segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cientistas vão perfurar o Mar Morto e estudar Mudanças Climáticas

Cerca de 40 pesquisadores entre israelenses, palestinos e 
jordanianos começaram uma tarefa que desta vez está longe
de disputar uma fronteira. Os cientistas vão perfurar o Mar
Morto a 408 metros abaixo do nível do mar em busca do 
sedimento e do lodo que irão revelar dados históricos
de até 500 mil anos atrás. As amostras vão ajudar a 
entender questões muito antigas desde a geologia 
do Oriente Médio, arqueologia até as alterações climáticas 
da Terra. 
 


Perfuratriz International Continental Scientific Drilling Program instalada no Mar Morto
Clique para ampliar
“É como ler um livro. É um arquivo perfeito sobre secas,
inundações e mudanças climáticas ao longo do tempo”, 
afirmou Ulrich Harms, cientista alemão que lidera o 
programa de perfuração International Continental 
Scientific Drilling Program (DOSECC).
O projeto que precisou de um ano para ser aprovado 
pela Alemanha custará 2,5 milhões de dólares e terá
duração de 40 dias. A broca utilizada em pesquisas 
científicas pelo mundo tem capacidade de atingir
até 1.500 metros de profundidade. Os trabalhos 
começaram neste fim de semana e a broca deverá 
perfurar até 1.200 metros. 

Por que o Mar Morto?

Porque sua costa é o ponto mais baixo da Terra, a 

408 metros abaixo do nível do mar. O Mar Morto, na
verdade um grande lago de 402 km quadrados, 
está localizado em um vale cercado pela Cisjordânia, 
Jordânia e Israel. Apenas o rio Jordão deságua 
ali, o que faz com que o acúmulo de sedimento em 
seu interior profundo esteja praticamente intacto ao
longo de milhões de anos.



Imagem de satélite do Mar morto
O Mar Morto se difere de todas outras porções de 
água da Terra por sua alta salinidade, entre 28% 
e 35%, enquanto os oceanos mais salgados do
planeta têm de 3% a 6% de salinidade. Como 
ele é isolado do mar, qualquer água doce ou 
salgada que deságue nele através do rio Jordão, 
ficará alí até evaporar. Depois que a água evapora, 
os minerais salgados ficam depositados no Mar. 
 
Climas e Terremotos

A lama retirada do Mar Morto vai revelar através 

de suas camadas claras e escuras, períodos 
antigos e recentes de chuvas, secas e 
alagamentos e por consequência o clima 
dominante na Terra e os efeitos do aquecimento 
global. O leito do Mar Morto acumula duas 
camadas de sedimentos a cada ano.
Outro dado interessante é o indício de
terremotos onde as camadas de sedimento 
não estão alinhadas. “Nós vamos ser 
capazes de dizer se há 368 mil anos choveu
muito, ou não, ou ainda se houve 
terremotos naquela região”, disse o 
pesquisador Ben-Avraham, que estuda o 

Mar Morto há 30 anos. 

Para a antropologia o estudo vai ajudar 
nas teorias sobre as migrações do
homem primitivo, que muitos pesquisadores
acreditam ter passado pela área da bacia do
Mar Morto.
Em outro aspecto, os estudiosos querem 
entender a diminuição significativa que 
o lago vem sofrendo nas últimas décadas.
Hoje, se sabe que o aumento da extração 
de água do rio Jordão por Israel, 
Palestina e Jordânia pode ser um dos 
principais fatores.

Fotos: No topo, vista da perfuratriz DOSECC 

sobre o Mar Morto, fotografada em 17 de 
novembro de 2010. No momento da foto o 
equipamento estava pronto para ser 
rebocado até o local das perfurações, cerca 
de 6 km a nordeste. Na sequência, imagem 
feita em maio de 2006, pelo satélite Aster, 
vemos o Mar Morto ao centro, com Israel 
à esquerda e a Jordânia à direita. O acidente 
geográfico visto na parte inferior é a 
península jordaniana de El Lisan. Créditos: 
International Continental Scientific Drilling
Program / Nasa-Modis/Apolo11.com.

 
Fonte: Apolo11 - 
http://www.apolo11.com/mudancas_climaticas.php?posic=dat_20101123-082502.inc