamentos amazônicos, com lotes em desenho de espinha de peixe (ortogonal). “Essa arquitetura foi criticada. No início dos anos 1980, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), adotou um novo modelo, com desenho e rede viária que levavam em conta a topografia e a rede hidrográfica local, como em Machadinho d’Oeste. Todavia, foi mantida uma reserva florestal comum”, explicaram.
Eles explicaram que o Vale do Anari adota o modelo da maioria dos assentamentos amazônicos, com lotes em desenho de espinha de peixe (ortogonal). “Essa arquitetura foi criticada. No início dos anos 1980, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), adotou um novo modelo, com desenho e rede viária que levavam em conta a topografia e a rede hidrográfica local, como em Machadinho d’Oeste. Todavia, foi mantida uma reserva florestal comum”, explicaram.
A partir de análises multitemporais do uso e cobertura das terras feitas por satélites durante a estação seca, os pesquisadores concluíram que a existência de florestas comunitárias, como em Machadinho, ajudou a preservar a cobertura florestal, diferentemente do que aconteceu em Anari. Os cientistas também realizaram entrevistas com seringueiros, madeireiros, representantes de associações sobre os sistemas de produção local.
Eles monitoraram os assentamentos sob as perspectivas de dimensões espacial, socioeconômica e demográfica local e regional, temporal e culturais.
Eles monitoraram os assentamentos sob as perspectivas de dimensões espacial, socioeconômica e demográfica local e regional, temporal e culturais.
Verificou-se que a fragmentação da floresta foi menor em Machadinho, apresentando tamanho médio das manchas florestais (TMM) de 167 hectares (1988), enquanto que em Anari o tamanho correspondeu a 114 hectares. Constatou-se que o número de manchas florestais (NM) triplicou em Anari, e só aumentou 1,4 vezes em Machadinho. Significa que a floresta foi menos retalhada em apenas um dos assentamentos, no caso, em Machadinho. “A existência de reservas florestais manejadas pelos seringueiros locais em Machadinho é um importante fator condicionando à estrutura da paisagem, devido à maior proporção de cobertura florestal”, afirmaram.
Em relação ao Índice da Maior Mancha (IMM), Anari também perdeu, pois Machadinho cobre 10,7% do território, contra 4,5%. Ou seja, a sobrevivência de manchas florestais maiores indica o grau de resistência da mata a sua fragmentação. Consequentemente, o IMM é melhor em Machadinho, sobretudo devido à Reserva Extrativista Estadual Aquariquara, área protegida por lei que tende a estabilizar o índice.
As conclusões do estudo comparativo, conforme os pesquisadores, mostram que o modelo usado em Machadinho é melhor para a floresta. Em 10 anos, a área florestal de Anari foi reduzida a pouco mais de 50% do que era, mas ainda cobria 66% do território de Machadinho. As pastagens triplicaram em Anari (18,5% da área do assentamento), mas em Machadinho só dobraram (menos de 10% do território).
“O estudo comparativo é importante porque consolida métodos de análise que podem ser usados para tomar decisões na Amazônia. O método considera o tamanho dos assentamentos, sua evolução no tempo e as conseqüências para a mata - e lança os dados em mapas gerados por satélites. Esta metodologia revela e destaca o peso das reservas florestais comuns, com direito de uso pelos nativos, como forma eficaz de conter a fragmentação florestal”, finalizaram.
IMM
É uma medida do tamanho da maior mancha de uma classe em relação à área total da paisagem. As maiores manchas de floresta são em geral mais importantes, indicando uma resistência da paisagem à fragmentação.
Luís Mansuêto – Agência FAPEAM
Com informações do LBA