Cientistas alemães e brasileiros se unem em projeto de preservação da Mata Atlântica
Autora: Anna Pellacini-Revisão: Alexandre Schossler/DW-world-de
A Mata Atlântica em Cachoeiras de Macacu, no estado do RJ
Uma corrida contra o tempo: restam apenas fragmentos da Mata Atlântica na costa brasileira. Uma parceria entre a Alemanha e o Brasil na Serra do Órgãos, no Rio de Janeiro, busca contribuir para a preservação da floresta.
Verde, ampla e com uma biodiversidade paradisíaca: esses tempos se foram. Hoje a Mata Atlântica na costa brasileira está mais para campos empoeirados do que para áreas férteis, e gasodutos atravessam a paisagem idílica.
Uma tentativa de conter a devastação da natureza foi iniciada por cientistas alemães e brasileiros. Dinario, como é chamado o projeto, é conduzido na Serra dos Órgãos, perto da cidade de Teresópolis, no Rio de Janeiro. Lá trabalham especialistas alemães em conjunto com parceiros brasileiros.
Juntos eles desenvolvem estratégias sustentáveis de utilização da terra na região, priorizando tanto a conservação da natureza como o desenvolvimento econômico. Desde 2007, o Ministério da Educação e Pesquisa da Alemanha incentiva o projeto, cujo parceiro brasileiro é a Embrapa. O objetivo é mostrar aos fazendeiros e às indústrias como eles podem se engajar na proteção do meio ambiente mantendo seus lucros.
Moradores de Teresópolis, no Rio de Janeiro
Significado global
O projeto é conduzido pelo professor Hartmut Gaese, do Instituto de Tecnologia Tropical da Universidade de Colônia. "É o desafio de lidar com as regiões que, por meio dos mercados mundiais, também nos afetam."
Segundo o professor, essas regiões não estão sob pressão apenas devido ao aumento populacional, mas também porque a demanda por recursos está aumentando. "O uso sustentável dos recursos é a questão central para a nossa sobrevivência futura."
A cientista Ana Turetta, da Embrapa, é a parceira do professor Gaese no projeto Dinario. Ela destaca o caráter piloto do projeto conjunto entre os dois países.
"Como o uso da terra e as mudanças no uso da terra são uma das maiores fontes de gases do efeito estufa e uma das principais causas do aquecimento global, esperamos ser um bom exemplo, por meio do desenvolvimento de sistemas sustentáveis, para o avanço no combate às mudanças climáticas", declarou a cientista.
Ambos destacam que esperam seguir novos rumos na pesquisa sobre os ecossistemas e a sua influência no clima. O importante, ressaltam, é que esses novos caminhos sejam seguidos de forma metódica, porque os resultados poderão ser aplicados a outros ecossistemas.
Remanescentes da floresta tropical
Projeto Dinario é conduzido perto da cidade de Teresópolis
O paraíso da fauna e da flora está visivelmente se esgotando. A Mata Atlântica acompanhava 5 mil quilômetros da costa brasileira e ia do sul do Rio Grande do Sul até o norte do Ceará. Originalmente, a biodiversidade da mata era ainda maior do que a da Floresta Amazônica.
Porém, como consequência da colonização intensa e do uso das terras, o paraíso natural, que antes ocupava uma área de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, está hoje restrito a apenas 50 mil quilômetros quadrados.
As causas da devastação são o pastoreio excessivo, a agricultura, a contaminação das águas e as queimadas. "Só restaram fragmentos da mata original, o que cria o temor de que em breve nada mais haverá. Isso levanta a questão de quão grandes devem ser esses fragmentos remanescentes para que eles possam existir como unidade ecológica", diz Gaese.
Os esforços valem a pena, destaca o pesquisador. Segundo ele, poucas vegetações se regeneram mais rápido do que a floresta da costa brasileira. O que os cientistas dos dois países esperam agora é que o projeto, cujo final está previsto para este ano, seja mantido.