Floresta Amazônica (Foto: Ricardo Oliveira)/ DA FAPEAM
A parte sul do Estado do Amazonas sofre com os desmatamentos, gerados por conta da atividade agropecuária, o que de certa forma, acaba por influenciar no agravamento do efeito estufa no planeta. Entretanto, o estudo ‘Impactos no solo da convenção florestal e uso agropecuário na região sul do Amazonas’, do pesquisador, Milton Cesar Costa Campos, revela por meio de uma comparação entre as áreas cobertas por florestas intocadas e as manejadas, que elas acabam apresentando a mesma quantidade de emissão de gás carbônico (CO2) na atmosfera. Doutor em Agronomia, com ênfase em Ciências do Solo e diretor do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente de Humaitá (IEAA) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Campos disse que a pesquisa tem financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio da chamada de propostas de pesquisa Fapesp-FAPEAM, Edital 006/2009, associada à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) campus Jabuticabal, tendo como representante, o professor doutor José Marques Junior.
Segundo ele, o estudo tem por objetivo caracterizar os ambientes naturais realizados em condições amazônicas, visando investigar os impactos sob os atributos do solo, na região sul do Amazonas, utilizando técnicas de geoestatística multivariadas com uso da relação solo e paisagem.
Apesar de o desmatamento causar danos ao meio ambiente, o pesquisador adianta que mesmo que a floresta nativa seja substituída por uma atividade econômica, não há diferença na quantidade da emissão. “O que a floresta nativa emite de gás carbônico é semelhante ao que é emitido em um campo cultivado. As diferenças são mínimas, entretanto, em ‘Terras Pretas de Índio ou Terras Pretas Arqueológicas’, a emissão de gás carbônico é bem maior”, frisa o pesquisador.
Campos disse que a comparação entre solos foi realizada em ambientes não antropofizados (áreas sem interferência do homem) e manejados como, por exemplo, a cultura da cana-de-açúcar, a da mandioca, a de pastagens, agrofloresta, dentre outros. Essa análise decorreu a partir da verificação da alteração de atributos químicos e físicos no solo, ou seja, se houve a transformação da floresta em campo de cultivo, e, quais as mudanças que aconteceram nesse ambiente.
Campos disse que a comparação entre solos foi realizada em ambientes não antropofizados (áreas sem interferência do homem) e manejados como, por exemplo, a cultura da cana-de-açúcar, a da mandioca, a de pastagens, agrofloresta, dentre outros. Essa análise decorreu a partir da verificação da alteração de atributos químicos e físicos no solo, ou seja, se houve a transformação da floresta em campo de cultivo, e, quais as mudanças que aconteceram nesse ambiente.
Método
Para realizar esse tipo de análise, foi necessária a utilização de técnicas sofisticadas, como a da geoestatística, a qual compreende um conjunto de métodos que têm como objetivo verificar a estimativa de valores de um atributo, que se correlaciona no tempo e/ou espaço.
Essas estimativas são feitas baseadas no modelo de continuidade temporal/espacial desse atributo, que, por sua vez, é construído baseado nos valores das amostras desse atributo. “Além das técnicas geoestatísticas, estão sendo aplicadas análises estatísticas multivariadas que permitem, realizar o mapeamento geral do solo com comparações em conjunto de todas variáveis em um mesmo nível”, disse Campos.
Está sendo utilizada também, a técnica de reflectância difusa e suscetibilidade magnética, que favorecerá, dentre outros aspectos, analisar uma amostra de solo, e a partir desta fazer inferências sobre todos os elementos químicos (nutrientes) presentes, ou seja, não é feita a análise separada desses elementos.
Áreas manejadas
O estudo foi desenvolvido em sete áreas manejadas com diferentes características nos municípios amazonenses de Humaitá, Manicoré e Novo Aripuanã. O pesquisador disse que essa comparação foi realizada em cima da chamada área modal, ou considerada área padrão comparada com outras áreas como as de cultivo da mandioca, cana-de-açúcar, pastagem, agrofloresta, terra preta arqueológica cultivada com milho, campus naturais, floresta tropical densa e a floresta intercalada (presença de campo natural e floresta).
Segundo o pesquisador, essas áreas ainda estão em processo de experimentação, somente cinco foram analisadas e o restante deverá ter sua finalização até o final deste ano.
Segundo o pesquisador, essas áreas ainda estão em processo de experimentação, somente cinco foram analisadas e o restante deverá ter sua finalização até o final deste ano.
Contribuição
A pesquisa trouxe várias contribuições, entretanto, o pesquisador aponta duas delas. A primeira possibilitou a aprovação de três alunos da unidade de Humaitá no Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical da Ufam e de outros dois no Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo da Unesp/Campus Jabuticabal.
A segunda, diz respeito ao resultado final, em que as informações deverão servir de suporte para a realização de outras pesquisas, como também, poderão ser utilizadas pelo produtor e também para zoneamento econômico e ecológico da região sul do Amazonas.
Apoio da FAPEAM
Apoio da FAPEAM
Ao assumir o cargo de professor do IEAA/Ufam em 2006, o pesquisador lembra que não havia nenhum equipamento, nem para medir o pH do solo e da água no local onde trabalhava. “Hoje, graças ao apoio da FAPEAM, temos quatro desses equipamentos em nossos laboratórios. Eu diria que sem a Fundação não teríamos esse aporte nesses laboratórios. A Universidade não seria a mesma”, finaliza.
Sebastião Alves - Agência FAPEAM