CANASVIEIRAS - FORTES CHUVAS
Marlon Daniel da Silva
No final de semana (dias 22 e 23 de janeiro de 2011), fortes chuvas assolaram a grande Florianópolis. Causaram vários prejuízos materiais e até perda de vidas.
Outro efeito danoso dessas precipitações diz respeito à qualidade sanitária da água para banho. Sempre que chove, recomendamos cautela no uso dos balneários; principalmente onde existe o deságue de rios, valas e tubulões. No caso em tela, a cautela deve ser maior.
No dia 25 de janeiro de 2011, efetuamos coleta em mais de 30 pontos monitorados no norte da Ilha. E, na sexta-feira, dia 28, a constatação foi surpreendente: em CANASVIEIRAS os 06 pontos apresentaram IMPROPRIEDADE ao contato primário de recreação.
Imediatamente, efetuamos a divulgação dos resultados e a troca dos adesivos nas placas nos pontos do balneário.
Infelizmente, as placas dos pontos 60 e 55 não foram encontradas. Provavelmente, subtraídas por descontentes com o resultado do monitoramento.
Esta incidência pluviométrica potencializa a ‘Impropriedade’ dos pontos monitorados. Não obstante, CANASVIEIRAS sofreu o rompimento da Barra do Rio do Braz, próximo ao trapiche (ponto 22 de nosso monitoramento).
Saliente-se que este rio normalmente permanece com seu contato ao mar fechado; só rompendo a barra em fortes chuvas e/ou ação da maré. Este rio, que vem da Antiga Colônia Penal, permeando por entre associações, recebendo provavelmente - direta ou indiretamente - contribuições de esgoto. Tem, inclusive, próxima à foz, a presença de Estação Elevatória de Esgoto que, quando apresenta problemas, extravasa para o mesmo o esgoto que deveria recalcar.
Nas avaliações que o rio sofreu, por diversas oportunidades, sempre apresentou valores significativos de contaminação fecal. Ou seja, o mesmo serve como depósito de águas contaminadas. Seu rompimento causou o efeito e o dano apresentado no sétimo relatório.
Estes acontecimentos demonstram a fragilidade do sistema e a grande quantidade de pontos ainda com problemas; além da vulnerabilidade do sistema de coleta de esgoto. A grande quantidade de águas pluviais no sistema de coleta de esgoto foi percebida tanto nas caixas de inspeções defronte aos domicílios como nas vias.
Passada a pior fase, apresentamos, hoje, dentro da maior brevidade possível, os resultados das amostragens feitas em 31 de janeiro de 2011. O ponto 20 (Rua das Flores), 21 (Av. das Nações), 55 (Rua Heitor Bittencourt) e 60 (Canto das Pedras) retornam à condição de PRÓPRIOS PARA BANHO. Os pontos 22 (Trapiche) e 59 (Rua Acari Margarida), permanecem IMPRÓPRIOS AO BANHO.
As avaliações, coletas e análises são semanais, consecutivas, pontuais e representam o momento amostrado.
Mais uma vez solicitamos: em situações de forte chuvas, máxima cautela. Evite o banho por, no mínimo, 48 horas. E o contato com águas de enchentes também deve ser evitado.
Estas recomendações constam da Resolução CONAMA 274/2000, onde também consta a necessidade de cruzamentos de informações da saúde pública para definir o uso das águas. Mas, até o presente, desconheço informação oficial destes órgãos.
Algumas notícias são veiculadas; mas nada oficialmente. Descaso total.
Percebo, todo ano, a mesma celeuma: inexiste política pública preventiva. Mata-se o gringo e o secretário de turismo diz que é necessário melhorar a segurança para o turista.
E como ficam os moradores do resto do ano? Seria melhor garantir a segurança para quem aqui vive. E, por efeito cascata, o turista também estaria seguro.
Marlon Daniel da Silva, tecnólogo em processos gerenciais
Ana Echevenguá - advogada ambientalista - OAB/SC 17.413
ana@ecoeacao.com.br
Instituto Eco&Ação - www.ecoeacao.com.br
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