AGÊNCIA USP DE NOTÍCIAS-EDITORIA SAÚDE
Por Paloma Rodrigues
Análise espacial do estado do Pernambuco mostrou que nas regiões onde a incidência da chuva é acima ou abaixo da média, a mortalidade infantil é maior. A pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, realizada pela sanitarista Maria Aparecida Guilherme da Rocha, revela que variações na precipitação pluviométrica causam mais mortes entre crianças menores de um ano. “Tanto nos períodos em que choveu menos do que o esperado para a região, quando nas regiões onde a chuva superou as expectativas, foi maior a taxa de mortalidade.”
Para organizar a análise, as regiões do estado em foram divididas em duas partes: semiárido (parte mais seca, com uma média pluviométrica menor que 800 milímetros ao ano) e não semiárida (parte mais úmida — área no entorno da capital, da zona da mata, com média pluviométrica acima da média do estado). Foram 122 municípios analisados na região semiárida e 62 na região chamada pela pesquisadora e por seu orientador na pesquisa, Almerio de Castro Gomes, de ”não semiárida”.
Foram estudados dados dos últimos 11 anos da região. Os dados da quantidade de chuva são secundários do Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (LAMEPE). Com esses números em mãos, Maria Aparecida escolheu para estudar os três anos mais chuvosos e os três anos mais secos. Ela buscou no Ministério da Saúde os números de mortalidade infantil pra esses seis anos na região.
Mapa das zonas críticas
Em ambos os casos a variação de chuva afetou significativamente na mortalidade infantil. “Na região do semiárido, quando chove menos do que a média, há um aumento da mortalidade. E na região da mata, quando chove acima da média, há um aumento da mortalidade”. Isso pode indicar que a chuva tem um papel decisivo na questão, mas Maria Aparecida alerta que, ainda assim, não é possível afirmar que somente a chuva seja um fator de risco, já que há outros fatores que influenciam na mortalidade. “Há outros fatores como o saneamento básico e as condições socioeconômicas da região”, diz.
Em ambos os casos a variação de chuva afetou significativamente na mortalidade infantil. “Na região do semiárido, quando chove menos do que a média, há um aumento da mortalidade. E na região da mata, quando chove acima da média, há um aumento da mortalidade”. Isso pode indicar que a chuva tem um papel decisivo na questão, mas Maria Aparecida alerta que, ainda assim, não é possível afirmar que somente a chuva seja um fator de risco, já que há outros fatores que influenciam na mortalidade. “Há outros fatores como o saneamento básico e as condições socioeconômicas da região”, diz.
A pesquisa destaca o dado da Organização Mundial de Saúde, que aponta que 88% dos casos de diarreia no mundo são causados por ingestão de água contaminada ou pela ausência de água necessária para as práticas de higiene e a falta de saneamento básico.
Ainda assim, o ponto que ela levanta é que o excesso de chuva tenha levado à uma contaminação maior da água. O mesmo acontece quando há pouca água. “Tanto o déficit quanto o excesso podem levar à uma contaminação. Os dados que encontramos foram surpreendentes, mas a literatura do tema já mostrava que uma grande variação no volume de água afetam os níveis de contaminação da mesma. Os dados que encontramos foram surpreendentes para conhecimento da associação entre mortalidade infantil e precipitação pluviométrica, uma vez que a literatura já mostra que a mortalidade infantil reflete a qualidade do saneamento básico de uma região. Dessa forma, uma grande variação no volume de chuva, em lugares onde não existe saneamento básico adequado, pode aumentar a contaminação da água e isso contribuir para a mortalidade infantil.”
Na pesquisa, foi utilizado um software gratuito a qualquer serviço de saúde, elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE). Ele fornece mapas e estatísticas da região analisada. “Ele elabora mapas temáticos a partir das análises. Os mapas elaborados indicam as regiões mais críticas, onde a falta ou o excesso de chuva podem ser mais prejudiciais para a mortalidade infantil”, explica. Este software será de grande valia para qualquer serviço de saúde e facilitará em muito as análises porque mostra imediatamente onde está acontecendo a mortalidade infantil.
Maria Aparecida diz que a pretensão é mostrar o trabalho para a Secretária Estadual de Saúde de Pernambuco, para que se possa dar mais atenção para os municípios mais afetados, onde a situação é mais preocupante.
Foto: Cecilia Bastos, do Jornal da USP