quarta-feira, 19 de maio de 2010

CONHECENDO OS JABUTIS DA AMAZONIA


JABUTIS DA AMAZÔNIA - Conhecendo as espécies que vivem na floresta


Jabuti-piranga. Animal chega a medir 45 centímetros de comprimento e pesar oito quilos

Por Camila Ferrara*

Um animal de casco duro, conhecido por sua lentidão ao andar e por se esconder em sua carapaça quando incomodado. Claro, estamos falando do jabuti!

As tartarugas e os jabutis fazem parte de um grupo chamado pelos cientistas de quelônios. Existem cerca de 300 espécies de quelônios distribuídas por todos os continentes, com exceção da Antártica. No Brasil são 32 espécies. Entre as que ocorrem na Amazônia estão a tartaruga-da-amazônia, o tracajá e o mata-matá.

Os quelônios são divididos em terrestres e aquáticos.

Os quelônios que vivem na água são conhecidos como tartarugas. Eles podem viver tanto na água doce, como a tartaruga-da-amazônia, quanto na água salgada, como a tartaruga-verde. Suas principais características são o casco achatado e a presença de nadadeiras ao invés de patas, o que os ajuda durante a natação.

Os quelônios terrestres são chamados de jabutis. Eles podem viver em diferentes ambientes, desde a floresta até o deserto, e suas características principais são o casco alto em forma de cúpula e os membros baixos e robustos.

Na Amazônia existem duas espécies de jabutis: o jabuti-piranga e o jabuti-amarelo.

O Jabuti-piranga
O jabuti-piranga, ou jabuti-vermelho, tem o nome científico de Chelonoidis carbonaria. Seu casco é preto e a cabeça e os membros apresentam manchas vermelhas ou laranjas. Indivíduos da espécie chegam a medir 45 centímetros (cm) de comprimento e pesar oito quilos (kg).

Amplamente distribuído pela América do sul e ocorrendo em todo Brasil, o jabuti-piranga gosta de áreas abertas e de gramíneas, porém vive também na floresta. Ele tem hábitos diurnos e, apesar de ser solitário, pode ser visto em grupos alimentando-se embaixo de árvores com frutos caídos.

Ao defecarem as sementes dos frutos que comeram, os jabutis-piranga ajudam a dispersar o material. Esse "trabalho" de dispersão de sementes é muito importante para a sobrevivência da floresta. A dieta dessa espécie inclui ainda flores, cogumelos, sementes, insetos, animais mortos e fezes.

As fêmeas de jabuti-piranga colocam cerca de seis ovos em ninhos rasos e a desova ocorre no período entre agosto e janeiro. Os jovens são mais ativos que os adultos, que gastam a maior parte do seu tempo comendo e descansando. Vendida ilegalmente como animal de estimação, a espécie também é muito consumida como alimento – atividade permitida caso os animais venham de criadouros.

O Jabuti-amarelo
Podendo alcançar 82 cm de comprimento e 60 kg, os jabutis-amarelos têm casco marrom-claro com manchas amarelas ou laranjas-pálidas. Conhecida cientificamente pelo nome de Chelonoidis denticulata, essa espécie gosta de viver em florestas tropicais como a Amazônia, sendo comum na Venezuela e no Brasil.

Geralmente solitários, os jabutis-amarelos se alimentam principalmente durante o dia e têm como alimentos favoritos frutos, flores, sementes, insetos e animais mortos. Assim como seus primos vermelhos, também ajudam na dispersão de sementes pela floresta.

Animais da espécie copulam durante todo o ano, principalmente entre agosto e fevereiro. As fêmeas depositam cerca de oito ovos que, geralmente são enterrados, mas podem também ser apenas cobertos com folhas. Muito consumida por populações rurais e indígenas, esta espécie é pouco usada no mercado ilegal de animais de estimação.


*Camila Ferrara é doutoranda do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), onde estuda quelônios. Este é um trecho do texto produzido por ela para a primeira edição do programa Verde Perto, realizado pelo Musa/do musa.org