Atividades agrícolas exigem alto consumo de água (Foto: Divulgação)
A atividade agrícola desperdiça 50% de toda a água utilizada durante a irrigação, conforme a Agência Nacional de Águas (ANA). Apontada como solução para evitar o desperdício, a utilização de sensores instalados nos campos de cultivo é vista como alternativa para diminuir o consumo. O equipamento permite o monitoramento da umidade, temperatura, pH do solo, velocidade do vento, radiação e luminosidade. As informações coletadas são enviadas para uma estação, que coordena e controla o gasto.
A tecnologia foi desenvolvida pela empresa de automação Neoradix Serviços de Engenharia e Eletrônica, com sede na cidade de Belém. A ideia nasceu com os engenheiros elétricos Umberto Leão e Thiêgo Nunes, ainda quando estudantes, na incubadora da Universidade Federal do Pará (UFPA), em 2005, que viram nicho de mercado para automação tecnológica. Hoje, a empresa atua com automação residencial, industrial, agroindústria e monitoramento ambiental.
Conforme Nunes, o objetivo do sistema é tornar a agricultura mais eficiente e sustentável. Com os sensores distribuídos nas áreas agrícolas, a central de comando recebe os dados sobre a quantidade de água que está sendo gasta. Por se tratar de um sistema inteligente, ela mesma decide se a plantação precisa ou não de irrigação e a hora certa. Tudo feito sem intervenção humana. “A decisão é tomada com base em experiências anteriores. Isto é, se choveu ou aumentou a temperatura ambiente. O sistema é ligado também a uma estação meteorológica, que fornece informações adicionais sobre o clima. O resultado é a diminuição dos custos de produção, o uso de agrotóxicos, a energia e torna a produção mais limpa”, pontuou.
Além de diminuir o consumo de água, o sistema pode ser utilizado para o monitoramento ambiental de reservas e áreas de reflorestamento contra incêndios, por exemplo. O princípio é o mesmo adotado na agricultura, explicou Leão. O sistema verifica o deslocamento das queimadas a partir da velocidade e direção do vento. As informações são repassadas para a brigada de incêndio antes de chegar ao local, o que facilita a tomada de decisões para controlar o fogo.
“Há uma gama de áreas em que pode ser aplicado”, destacou Leão. Foi essa diversidade e inovação tecnológica que garantiram à empresa o segundo lugar no prêmio Professor Samuel Benchimol e Banco da Amazônia de Empreendedorismo Consciente, na categoria Empresas para a Amazônia, edição 2010. A Neoradix concorreu com mais de 400 projetos inscritos.
Com o apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), o prêmio tem por objetivo promover a reflexão sobre as perspectivas econômicas, tecnológicas, ambientais, sociais e de empreendedorismo para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. O prêmio fomenta a interação entre os setores governamentais, empresariais, acadêmicos e sociais.
A empresa também participou da 6ª edição da Feira Internacional da Amazônia (Fiam), realizada pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), no final do mês de outubro. O projeto foi escolhido pela FAPEAM para participar do Salão de Negócios Criativos, que reuniu empreendedores e inventores com as mais diversas tecnologias. Ao todo, 11 projetos buscavam parcerias para a viabilidade comercial.
Monitoramento residencial
Para quem costuma sair de casa e esquecer lâmpadas e outros equipamentos eletrônicos ligados, os sensores de monitoramento residencial do equipamento são essenciais para evitar o desperdício, pois através deles é possível controlar toda a iluminação da casa. De acordo com os donos da empresa, os serviços vão desde a identificação de vazamento de gás, janelas abertas ou quebradas até o controle das pessoas e dos horários de entrada e saída da residência.
Questionado sobre o diferencial entre os outros sistemas de monitoramento, eles disseram que o diferencial está na interação com o usuário. Os sensores sabem que não tem ninguém na casa e avisam ao proprietário sobre a eventualidade detectada. “É possível reduzir o consumo de energia em 15%, além de melhorar a segurança, o conforto e acessibilidade”, informou.
Luís Mansuêto - Agência FAPEAM