Quase 14 mil famílias estão envolvidas na coleta, extração e fabricação dos produtos que serão comercializados na Praça da Sociobiodiversidade, montada na Arena Socioambiental, no Aterro do Flamengo, durante a Rio+20. A partir de sábado (16/06), a praça estará aberta ao público para compra de artesanato, alimentos e cosméticos feitos com materiais dos biomas Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e Caatinga.
Vinte e três empreendimentos estarão distribuídos em um espaço de quase 500m2. Entre eles, a Central do Cerrado, rede formada por 17 organizações comunitárias e 35 associações parceiras. O diferencial do bioma serão os cosméticos feitos dos óleos das palmeiras gueroba e babaçu – xampus, condicionadores, sabonetes, loções e óleos corporais orgânicos.
O Cerrado também estará representado com artesanato em argila e fibra de buriti e por farinhas, polpas de frutas e amêndoas nativas. “Vamos levar 40 itens diferentes, entre alimentos, artesanato e cosméticos. Pretendemos fechar negócios com outras empresas, atrair parceiros, investidores e captar novos projetos para melhorar a produção”, diz o secretário executivo da Central do Cerrado, Luís Carrazza.
Os empreendimentos foram selecionados por edital do governo federal. Seis organizações da Amazônia levarão artesanato em fibras naturais de arumã, murumuru e algodão, tecidos impermeabilizados (encauchados) de borracha da seringueira, e, para consumo, polpas de açaí, pupunha e cupuaçu e castanhas-do-pará (chamada de castanha-do-brasil para exportação).
Alternativas
A Amazônia estará representada pelo Instituto Kabu, associação indígena para proteção territorial da reserva Kayapó, no Pará, que desenvolve alternativas econômicas para o sustento das aldeias do subgrupo Mekrãgnoti. Os índios usam madeiras, cipós e fibras nativas.
O consultor do instituto, Cleber de Araújo, enumera algumas das peças que serão vendidas no estande: “Dois mil cestos de fibras, mil velas feitas no ouriço da castanha-do-brasil e 500 miniaturas de cestos cargueiros que os índios usam para carregar as castanhas na mata”.
Produtos à base de licuri, leite de cabra, castanha de caju, umbu, manga, goiaba, maracujá e mel, num total de 2,3 toneladas, serão colocados à venda pelos representantes da Caatinga. A Central de Cooperativas de Cajucultores do Estado do Piauí (Cocajupi) levará amêndoas de caju e a rede Bodega da Caantiga apresentará produtos de empreendimentos da Bahia e do Ceará.
De acordo com a coordenadora da Rede Bodega, Ildeci de Oliveira, são mais de 3,7 mil famílias envolvidas na fabricação dos doces, polpas, óleos e outros. “Estamos com tudo organizado, só aguardando para viajar. Os produtos de umbu, que não são comuns em outros biomas, mostram o nosso destaque. Temos cooperativas que já o exportam para outros lugares”.
Diversificação
Como a Mata Atlântica se estende por todo o litoral brasileiro, do Nordeste ao Sul do país, os produtos são muito diversificados. Frutas orgânicas desidratadas, pólen e mel, pinhão, erva-mate, bergamota (mexerica) e artesanato de ouricuri, taboa, cipó titara, cabaça e bambu estarão distribuídos em seis empreendimentos.
O programa Mercado Mata Atlântica do Instituto Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, financiado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), apresentará artesanato de Alagoas e Bahia. “A ideia é valorizar a matéria-prima e o mercado de produtos sustentáveis. Temos a fibra de ouricuri de Alagoas, mais clara, e a fibra de piaçava da Bahia. Ambas são incríveis para design de decoração”, ressalta o coordenador do programa, Marcéu Pereira.
Como o objetivo da Praça da Sociobiodiversidade não é apenas lucro, mas principalmente divulgar o conceito de sustentabilidade, os valores arrecadados serão revertidos integralmente aos artesãos, extrativistas e agricultores familiares. Nos estandes, estarão disponíveis informações sobre os produtos e contatos dos empreendimentos para negociações.
Espaço ficará aberto ao público, das 12h às 21h, entre os dias 16 e 22 de junho
Por Cristiane Hidaka, da Ascom/MDS