Pirinop, meu primeiro contato - imagem instituto catitu
com informações do ITAÚ CULTURAL
Mostra Múltiplos Brasis leva temas da antropologia para o grande público através do cinema
De 2 a 8 de julho, o Itaú Cultural, o Cine Olido, o Cinusp e a Matilha Cultural recebem a mostra Múltiplos Brasis, na qual serão exibidos filmes que tratam de questões atuais da antropologia. A ideia central do evento é colocar o grande público em contato com temas que preocupam tanto cineastas quanto antropólogos, sendo que estes últimos produziram alguns dos filmes selecionados para exibição.
Dividida em cinco eixos temáticos – Cidades, Personagens, Fronteiras, Performance e Outros Brasis –, a curadora Paula Morgado explica que “nesta mostra estão em foco o cotidiano e as experiências que se revelam nas cidades, nos personagens, nas manifestações culturais, no ato performático de si e dos outros, cruzando fronteiras e produzindo um Brasil que vibra e é múltiplo”.
A mostra dialoga com a 28ª Reunião Brasileira de Antropologia, que acontece na PUC/SP de 2 a 5 de julho e colocará em debate várias questões discutidas pelos filmes em cartaz no Itaú Cultural e nas outras três salas participantes. “Julgamos oportuno brindar a cidade com uma semana de antropologia e cinema”, diz Bela Feldman-Bianco, presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), que realiza o evento em parceria com o Itaú Cultural, o Laboratório de Imagem e Som em Antropologia da Universidade São Paulo, a Secretaria Municipal de Cultura, a Matilha Cultural e o Cinusp Paulo Emílio.
Em cartaz, filmes como Terra Deu, Terra Come, O Voo da Beleza, Jogo de Cena e Serras da Desordem discutem a temática da religião, da transexualidade, do encenamento sobre nós mesmos e dos conflitos entre grupos indígenas e interesses econômicos. Estes são apenas alguns dos assuntos propostos pela mostra, que exibe trabalhos selecionados e/ou premiados em festivais nacionais e internacionais.
Programação no Itaú Cultural
Fronteiras
O programa reúne nove filmes que abordam situações liminares vividas pelo corpo social, cultural e físico: detenção (Deus e o Diabo em Cima da Muralha e Juízo), transexualidade (O Voo da Beleza), deficiência mental (Do Luto à Luta), distúrbios psiquiátricos (Em (Si) Mesma e Passageiros de Segunda Classe), marginalidade social (Estamira), arte marginal (Minami em Close-up. A Boca em Revista). A liminaridade em sua potência máxima está no drama de pais que geram crianças acéfalas (Uma História Severina).
quinta 5
16h Juízo (Maria Augusta Ramos, Brasil, 2007, 90 min) – 10 anos
18h Deus e o Diabo em Cima da Muralha (Tocha Alves e Daniel Lieff, Brasil, 2006, 55 min) – 16 anos
20h Do Luto à Luta (Evaldo Mocarzel, Brasil, 2005, 75 min) – livre
sexta 6
16h Minami em Close-up. A Boca em Revista (Thiago Mendonça, Brasil, 2009, 19 min) – 14 anos
Passageiros de Segunda Classe (Waldir de Pina Barros, Kim-Ir-Sem e Luiz Eduardo Jorge, Brasil, 2001, 21 min) – 12 anos
Uma História Severina (Débora Diniz, Brasil, 2005, 22 min) – 16 anos
Em (Si) Mesma (Andréa Barbosa, Brasil, 2006, 24 min) – 10 anos
18h Estamira (Marcos Prado, Brasil, 2004, 115 min) – 10 anos
20h O Voo da Beleza (Alexandre Fleming Vale, Brasil, 2012, 80 min) – 18 anos [sessão de estreia – contará com a presença do diretor para um bate-papo após a exibição do filme]
Performance
O programa reúne sete filmes que instigam a pensar sobre a encenação que impregna a vida social, seja na paixão pelo samba (Roda), seja na religião (Terra Deu, Terra Come) ou no cotidiano de travestis em São Paulo (Transficção). Essa encenação também se apresenta no contato entre grupos indígenas e a sociedade nacional (Pïrinop, Meu Primeiro Contato) e na tragédia em que essa interação pode resultar (Serras da Desordem). Por fim, esse aspecto está na representação de nós mesmos (Jogo de Cena) e na performance de três personagens que relatam seu cotidiano (O Céu sobre os Ombros).
sábado 7
14h Roda (Carla Maia e Raquel Junqueira, Brasil, 2011, 70 min) – livre
16h Pïrinop, Meu Primeiro Contato (Mari Correa e Kanaré Ikpeng, Brasil, 2007, 83 min) – livre
18h O Céu sobre os Ombros (Sérgio Borges, Brasil, 2011, 72 min) – 16 anos
20h Serras da Desordem (Andrea Tonacci, Brasil, 2006, 135 min) – 10 anos
domingo 8
16h Terra Deu, Terra Come (Rodrigo Siqueira e Pedro Alexina, Brasil, 2010, 88 min) – livre
18h Jogo de Cena (Eduardo Coutinho, Brasil, 2007, 105 min) – livre
20h Transficção (Johannes Sjöberg, Brasil, 2007, 57 min) – 16 anos
sala itaú cultural 247 lugares
[ingresso distribuído com meia hora de antecedência]
Sinopses
Deus e o Diabo em Cima da Muralha
(Tocha Alves e Daniel Lieff, Brasil, 2006, 55 min)
Imagine uma prisão com cerca de 10 mil detentos, muitos perigosos e reincidentes, e, para controlá-los, poucos funcionários desarmados, que se revezam em turnos. Vivem quase como presos, numa rotina de tensão, mas também de humor e emoção. Enquanto existiu, o Carandiru foi o maior presídio da América Latina. O documentário mostra como funcionava a instituição sob a óptica desses funcionários, que relatam o tênue equilíbrio das relações com os detentos e as afinidades entre si.
Do Luto à Luta
(Evaldo Mocarzel, Brasil, 2005, 75 min)
Documentário que focaliza as deficiências, mas também as potencialidades, de portadores da síndrome de Down, problema genético que atinge cerca de 8 mil recém-nascidos por ano no Brasil. A obra procura desmistificar o estigma que ronda a questão e combater ideias preconceituosas.
Em (Si) Mesma
(Andréa Barbosa, Brasil, 2006, 24 min)
Vídeo sobre a relação de uma médica com internas de um hospital psiquiátrico público. Ao fotografar as pacientes, a profissional estabelece um diálogo em um nível emocional profundo e delicado, que auxilia essas mulheres no contato com o mundo.
Estamira
(Marcos Prado, Brasil, 2004, 115 min)
Mulher de 63 anos, que sofre de distúrbios mentais, vive e trabalha há mais de duas décadas no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, um local renegado pela sociedade, que recebe diariamente mais de 8 mil toneladas de lixo produzido no Rio de Janeiro. Com um discurso eloquente, filosófico e poético, a personagem levanta questões de interesse global, como o destino do lixo e os subterfúgios que a mente humana encontra para superar uma realidade insuportável.
Jogo de Cena
(Eduardo Coutinho, Brasil, 2007, 105 min)
Após ler um anúncio de jornal, 83 mulheres decidem contar suas histórias de vida num estúdio. Em junho de 2006, 23 delas foram selecionadas e filmadas no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro. Em setembro do mesmo ano, atrizes interpretaram, a seu modo, as histórias contadas pelas personagens escolhidas.
Juízo
(Maria Augusta Ramos, Brasil, 2007, 90 min)
Acompanha a trajetória de meninas e meninos pobres, com menos de 18 anos e infratores, do momento de sua prisão ao julgamento por roubo, tráfico e homicídio. Como sua identificação é vedada por lei, eles são representados no filme por jovens não infratores que vivem em condições sociais similares. Os outros personagens – juízes, promotores, defensores, policiais, familiares – são pessoas reais filmadas em audiências na II Vara da Justiça do Rio de Janeiro e em visitas ao Instituto Padre Severino, local de reclusão dos menores.
Minami em Close-up. A Boca em Revista
(Thiago Mendonça, Brasil, 2009, 19 min)
A trajetória da revista Cinema em Close-up, que nos anos 1970 se tornou um sucesso de vendas, e de seu editor, Minami Keizi, é o ponto de partida para contar a história dos filmes da Boca do Lixo paulistana e de seus personagens.
O Céu sobre os Ombros
(Sérgio Borges, Brasil, 2011, 72 min)
A narrativa acompanha alguns dias da vida de três pessoas/personagens: Everlyn é uma transexual que fez mestrado sobre os diários de um hermafrodita do século XIX e vive entre a prostituição e os cursos de sexualidade que ministra como professora; Murari é hare krishna, líder da torcida organizada do Atlético mineiro; e Lwei é africano descendente de portugueses e escreve vários livros ao mesmo tempo, sem ter chegado à conclusão de nenhum. Apesar de não se conhecer, eles vivem na mesma cidade, trabalham com a escrita, têm cerca de 30 anos e famílias distantes.
O Voo da Beleza
(Alexandre Fleming Vale, Brasil, 2012, 80 min)
Narrativas de viagens compõem a matéria-prima deste documentário sobre a vida de travestis e transexuais brasileiras que vivem na Europa, tidas como “imigrantes desqualificadas”. Para elas, o Velho Mundo é o coroamento de uma experiência marcada pelo cruzamento de fronteiras de gênero, territoriais, sociais e existenciais. Sessão de estreia.
Passageiros de Segunda Classe
(Waldir de Pina Barros, Kim-Ir-Sem e Luiz Eduardo Jorge, Brasil, 2001, 21 min)
Olhar cinematográfico humanizado para um espaço manicomial, no qual pacientes são submetidos a abandono, isolamento, eletrochoques e miséria absoluta.
Pïrinop, Meu Primeiro Contato
(Mari Correa e Kanaré Ikpeng, Brasil, 2007, 83 min)
Em 1964, os índios ikpeng realizam seu primeiro contato com brancos, numa região próxima ao Rio Xingu, em Mato Grosso. Passado, presente, tristeza e alegria se misturam nas narrativas desses indígenas sobre esse contato. Eles também revelam episódios que os brancos e suas câmeras não presenciaram.
Roda
(Carla Maia e Raquel Junqueira, Brasil, 2011, 70 min)
Compositores, intérpretes e instrumentistas da velha guarda do samba de Belo Horizonte fazem roda de samba e lembram de suas histórias.
Serras da Desordem
(Andrea Tonacci, Brasil, 2006, 135 min)
Carapiru é um índio nômade que, após ter seu grupo familiar massacrado num ataque surpresa de fazendeiros, consegue escapar e viver, durante dez anos, perambulando pelas serras do Brasil central. Capturado em novembro de 1988, a 2 mil quilômetros de distância de seu ponto de partida, ele é levado pelo sertanista Sydney Possuelo para Brasília. Sua história ganha as páginas dos jornais, gerando polêmica entre historiadores e antropólogos em relação à sua origem e identidade.
Terra Deu, Terra Come
(Rodrigo Siqueira e Pedro Alexina, Brasil, 2010, 88 min)
Neste filme não se sabe o que é fato e o que é representação, o que é verdade e o que é conto, documentário ou ficção, o que é cinema e o que é vida, o que é africano e o que é brasileiro. Pedro de Almeida, garimpeiro de 81 anos, comanda, como mestre de cerimônias, o velório, o cortejo fúnebre e o enterro de João Batista, que morreu com 120 anos. O ritual ocorre no quilombo Quartel do Indaiá, distrito de Diamantina, Minas Gerais. Ao conduzir o funeral, Pedro desfia histórias carregadas de poesia e significados metafísicos, que põem os espectadores em dúvida todo o tempo. Sua atuação e a de seus familiares diante da câmera provocam, pela dramaturgia espontânea, uma mise-en-scèneinstigante.
Transficção
(Johannes Sjöberg, Brasil, 2007, 57 min)
Filmado como parte do doutorado em artes cênicas do autor, explora a “etnoficção” – gênero de filme etnográfico experimental no qual os participantes colaboram com o cineasta improvisando experiências pessoais ou de outras pessoas. O foco é a identidade e a discriminação no cotidiano de transgêneros brasileiros que vivem em São Paulo.
Uma História Severina
(Débora Diniz, Brasil, 2005, 22 min)
Severina teve seu destino alterado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal. Grávida de quatro meses de um feto sem cérebro, ela estava internada no hospital na mesma tarde em que o órgão da Justiça cassou a permissão para interromper a gestação. Era 20 de outubro de 2004. Plantadora de brócolis de Chã Grande, Pernambuco, mulher de Rosivaldo e mãe de Walmir, Severina passa a visitar fóruns e maternidades por três meses para pedir que lhe abreviem o sofrimento. O documentário testemunha essa peregrinação.
Programação em outras salas
[segunda 2 a domingo 8 julho 2012]
Cinusp Paulo Emílio [Rua do Anfiteatro, 181 – usp.br/cinusp/]
Segunda 2 a sexta 6
programa Cidades
BH Soul (Tomás Amaral, Brasil, 2010, 93 min)
Número Zero (Claudia Nunes, Brasil, 2010, 67 min)
programa Personagens
A Alma do Osso (Cao Guimarães, Brasil, 2004, 74 min)
Marighella (Isa Grispum Ferraz, Brasil, 2001, 100 min)
programa Outros Brasis
Nas Terras do Bem-Virá (Alexandre Rampazzo, Brasil, 2007, 110 min)
Corumbiara (Vincent Carelli, Brasil, 2009, 117 min)
programa Performance
O Céu sobre os Ombros (Sérgio Borges, Brasil, 2011, 72 min)
Terra Deu, Terra Come (Rodrigo Siqueira e Pedro Alexina, Brasil, 2010, 88 min)
programa Fronteiras
Estamira (Marcos Prado, Brasil, 2004, 115 min)
Juízo (Maria Augusta Ramos, Brasil, 2007, 90 min)
Cine Olido [avenida são João, 473 – galeriaolido.sp.gov.br/]
Terça 3 a domingo 8
programa Cidades
A Arte e a Rua (Carolina Caffé e Rose Satiko Hikiji, Brasil, 2011, 46 min)
BH Soul (Tomás Amaral, Brasil, 2010, 93 min)
Grajaú, Onde São Paulo Começa (João Cláudio de Sena, Brasil, 2011, 28 min)
Luz – Processo de Gentrificação em São Paulo (Coletivo Left Hand Rotation, Brasil, 2011, 25 min)
Minhocão (Raphael Grisey, Brasil, 2011, 31 min)
Número Zero (Claudia Nunes, Brasil, 2010, 67 min)
Sobre Rio e Córregos (Camilo Tavares, Brasil, 2009, 60 min)
Um Lugar ao Sol (Gabriel Mascaro, Brasil, 2009, 66 min)
programa Personagens
A Alma do Osso (Cao Guimarães, Brasil, 2004, 74 min)
Babás (Consuelo Lins, Brasil, 2010, 20 min)
Câmara Viajante (Joe Pimentel, 2007, 20 min)
Diário de Naná (Paschoal Samora, Brasil, 2006, 60 min)
Fala Mulher (Kika Nicolela e Graciela Rodriguez, Brasil, 2005, 80 min)
Marighella (Isa Grispum Ferraz, Brasil, 2001, 100 min)
Onde a Coruja Dorme (Márcia Derraik e Simplicio Neto, Brasil, 2001, 15 min)
Santiago (João Moreira Salles, Brasil, 2007, 80 min)
Vaidade (Fabiano Maciel, Brasil, 2002, 54 min)
Matilha Cultural [rua rego Freitas, 542 – matilhacultural.com.br/]
Quarta 4 a domingo 8
programa Outros Brasis
No Meio do Rio Entre as Árvores (Jorge Bodansky, Brasil, 2009, 70 min)
Corumbiara (Vincent Carelli, Brasil, 2009, 117 min)
Nas Terras do Bem-Virá (Alexandre Rampazzo, Brasil, 2007, 110 min)
Já Me Transformei em Imagem (Zezinho Yube, Brasil, 2008, 32 min)
A Poeira e o Vento (Marcos Pimentel, Brasil, 2010, 18 min)
Luz, Câmera, Pichação (Gustavo Coelho e Marcelo Guerra e Bruna Caetano, Brasil, 2011, 75 min)
Luz – Processo de Gentrificação em São Paulo (Coletivo Left Hand Rotation, Brasil, 2011, 25 min)