quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Exposição sobre festivais indígenas do Acre na Galeria da Ponte na UFSC


Exposição "Festivais pano: nawá, cultura e pajelança", da antropóloga Aline Ferreira Oliveira, inaugura nesta quarta-feira na Galeria da Ponte, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da UFSC
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Abre, nesta quarta-feira, 01 de agosto, na Galeria da Ponte da UFSC, a exposição “Festivais pano: nawá, cultura e pajelança”, da antropóloga Aline Ferreira Oliveira. A Galeria da Ponte é um espaço cultural coordenado pelo NAVI (Núcleo de Antropologia Visual e Estudos da Imagem)  localizado no primeiro andar do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC, destinado a exposições documentaristas e etnográficas. A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 8 às 22 horas, até o dia 20 de agosto.

Segundo Aline, este ensaio é uma narrativa imagética de dois festivais realizados no Acre por grupos indígenas do tronco linguístico pano: o Festival Yawa, que é praticado há anos pelos Yawanawá – ‘povo da queixada’ – do Rio Gregório, e a primeira versão do Festival Xina Bena (“novo tempo”), realizado no Rio Tarauacá pelos Huni Kuin – ‘gente verdadeira’ – neste caso também conhecidos como os Kaxinawá do Rio Jordão.
Festivais são práticas antigas entre os pano, não apenas nas danças, brincadeiras, caçadas e práticas xamânicas, mas nas alianças políticas com outros povos indígenas. A novidade é a realização de festivais enquanto um fenômeno de emergência da ‘cultura’ frente a um cenário de ‘revitalização cultural’ em contexto de um mercado global de práticas espirituais. Sim, os convidados atualmente são os nawa (“brancos”) que trazem recursos materiais e simbólicos para um novo tempo: o tempo das ‘alianças espirituais’.
Os festivais são mencionados enquanto o tempo em que se celebra a vida com cantos, danças, brincadeiras e muita diversão. Nesses momentos, a ayahuasca – bebida amazônica conhecida sob diversos nomes: uni, nixi pae, cipó, santo daime, medicina – está sendo constantemente tomada, havendo também as ‘pajelanças’ enquanto sessões noturnas destinadas ao seu consumo. Cocares, saias de palha, de këne (desenho) em algodão colorido, corpos desnudos vestidos de urucum, nas brincadeiras, nas cantigas, no jogo. Alguns nawá também aderem a essas práticas.
São diversos os sinais diacríticos associados à indianidade que encontram no Festival seu maior expoente. Um dos elos são as próprias ‘medicinas da floresta’: no poder de seus espíritos, interagem ‘na força’ com os participantes. Saber explorar o valor que pode ser associado às particularidades da ‘espiritualidade’ e a ‘cultura indígena’ vem sendo um dos canais na construção de interesses mútuos entre indígenas e não-indígenas. A ‘floresta’ e a ‘pajelança’ constituem-se como referências centrais em uma rede que associa os recentes processos de emergência da ‘cultura’ nas demandas políticas e identitárias indígenas, aos fenômenos da espiritualidade urbana contemporânea em que há uma busca por experiências de cura e transformação do self através de uma ‘conexão’ com ‘tradições’ e ‘conhecimentos ancestrais’.