sexta-feira, 19 de março de 2010

ENSEADA DO PAJUÇARA TERÁ "ZONA DE EXCLUSÃO"

IMA e Ufal analisam enseada da Pajuçara para criação de uma “zona de exclusão”
Área será interditada para incentivar a reprodução e o repovoamento das espécies marinhas


Equipes do IMA farão análise do material coletado na enseada de Pajuçara





Flávia Batista/IMA

Em cerca de dois meses, a enseada da praia de Pajuçara terá a primeira zona de exclusão de Alagoas. As medidas iniciais para isso foram iniciadas nesta sábado (13), através de uma ação realizada pelo Gerenciamento Costeiro (Gerco) do Instituto do Meio Ambiente (IMA) e pelo Setor de Biodiversidade e Ecologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal)

Através de equipamentos de GPS, as equipes do IMA e da Ufal localizaram bancos de recifes de coral que passarão por uma análise biológica a fim de identificar os de maior biodiversidade. “Depois de detectarmos qual o banco com maior diversidade biológica, o elegeremos como zona de exclusão. Isso significa que ele terá acesso interditado tanto para a pesca, quanto para qualquer outro tipo de atividade”, explicou Ricardo César, coordenador do Gerco

A idéia, segundo explicou o coordenador, é promover o repovoamento de espécies da fauna e da flora nesta zona de exclusão. “A partir do momento que as espécies marinhas forem se reproduzindo, naturalmente estes indivíduos repovoarão os outros recifes adjacentes. Este é o grande objetivo da criação da zona de exclusão”, resumiu.

O trabalho de identificação da biota na enseada da Pajuçara é o passo decisivo para a criação da primeira zona de exclusão de Alagoas. Mas, tanto Ricardo César, quanto o coordenador do Setor de Biodiversidade e Ecologia da Ufal, professor Gabriel Le Campion, acreditam os sinais observados indicam a necessidade de uma medida maior, que é a proibição permanente de pesca de arrasto em toda enseada. “Recebemos inúmeras denúncias sobre a pesca de arrasto nesta área. Muitas espécies marinhas acabam sendo dizimadas porque são arrancadas neste tipo de pesca predatória. E as consequências são claramente observadas, que é a diminuição da diversidade de espécies”, explicou Le Campion, citando como exemplo os cavalos marinhos, que há anos eram vistos em abundância na região. “Hoje já não vemos mais cavalos marinhos”, lamentou.

Outras zonas de exclusão devem surgir em Alagoas logo após a implantação na praia de Pajuçara.