Empreendimentos de Eike Batista recebem licença ambiental apesar das condicionantes
Do Correio do Brasil
Por Redação - do Rio de Janeiro e São Paulo
O governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou, nesta quarta-feira, que pretende conceder a licença ambiental para a construção do complexo do Porto do Açu, do empresário Eike Batista, que inclui a construção de porto, estaleiro, usina térmica a gás natural, entre outros empreendimentos previstos.
O governo exigiu em contrapartida condicionantes no valor de R$ 65 milhões, que será rateado entre os investidores do complexo.
O complexo industrial do Porto do Açu já conta com parcerias de empresas como a japonesa Hyundai, que terá participação no estaleiro, da chinesa Wuhan Iron and Steel (Wisco), que pretende construir uma siderúrgica, entre outras.
– Além da compensação ambiental para investimentos em unidade de conservação, haverá uma substancial compensação para saneamento e também a obrigação de se investir na preservação da biodiversidade da região – explicou a secretaria estadual do Ambiente nesta quarta-feira em seu site.
Grupo Bertin
Em contraponto à notícia de que o Porto de Açu receberá a licença para a construção do complexo industrial, o empresário Eike Batista também soube das dificuldades do Grupo Bertin para levar adiante os ambiciosos projetos em que se envolveu nos últimos anos. O campo agora está livre para os investimentos de Batista na área elétrica. O Bertin ofereceu algumas termoelétricas à Cemig, que a princípio não se interessou. Agora, a empresa negocia com outros investidores, entre eles a MPX, de Batista.
O grupo desistiu na semana passada de seu lance mais audacioso, a hidrelétrica de Belo Monte, afirmando que pretendia priorizar outros empreendimentos. A decisão forçou o governo a correr atrás de um substituto para fechar o consórcio Norte Energia, que vai explorar a usina. Quatro empresas estão na mira do governo: Vale, CSN, Alcoa e Gerdau. A Vale já foi procurada.
Na semana passada, a mineradora recebeu de Valter Cardeal, executivo da Eletrobras e homem de confiança da presidente Dilma Rousseff, convite para voltar ao empreendimento – a empresa era sócia do consórcio que perdeu a disputa por Belo Monte. Ontem, executivos da Vale se reuniram em Brasília para começar a avaliar as condições do negócio. O substituto do Bertin precisa ser definido logo, para que as obras comecem antes das cheias no Rio Xingu.
A desistência de Belo Monte criou um problema para o governo, mas não é suficiente para devolver o fôlego financeiro ao Bertin, que precisa de R$ 10 bilhões até 2014 para tirar seus projetos do papel – sendo R$ 7 bilhões para construção de 31 usinas. Seis delas atrasaram e estão inadimplentes na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A empresa também foi multada pelo atraso, em R$ 1,2 milhão, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para vender parte dos ativos elétricos, a empresa teria contratado o Banco Votorantim.