Por Guilherme Dreyer Wojciechowski - SopaBrasiguaia.com
Enquanto uns gastam energia elétrica demais, outros não têm sequer uma única lâmpada. No Paraguai, país com pouco mais 1,3 milhão de usuários residenciais, comerciais e industriais do setor elétrico, pouco mais de 10% gastam o equivalente a 45% do consumo.
Foi o que revelou, nesta segunda-feira (08), o jornal ABC Color, que cita como fonte o estudioso Ernesto Samaniego, professor universitário e ex-diretor de planejamento da estatal Administração Nacional de Eletricidade (ANDE), responsável pela produção e distribuição de energia no Paraguai.
Segundo Samaniego, pouco mais de 130 mil clientes são responsáveis pelo consumo de até 45% da energia disponível no sistema elétrico paraguaio, cuja base de alimentação é composta pela hidrelétrica de Acaray e pelas binacionais Itaipu (com o Brasil) e Yacyretá (com a Argentina).
Nos cálculos de Samaniego, cerca de 20% de toda a energia comprada pelo Paraguai às binacionais perde-se pelo caminho devido ao sucateamento da rede e à realização de “gatos”, com prejuízo anual estimado em US$ 60 milhões à ANDE.
Consultado a respeito das medidas de racionamento adotadas pelo governo no final da semana passada, o especialista apontou que o Paraguai enfrenta dois grandes problemas: a pouca disponibilidade de linhas de transmissão e a incapacidade do sistema em aguentar a carga máxima registrada nos horários de pico.
Tais problemas estariam solucionados, apenas, em meados de 2014, com a construção de uma nova linha de transmissão entre Itaipu e a região metropolitana de Asunción e a instalação de novos transformadores em todo o país, substituindo as “relíquias” atuais por modelos mais novos e eficientes.
Apenas nos últimos seis anos, a demanda elétrica no Paraguai aumentou 57%, sem que investimentos tenham sido realizadas para atendê-la.
O pico de consumo no país, alcançado na noite da última quinta-feira (04), em horário de intenso calor, foi de 1.887 megawatts, cifra que equivale a menos de três das dez turbinas paraguaias em Itaipu, porém, excede em quase 10% o limite de “confiabilidade” das redes de transmissão da ANDE.