Reflorestamento e conservação de nascente para deter degradação
Museu Paraense Emílio Goeldi aplica técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento para analisar cobertura vegetal no nordeste paraense e entender a Amazônia
Agência Museu Goeldi - Lugar de constante influência humana, a região amazônica há muito tempo tem sua paisagem natural modificada. O Estadodo Pará destaca-se como um dos que mais desmatam o bioma amazônico. Por se localizar no polígono de influência do arco do desmatamento,
sofre as consequências diretas dessa realidade.
sofre as consequências diretas dessa realidade.

O município chamou a atenção de pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi, pois em quase 50 anos de existência, a localidade já apresenta graus de mudança em sua cobertura vegetal significativos.
Para analisar tais mudanças o bolsista João Silva Júnior orientado pela pesquisadora da Coordenação de Pesquisa e Pós-graduação do Museu Paraense Emilio Goeldi, Arlete Silva de Almeida, desenvolveu o trabalho “Análise Multitemporal utilizando a técnica de sensoriamento remoto e Geoprocessamento no município de Bonito – Pará”.
Daqui - O produto de sensoriamento remoto fornece informações sobre o Meio Ambiente através de sensores orbitais que utilizam o geoprocessamento para pesquisa de análise multitemporal de uma determinada área. A pesquisa discute o uso e cobertura do solo e a dinâmica da paisagem do município, tendo como ferramenta principal a interpretação de imagens satélites.Os anos utilizados para o trabalho foram 1984, 1996 e 2008, por apresentarem as menores coberturas de nuvens, tornando as imagens de satélite mais nítidas.

Bonito como outros municípios da região sofre com um modelo de ocupação que se baseia no avanço do capital agroindustrial e na mudança no modo de tratar o solo, o que provoca alterações na utilização dos recursos hídricos, na dinâmica da paisagem e nas relações sociais.
Esse modelo de ocupação da terra tem elevado significativamente o desmatamento na Amazônia legal: estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que a Amazônia apresentava uma taxa de desflorestamento para o período compreendido entre agosto de 2008 e agosto de 2009 da ordem de 7.008 km².
Pasto e monocultura - A partir da análise dos resultados percebeu-se que o município é um reflexo da região em que está inserido, onde, em 1984, a floresta primária já apresentava-se degradada.
A diminuição das florestas secundárias (capoeira) para criação de pasto e cultivo de monocultura (dendê) foi outro resultado encontrado na análise. Esse fator merece atenção, pois, a capoeira na Amazônia representa o período de pousio para o plantio de cultura de corte e queima: naturalmente haverá a recuperação de áreas que sofreram intervenção humana, o que ajuda na manutenção do equilíbrio ambiental.
Ainda como fruto da pesquisa, objetiva-se “elaborar um banco de dados cartográficos, para monitorar de forma constante as mudanças ambientais que possibilitara a criação de políticas públicas para Bonito”.
Texto: Lucila Vilar