quinta-feira, 21 de abril de 2011

ECONOMIA VERDE

Por Jeverson Barbieri, do Jornal da Unicamp - Pesquisa realizada pelo economista Rafael Kellermann Barbosa revelou que cerca de um quarto das patentes requeridas pela Unicamp está diretamente relacionado com tecnologias ambientalmente amigáveis, também chamadas de eco-inovação. Esse percentual equivale a 127 patentes de um banco de 501.

De acordo com Barbosa, trata-se de uma evidente sinalização do potencial que a Universidade tem em contribuir com o desenvolvimento sustentável. 
Na visão do pesquisador, a maior contribuição do trabalho é a inauguração de uma linha de pesquisa – ecotecnologia – dentro do ambiente acadêmico, uma vez que no Brasil isso ainda é incipiente.
“Fiz algumas sugestões de classificações e cortes de análise que provavelmente serãomelhorados e criticados, como tudo que é feito no ambiente acadêmico”, afirmou. 
A investigação resultou na dissertação de mestrado do economista, que foi orientado pelo professor Bastiaan Philip Reydon, do Instituto de Economia (IE) da Unicamp.
Barbosa, que atualmente é consultor do Programa de Inclusão Social e Desenvolvimento Econômico Sustentável do Estado do Acre (Proacre), contou que já trabalhava com o tema economia e meio ambiente, principalmente sob a ótica da economia ecológica. 

Quando entrou no programa de mestrado do IE, seu orientador, por estar atuando junto à Agência de Inovação Inova Unicamp, sugeriu uma discussão que abordasse os temas economia, meio ambiente e, também, inovação tecnológica.
“O resultado obtido nas primeiras análises causou uma grande surpresa”, disse. A existência de uma proporção relevante de eco-patentes levou o pesquisador a conhecer as especificidades dessa tecnologia, uma vez que não existe linha de financiamento específica para soluções tecnológicas ambientalmente amigáveis. “Essa é uma característica da inovação ou da geração de tecnologia da Unicamp”, assegurou.
Radiografia - O critério de classificação da natureza das patentes foi realizado tecnicamente, dividindo-as em cinco categorias, cada uma com seus percentuais: tecnologias mais limpas (16%); de reciclagem (18%); energia limpa e renovável (10%); produtos mais limpos (17%); e tecnologia de controle e redução de poluição (39%). É importante observar que o desenvolvimento de mecanismos limpos engloba quatro das categorias – as chamadas cleaner technologies – e supera o índice da tecnologia de controle, também conhecida como “de remediação”.
Portanto, pode-se concluir que as patentes produzidas na Unicamp possuem uma característica marcante, que é a valorização da ecologia desde a sua concepção, representando um aspecto natural por parte dos pesquisadores de desenvolver pesquisas nesse sentido. Importante mencionar que uma parcela dessas pesquisas é feita em cooperação com a iniciativa privada. Uma das questões abordadas pelo economista é que, em geral, as empresas estão sujeitas a pressões para geração de tecnologia, que dizem respeito à necessidade de obter lucros.
Por vezes, optam por desenvolver tecnologias de caráter mais imediatista, no que tange à resolução do problema ambiental. E a Universidade tem a possibilidade de gerar essa tecnologia de caráter maisestruturante na resolução desses problemas. “Há um interesse nesse tipo de tecnologia e a Unicamp tem se mostrado um parceiro potencial para isso”, observou Barbosa.
Um dos aspectos que é passível de observação, a partir da percepção de alguns inventores, é que a maioria deles colocou como fator predominante para o incentivo a essas inovações a questão da regulação, ou seja, leis que de alguma maneira impulsionam as empresas no sentido de buscar tecnologias mais ambientalmente amigáveis. Outro ponto importante diz respeito não especificamente à questão da tecnologia, mas da proteção da tecnologia em patentes. E essa é uma característica que os pesquisadores ressaltaram ser fundamental na formação do pesquisador. “Aquele que fez mestrado, doutorado, projetos de pesquisa, e trabalham com patentes, têm uma tendência a proteger a sua tecnologia através desse instrumento”, disse Barbosa.
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Publicações
Dissertação de mestrado: “Eco-inovação na Universidade: uma análise das patentes da Universidade Estadual de Campinas”
Autor: Rafael Kellermann Barbosa
Orientador: Bastiaan Philip Reydon
Unidade: Instituto de Economia (IE)
Fonte de financiamento: Capes

Artigos
BARBOSA, R. K. . The Dynamic of Clean Technolgy Innovations. Impactos, p. 8, 01 fev. 2009

BARBOSA, R. K. ; Reydon, Bastiaan P. ; CROSTA, V. M. D. . DEVELOPMENT OF GREEN INNOVATIONS: analysis from cases of INOVA/UNICAMP. In: Advancing Sustainability in a Time of Crisis, 2010, Oldenburg. International Society of Ecological Economics 2010 – Advancing Sustainabilitty in a Time of Crisis, 2010.
BARBOSA, R. K. ; Reydon, Bastiaan P. . Sustainable Innovation in Brazilian´s Universities: The University of Campinas(Unicamp) Case. In: The 6 International Conference of Innovation and Management: Management for Sustainable Development, 2009, São Paulo. Anais of 6 International Conference of Innovation and Management: Management for Sustainable Development, 2009.
BARBOSA, R. K. . Inovações Sustentávies: O caso da Universidade Estadual de Campinas. In: Seminário Latino-Ibero Americanode Gestión Tecnológica, 2009, Cartagena de Indias. Anais do XII Seminário Latino-Ibero Americano de Gestión Tecnológica, 2009.