quinta-feira, 4 de novembro de 2010

ARTE NA ESCOLA

Programa valoriza a arte na escola


Em agosto, foi a vez dos alunos da Escola Estadual
Barão do Rio Branco conhecerem o acervo da Funai


por Yuri Rebêlo
foto Alexandre Moraes










da UFPA/JORNAL BEIRA DO RIO

O estímulo à criatividade torna os seres humanos mais inovadores e ousados em vários aspectos: seja como um executivo criativo nas manobras econômicas, seja como um jogador de futebol capaz de passes improváveis, seja como um escritor de romances bem tramados. E esse estímulo começa ainda na infância, fase em que os pais e a escola desempenham papel fundamental.  Por essa razão, o ensino da Arte é tão importante nas séries iniciais da educação básica. Para facilitar este aprendizado, a Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio da Faculdade de Artes Visuais (FAV), desenvolve o Programa "Arte na Escola".

O Programa faz parte de uma rede nacional de mesmo nome e já existe há 21 anos. Atualmente, conta com 50 polos em 46 cidades de 22 Estados. O objetivo da rede é melhorar o ensino de Arte no País. Na UFPA, o Programa existe há 15 anos e desenvolve projetos de formação continuada de professores, possui uma midiateca e divulga o prêmio "Arte na Escola Cidadã", com o qual são premiadas, nacionalmente, experiências significavas, desenvolvidas em sala de aula com o intuito de divulgar e valorizar o trabalho do professor.  O Polo Belém conta, ainda, com o Projeto "Arte e Artesanato Indígena", uma exposição itinerante de artefatos que pode envolver também atividades lúdicas e educativas.

Desde 2007, o Polo Belém do Programa "Arte na Escola", hoje coordenado pelo professor Neder Charone,  é parceiro da Fundação Nacional do Índio (Funai), que cede as peças para o acervo da exposição. A UFPA é responsável pela curadoria, pela montagem da exposição nas escolas da rede pública de ensino da Região Metropolitana de Belém e por todas as atividades educativas.

Ao longo desses quase quatro anos, a exposição já passou por escolas de vários bairros da cidade. Segundo a subcoordenadora do Programa, professora Sandra Francisco, o Projeto "Arte e Artesanato Indígena" foi idealizado exatamente para incluir a cultura regional no programa de ações do Polo Belém. "Nós visualizamos esta possibilidade e implementamos a ação educativa. Hoje, outros polos da Região Norte pretendem implementar projetos semelhantes".

Material é utilizado para atividades interdisciplinares

Ricardo Alves, professor de Geografia e Estudos Amazônicos na Escola Estadual Barão do Rio Branco, que recebeu a exposição durante o mês de agosto, avalia a iniciativa como uma boa oportunidade para cativar os alunos.  "O grande legado que estas exposições trazem é atrair os alunos pela curiosidade. Eles querem saber o significado dos artefatos e como são utilizados no dia a dia. Para nós,  professores,  é muito bom poder usar este tipo de exposição como uma ferramenta de trabalho", afirma.

Na exposição, estão materiais de caça, adereços, utensílios domésticos, objetos com os mais variados fins e de diversas etnias, como Tembé, Pataxó, Wai-wai, Karajá, Kaiapó, entre outras. Um aspecto importante e que merece ser destacado, de acordo com a professora Sandra Francisco, é o cuidado que as escolas e os alunos têm com o material, "nunca houve necessidade de reposição. Na escola, da direção aos professores, dos alunos aos demais funcionários, todos zelam pelo acervo e dele cuidam com respeito".

Outra característica importante do Programa é a possibilidade da escola desenvolver ações interdisciplinares. Segundo Sandra Francisca, não são poucos os casos de professores utilizando materiais e métodos fornecidos pelo "Arte na Escola" para o ensino de diferentes disciplinas. Este é, inclusive, um dos objetivos do Programa. "O material é especializado para o ensino das artes, mas ele também pode favorecer o desenvolvimento de projetos interdisciplinares", afirma a professora.

Um grande suporte para esses projetos interdisciplinares é o Projeto "Midiateca", composto por um acervo de DVDs, imagens, CDs, entre outros materiais que o professor pode utilizar em sala de aula. É um acervo especializado, com títulos das artes moderna e contemporânea brasileiras e está disponível, gratuitamente, para professores que atuam com o ensino das Artes nas redes públicas de ensino e para alunos de graduação nas áreas das Artes do Instituto de Ciências da Arte.

Para fazer uso do acervo, é necessário fazer um cadastro na sala do Projeto, localizada no Ateliê de Artes da UFPA. Além disso, a cada dois meses, o "Midiateca" promove a projeção de filmes em DVD. Após a exibição, ocorrem discussões mediadas por especialistas na temática abordada.

Minicursos, oficinas e palestras para professores

Outro projeto que integra o Programa é o de formação continuada de professores. Ele é desenvolvido em parceria com as instituições de ensino municipais e estaduais. São ofertados minicursos, oficinas, palestras e debates. As secretarias de ensino articulam com as escolas para que os professores estejam presentes em cada evento.

As atividades são independentes, assim, o professor pode escolher de qual quer participar. Todos os espaços do projeto são abertos e qualquer interessado pode obter informações e comparecer ao local do evento.

Também faz parte do Programa, o Projeto "Prêmio Arte na Escola Cidadã". O prêmio é uma forma de valorizar os professores de Arte de todo o Brasil, pelo trabalho desenvolvido em sala de aula. Anualmente, os professores inscrevem os trabalhos dos seus alunos, os selecionados irão representar os polos, que disputam entre si. "O trabalho deve ser desenvolvido durante as aulas da disciplina na escola básica, promovendo o conhecimento da Arte e a construção da cidadania", explica a subcoordenadora do Polo Belém, Sandra Francisco.

No ano passado, a UFPA ficou entre os doze finalistas, mas não levou o prêmio. Este ano, a Universidade foi premiada com o Projeto Auto da Barca Amazônica, desenvolvido pela professora Jaqueline Cristina Souza da Silva, na Escola São Francisco Xavier, no município de Abaetetuba. O Programa "Arte na Escola" valoriza e divulga o trabalho do professor de Artes para que, em um futuro não muito distante, esta área seja valorizada na formação e no crescimento dos estudantes.