Bem conservada e de alta importância biológica, em sua proximidade à área de exploração mineral, a Reserva do Tapirapé, no sudeste do Pará, ganha plano de manejo
Agência Museu Goeldi
Um Plano de Manejo para a Reserva Biológica do Tapirapé (Rebiota) traz um pouco mais de informações sobre a biodiversidade da região do sudeste do Pará. Com respeitável diversidade biológica, a área é de alta importância biológica. Realizado pela empresa Ambiental Consulting em colaboração com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), através de contrato com o Fundo Brasileiro para Biodiversidade (Funbio), no âmbito do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), o Plano revela aspectos da fauna e da flora da microrregião.
Do Museu Goeldi, participaram da construção do plano, o engenheiro agrônomo José Amir Lima e o ornitólogo Alexandre Aleixo. Segundo Amir Lima, o estado de conservação da área é muito bom e ainda há a possibilidade de serem encontradas novas espécies de vegetais dentro da reserva devido a sua amplitude e complexidade.
“O plano de manejo da Rebio do Tapirapé é mais um passo para a conservação da biodiversidade amazônica, pois as Unidades de Conservação (UC) ou áreas protegidas vem se revelando como uma das estratégias de conservação da natureza mais adotadas no mundo”, explica o engenheiro agrônomo, lembrando que o trabalho foi um levantamento inicial da biodiversidade local. Além disso, Amir Lima destaca ainda a importância do apoio técnico-científico dos botânicos Manoela Ferreira da Silva e João Batista da Silva, que apesar de não fazerem parte da equipe, contribuíram para a realização deste plano, bem como o taxonomista Elielson Rocha - todos vinculados ao Museu Goeldi.
O plano é dividido em seis encartes que tratam da contextualização da Unidade de Conservação e da região na qual esta se localiza; do zoneamento, programas e ações de manejo para a área; projetos de educação ambiental e desenvolvimento sustentável; e o monitoramento e avaliação do próprio Plano de Manejo.
Necessidade de preservar - A Rebiota possui valor ecológico, estratégico e político global por sua inserção no Bioma Amazônia, e se constitui prioritária como declarado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), além de se inserir entre as metas do Arpa. Localizada na ecorregião de Florestas Úmidas do Xingu/Tocantins–Araguaia e parte integrante dos municípios paraenses de Marabá e São Félix do Xingu, a reserva apresenta diversos tipos de vegetação, com predomínio de florestas abertas e densas.
Além disso, a reserva faz parte de um conjunto de UCs denominado Mosaico de Carajás, abrangendo cinco Unidades de Conservação Federais, sendo: três Florestas Nacionais (do Tapirapé-Aquiri, de Carajás e do Itacaiunas), uma Reserva Biológica (do Tapirapé) e uma Área de Proteção Ambiental (do Igarapé Gelado) um conjunto com cerca de 800 mil hectares de áreas protegidas próximas ao projeto de mineração Ferro Carajás da Companhia Vale do Rio Doce (Vale), na região da Serra dos Carajás no sudeste do Pará.
Para a elaboração do Plano, uma equipe multidisciplinar esteve em duas ocasiões na região durante o ano de 2009, quando procurou incrementar as informações técnicas e científicas da reserva, atualizando as diretrizes administrativas a serem implantadas no seu manejo e operacionalização. A equipe teve ainda a contribuição da comunidade
Descobertas - A reserva encontra-se extremamente preservada e a sua riqueza vegetal tem grande importância para a conservação, pois apresenta espécies das principais famílias botânicas da Amazônia, incluindo ameaçadas de extinção: castanha-do-pará Bertholletia excelsa, cipó-titica Heteropsis flexuosa (Kunth) G.S. Bunting, angelim-pedra Hymenolobium excelsum, cedro Cedrela odorata, mogno Swietenia macrophylla, geniparana Gustavia cf. erythrocarpa e virola Virola surinamensis, sendo a maioria típica de floresta tropical de terra firme. Complementarmente, estão presentes em menor número espécies de outros ambientes como floresta de igapó, floresta de várzea, canga, macrófitas aquáticas e outras.
Em relação à avifauna, área sob a coordenação de Alexandre Aleixo, grande parte dos grupos presentes na região é composta por espécies insetívoras e frugívoras de tamanho pequeno, como os bem-te-vis, joões-bobos e arapaçus. Das espécies maiores, merecem destaque várias espécies de gaviões (famílias Accipitridae e Falconidae), papagaios e araras (Psittacidae) e tucanos (Ramphastidae). A Rebiota apresentou, então, alta diversidade de aves em todos os pontos amostrados, incluindo a presença de espécies ameaçadas.
Por essa sua diversidade, a Rebiota é uma área classificada como de importância biológica extremamente alta, cuja prioridade de ação é também considerada extremamente alta. “Por isso é importante dar continuidade aos planos de manejo e as suas atualizações” destaca Amir Lima.
Texto: Vanessa Brasil