sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

NATAL DA ELETRORECICLAGEM ANTECIPA PRÁTICAS DA POLÍTICA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO ESTADO

DO INEA
Fotografia de Luiza Reis Os circuitos dos aparelhos eletroeletrônicos contêm, em média, 17 tipos de metais pesados e produtos tóxicos entre os componentes. Multiplicando-se pelos milhões de computadores, celulares e outros produtos da indústria de bens de consumo que hoje, somente no Brasil, superam em número o de brasileiros, reciclar é questão de sobrevivência.

O argumento deu tom ao início da campanha Natal da EletroReciclagem, nesta quarta-feira (15/12), na estação Carioca do Metrô, no Centro do Rio, aberta pela Secretária de Estado do Ambiente, Marilene Ramos, pelo presidente do Instituto Estadual do Ambiente, Luiz Firmino Martins Pereira e pelo presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Carlos Minc.

Até o próximo dia 25/12, período de duração da campanha, equipamentos eletroeletrônicos sem uso poderão ser descartados em contêineres cedidos pela empresa de embalagens Tetrapak, nas estações Carioca e Central do Metrô, entre 06h e 16h. Todo o material arrecadado será recolhido pela empresa Reciclo Ambiental, de São Paulo, onde será devidamente separado e encaminhado às processadoras que, por sua vez, vão beneficiar e, posteriormente, devolver às indústrias como matéria-prima e insumo.

O Brasil não dispõe de tecnologia para reciclar alguns dos componentes dos equipamentos eletrônicos, cerca de 4% do total, principalmente chips. Esses materiais serão então encaminhados para a Suécia, pela Intrapar, empresa nacional parceira de uma processadora no país europeu, onde também receberão destinação correta. O processo será todo auditado e no final da campanha será feita uma prestação de contas.

- No Natal muitos de nós vamos substituir celulares e computadores por modelos novos. Então vamos destinar os aparelhos e equipamentos inservíveis para a reciclagem. Vamos dar esse presente de Natal para o planeta - convocou Minc.

A Secretária destacou a importância do descarte responsável do lixo eletrônico, sobretudo, pelo perigo que representa ao meio ambiente e a saúde. Entre os componentes há metais pesados como chumbo, cádmio, mercúrio que se lançados de maneira inadequada podem contaminar o solo, a água e ainda causar doenças graves.

- Retirando do ambiente e encaminhando para reciclagem os ganhos são imensuráveis. Evita-se a contaminação e ao mesmo tempo deixa-se de extrair mais matéria-prima da natureza com a reutilização desses materiais. Além disso, é possível gerar emprego e renda em vários níveis da cadeia produtiva – citou Marilene Ramos.

De acordo com o deputado, a campanha tem por objetivo antecipar práticas, como a logística reversa da recém aprovada Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) no Estado, e ainda fornecer subsídios à lei que está em fase de regulamentação. Nesse momento, conforme o deputado, estão sendo definidas as responsabilidades que cabem a cada setor da sociedade.

- Poder público, indústria, comércio e consumidores têm responsabilidade sobre a produção do lixo hi-tech. A logística reversa, que determina o recolhimento dos resíduos de consumo e de produtos em desuso, após devolução dos consumidores, ainda é uma questão pouco considerada no Brasil, mas será prática obrigatória a partir da regulamentação da lei – lembrou o deputado, destacando que no ano que vem a coleta de eletroeletrônicos inservíveis já deverá ser permanente.

Segundo a secretária, a antecipação de práticas da nova lei também contribui para elaboração do Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PEGIRS/RJ, que está em fase de conclusão, e para o programa estadual de desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva da reciclagem, o Recicla Rio. Essas políticas, segundo Marilene Ramos, visam a aumentar a coleta seletiva de resíduos no estado, que atualmente giram em torno de apenas 3% do total de todo o lixo produzido.

- A nova lei também estabelece a responsabilidade pós-consumo, pós-venda, e a compartilhada, além da logística reversa. Embora pareçam ser a mesma coisa, cada prática desta tem especificidades a serem consideradas. Produtos tóxicos, perigosos, recicláveis e reutilizáveis têm ciclos de uso diferenciados e necessitam de manipulação e destinações específicas – completou Marilene Ramos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que anualmente 96,8 mil toneladas de equipamentos eletroeletrônicos são descartadas no Brasil. O diretor da Reciclo Ambiental, Ronylson Rodrigues de Freitas, lembrou que o número de linhas ativadas de celulares no País já supera de 190 milhões, sem considerar os aparelhos em desuso. Em 2022, segundo o empresário, as estimativas são de que essa quantidade deve praticamente dobrar, podendo chegar a algo em torno de 300 milhões linhas, assim como o número de computadores ativos, que deve alcançar no mesmo período um total de 200 milhões.

- Isso sem considerar os inservíveis – reitera. Atualmente, a indústria de eletroeletrônicos é baseada no consumo e no ritmo de inovação elevados e na obsolescência programada, que predetermina o tempo de duração dos bens de consumo. A principal consequência disso é o aumento da geração de resíduos. Por isso é tão importante esclarecer que esse não é lixo normal e, portanto, deve receber tratamento específico – concluiu Freitas.

A iniciativa é uma parceria do Ministério do Meio Ambiente, da Secretaria de Estado do Ambiente, do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), do Metrô Rio, da Tetrapak e da Federação das Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis (Febracom).

POSTOS DE COLETA:

Estação Carioca - O estande fica próximo do acesso à Avenida Rio Branco, no mezanino.

Estação Central – O estande fica no acesso ao antigo prédio da Rede Ferroviária Federal (RFFSA).