Professor da Coppe considera insuficiente lei de sacola plástica
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Três meses após a entrada em vigor da lei de sacolas plásticas no Estado do Rio de Janeiro, o professor José Carlos Pinto, do Programa de Engenharia Química da Coppe, aponta os benefícios e as contradições da medida. Para o especialista, a lei que incentiva mudanças nos hábitos dos consumidores nos estabelecimentos comerciais é uma gota
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Porfessor da Coppe sugere uso, reuso e reciclagem. |
no oceano.
Segundo o professor, dados oficiais da Comlurb apontam que menos de 20% de todo o lixo produzido na cidade do Rio de Janeiro são constituídos por resíduos plásticos, sendo que as sacolas plásticas representam uma fração ainda menor desse valor, enquanto o total de material reciclável, incluindo também papéis, vidros e metais, é superior a 36% e o percentual de material orgânico representa quase 60% da composição do lixo.
“A lei tem como principal benefício diminuir a redução do consumo de material plástico, mas sozinha é insuficiente para resolver o problema do descarte sumário de materiais no lixo, como demonstram os dados. O Estado do Rio precisa de uma política de descarte do produto mais ampla, para evitar o desperdício de matéria-prima e o acúmulo de materiais no lixão e estimular a reciclagem.”
“Para obter resultados mais efetivos, precisamos de uma política pública de reciclagem mais abrangente. A lei não deveria focar exclusivamente a sacola plástica, mas se estender a todo material descartável que possa ser reutilizado, seja plástico, papel, papelão ou alumínio. O importante não é o material, mas o uso que se faz dele”, ressalta o professor.
O professor sugere como medida o incentivo ao uso, reuso e reciclagem. “O bom hábito é ter uma bolsa que pode ser usada muitas vezes e que não é simplesmente jogada fora após a ida ao supermercado, seja ela constituída de material plástico ou não. Algo parecido com a velha bolsa ou o carrinho de feira, que qualquer pessoa com mais de 40 anos de idade é capaz de lembrar.”
Materiais degradáveis são mais nocivos ao meio ambiente
O especialista considera um equívoco atribuir ao plástico o papel de vilão do meio ambiente. Segundo o professor, trata-se de um material que apresenta as propriedades ideais para reciclagem e reuso. “É verdade que alguns desses materiais demoram mais
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Resina plástica pode ser reciclada a partir de técnica pioneira da Coppe |
de uma centena de anos para se decompor, mas, ao contrário do que muitos acreditam, isso pode ser bom. Exatamente porque não se degrada é que o material plástico pode ser usado e transformado muitas vezes”, explica.
Uma vez terminado o ciclo de vida do produto plástico, ele pode ser processado e usado como matéria-prima, dando início ao ciclo de vida de um novo produto. O pote de xampu de hoje pode ser a sacola plástica de amanhã e o saco de lixo de depois de amanhã, o que não seria possível se o material fosse degradável.
Esse é um dos motivos que leva o professor a condenar a opção de usar sacolas plásticas biodegradáveis, pois qualquer material orgânico produz toxinas e subprodutos indesejados quando se degrada. “A decomposição de matéria orgânica é um dos principais problemas de nossos rios e lagos, provocando a proliferação de algas e a mortandade de peixes, além de contribuir com o problema do aquecimento global quando resulta na produção de metano e dióxido de carbono. Os compostos orgânicos dissolvidos nas águas e solos provocam o desenvolvimento de bactérias, fungos e vermes e o esgotamento do oxigênio disponível nesses meios. Ao contrário do plástico, que, por não se degradar em alta velocidade quando despejado no ambiente, praticamente não produz toxinas no ambiente.”
José Carlos dá como exemplo a indústria do papel, que consome mais energia e é mais poluente que a indústria de resinas, gerando resíduos orgânicos, como o licor negro, que ainda hoje constituem um grande desafio ambiental. “Num certo sentido, a reciclagem do papel é muito menos eficiente que a do material plástico, pois uma parcela significativa do produto final se perde pela fácil degradação física e química, em particular quando em contato com a água”, afirma.
“O que devemos fazer com o material plástico que foi descartado pelo consumidor é reciclá-lo. O correto é impedir que esses materiais se acumulem nos lixões e estimular a reutilização dessa abrangente fonte de matérias-primas, como já ocorre com os materiais de alumínio, como latas de refrigerante e cerveja. O caminho é reduzir o desperdício, usar o lixo como matéria-prima e reciclar.”