Brasileiros usam veneno de peixe para produzir remédio contra asma
Substância provoca menos efeitos colaterais que as drogas usadas atualmente
Substância provoca menos efeitos colaterais que as drogas usadas atualmente
Pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, usaram o veneno do peixe niquim, que faz ataques frequentes no Brasil, especialmente no Nordeste, para produzir um remédio para tratamento da asma que provoca menos efeitos colaterais do que as drogas existentes atualmente no mercado, como o corticoide. Em 2009, a doença provocou 202,7 mil internações pelo SUS (Sistema Único de Saúde) no Brasil.
Os cientistas descobriram que um composto presente no veneno tem capacidade de tratar a inflamação das vias aéreas causada pela asma ao inibir a produção excessiva de células de defesa do corpo que atuam no pulmão.
Essas células produzem substâncias que são prejudiciais para os tecidos do órgão. Com o tempo, elas provocam uma diminuição do calibre das vias aéreas e aumentam a produção de muco, o que reduz a capacidade respiratória do paciente.
Atualmente, o corticoide é muito usado para prevenir as crises de asma, mas pode provocar efeitos colaterais em órgãos como rins e fígado e também prejudica o sistema imunológico, responsável pelo combate do corpo a infecções.
A farmacêutica Carla Lima, uma das responsáveis pela pesquisa, diz que o composto do veneno do niquim não provoca esses problemas.
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– Ele age direto no pulmão, nessas células que são nocivas, então a ação é mais direcionada.
De acordo com os pesquisadores, a droga previne as crises de asma e também suaviza os sintomas quando os picos da doença acontecem. Por enquanto, os testes foram feitos apenas em animais, mas a expectativa dos cientistas é fechar parceria para que uma empresa faça os testes clínicos em humanos – os estudos foram financiados em parte pelo laboratório Cristália.
A bióloga Mônica Lopes Ferreira, pesquisadora do Butantan, diz que o composto foi patenteado no Brasil e em mais oito países. Além da diminuição dos efeitos colaterais, ela destaca a importância de o produto ser brasileiro.
– Hoje nós não temos um remédio para a asma que tenha sido desenvolvido no Brasil.
Ainda não há data para o lançamento do produto, que pode ser tomado em forma de aerosol (como as famosas “bombinhas”) ou por comprimidos, no mercado.
Autor: SIS - SAUDE
Fonte: R7 Notícias