sábado, 15 de maio de 2010

ESALQ PESQUISA INVASÃO DE LAGARTA EM PIRACICABA



Lagartas cosmosoma em planta hospedeira
Crédito: Divulgação

Mariposa cosmosoma
Crédito: Divulgação

Pupas cosmosoma
Crédito: Divulgação

Investigação sobre lagartas invasoras atendeu solicitação de morador do Jupiá



Um surto de lagartas que invadiu algumas casas em Piracicaba, no bairro Jupiá, fez com que pesquisadores do departamento de Entomologia e Acarologia (LEA), da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ), fossem até o local para verificar possíveis causas do ataque. Naquele bairro, a pesquisadora Patrícia Milano e a estagiária Fernanda Barbosa Lima, encontraram-se com o morador de uma das residências invadidas pelas lagartas e notaram que próximo às casas por onde as lagartas se alastraram havia um terreno onde são criados cavalos e bois, além de uma área verde. Ali constataram a presença dos insetos que estavam localizados em planta hospedeira, semelhante a uma trepadeira, identificada pelo professor Lindolpho Capellari Junior, do departamentoto de Ciências Biológicas (LCB), como pertencente ao gênero Serjania, da mesma família do guaraná.

O próximo passo das pesquisadoras foi coletar as lagartas para criá-las na planta hospedeira a fim de conseguir as pupas que ficam abrigadas dentro de um casulo de seda. Dessa forma, foi possível obter as mariposas, identificadas pelo docente do LEA, Sinval Silveira Neto, como pertencentes à espécie Cosmosoma teuthras, família Arctiidae, espécie de hábitos noturnos comum em todo país.

O que poderia ter causado esse surto? A investigação indicou que o ocorrido deveu-se, principalmente, ao fato das lagartas não encontrarem inimigos naturais para combatê-las. A bióloga Patrícia Milano, especialista em controle biológico e biologia de insetos, explica que "a invasão de lagartas desta família de mariposa que não causa queimaduras ocorreu devido à falta de inimigos naturais como fungos entomopatogênicos (fungos que só matam insetos) e outros patógenos, mesmo com a abundância de chuvas e calor, condições propícias à proliferação destes agentes de controle. Além disso, os ovos colocados pelas mariposas e, posteriormente as lagartas e pupas, não foram parasitados ou predados por uma série de outros inimigos como vespinhas, tesourinhas, aranhas, pássaros e outros, o que possibilitou a explosão da população de lagartas desta espécie que não é praga, mas que pode ocorrer por todos esses motivos", explica a pesquisadora.

A conclusão a que chegou a bióloga é que, devido à alta população de lagartas, a quantidade de folhas da planta hospedeira existente no local foi insuficiente, o que levou os insetos a procurarem por mais alimento. Nessa procura, centenas de lagartas acabaram por invadir as casas e, não encontrando alimento nesses locais, morreram de fome.

"Vários motivos, considerados comuns, provocam surtos de insetos, tais como condições climáticas favoráveis ou mesmo desequilíbrios biológicos, devido à aplicação de produtos químicos que eliminam os inimigos naturais dos insetos que os mantêm em equilíbrio", afirma a pesquisadora. "O caso notado é um ótimo exemplo de que a própria natureza se encarrega da eliminação de insetos potenciais pragas, não exigindo a aplicação de produtos químicos que podem causar prejuízos ao meio ambiente, ao homem, aos animais como os peixes, os polinizadores, entre outros. A consulta a especialistas em insetos, aos entomologistas, deve ser feita em casos como este registrado no bairro Jupiá, antes de se tomar qualquer medida de controle", finaliza Patrícia.



A pesquisadora no LEA



No mestrado, sob orientação do professor José Roberto Postali Parra (LEA), Patrícia Milano realizou pesquisa na área de Controle Biológico relacionada a espécie Ageniaspis citricola, micro vespa de grande importância no controle da mariposa praga dos citros conhecida como Phyllocnistis citrella ou minador-dos-citros. No doutorado, sob orientação do professor Evoneo Berti Filho (LEA) e co-orientação dos professores Fernando Luis Cônsoli (LEA) e José Roberto Postali Parra (LEA), desenvolveu pesquisa na área de Biologia de Insetos com ênfase na reprodução de mariposas, freqüência de acasalamentos e temperatura na reprodução das mesmas. No pós-doutorado, as pesquisas tiveram continuidade com foco em duas espécies: Anticarsia gemmatalis, praga da soja, e Spodoptera frugiperda, praga do milho. Neste trabalho, observou-se como o tamanho das mariposas bem como a falta de nutrientes poderiam afetar o acasalamento das mesmas e, portanto, sua reprodução.







Texto: Alicia Nascimento Aguiar/ESALQ
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