segunda-feira, 26 de abril de 2010

ALDEIA KADIVÉU ABANDONADA HÁ CINCO MESES

Aldeia Kadiwéu em Porto Murtinho (MS) está abandonada há cinco meses





Sessenta e nove indígenas deixaram aldeia após chuvas destruírem acesso. MPF faz intermediação de acordo com governo estadual



Os 69 indígenas da aldeia Córrego do Ouro, na Terra Indígena Kadiwéu, em Porto Murtinho , sudoeste de Mato Grosso do Sul, estão fora de suas casas desde o final de novembro. Eles abandonaram a aldeia após as chuvas destruírem o único acesso à região. A aldeia fica a 15 quilômetros da rodovia MS 339 e a 55 quilômetros da cidade mais próxima, Bodoquena. É a mais nova das seis aldeias que compõem a terra indígena.




Em inspeção realizada na terça, 20 de abril, o procurador da República Emerson Kalif Siqueira e o engenheiro José Carlos Mônaco, da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), comprovaram que a estrada está erodida, tomada por valas, mato e áreas alagadas. A maior ponte do trecho, de 6 metros de comprimento, foi levada pelas águas. Só é possível transitar a pé por ali, mesmo assim com dificuldade. Segundo os indígenas, a última manutenção na estrada foi feita há dois anos, pela prefeitura de Porto Murtinho.



Até levar o caso ao Ministério Público Federal (MPF) os indígenas tentaram conseguir das prefeituras de Porto Murtinho e de Bodoquena o conserto da estrada, sem sucesso. Apesar de a responsabilidade administrativa pela estrada ser da prefeitura de Porto Murtinho, o governo estadual se comprometeu com o MPF a disponibilizar os recursos necessários para o conserto da estrada. Ainda não há prazo estimado para que o acesso à aldeia seja restabelecido.



Aldeia abandonada - De acordo com os indígenas, plantações de mandioca, milho, feijão e melancia se perderam, assim como a criação de animais, à exceção dos bovinos, que estão soltos no pasto. Os indígenas ocupam, há cinco meses, casas alugadas em Bodoquena, sem qualquer ajuda ou subvenção oficial. Vivem com a renda incerta de trabalhos eventuais em fazendas, a R$ 20 a diária. As mulheres vendem artesanato. “Dá para comprar uma verdurinha, arroz e feijão”, diz Máxima Pedroso.



As crianças que estudavam na escola de ensino fundamental da aldeia foram transferidas para Bodoquena. Na aldeia há um professor que ensina em português e kadiwéu. Já na cidade não tem educação com base linguística indígena. Sem a língua natal eles perdem a identidade como povo, cria-se uma condição de vulnerabilidade, que propicia a perda dos seus costumes e valores próprios e a incorporação pela sociedade não índia.



Pelo menos 30 pessoas dividem uma única casa em Bodoquena. São seis cômodos sem qualquer estrutura. Não há energia elétrica, o teto não tem forro, no lugar das janelas há apenas um buraco na parede. A comida é feita em fogão a lenha. Há poucas camas, a maioria dorme no chão, O banheiro fica do lado de fora da casa e não tem ligação de água. Um lençol substitui a porta. O MPF vai exigir, junto aos órgãos públicos, assistência aos indígenas.



Assessoria de Comunicação Social



Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul/CIMI