A indústria têxtil possui um dos processos de maior geração de poluentes, contribuindo quantitativa e qualitativamente com carga poluidora rejeitada no meio ambiente, os quais, quando não correctamente tratados,são indutores de sérios problemas de contaminação ambiental.
Aqui deveremos considerar os impactos que esta indústria potencializa de uma forma horizontal, ou seja, os aspectos ambientais negativos associados ao processo produtivo considerados desde a fase de cultivo das matérias-primas utilizadas (como por exemplo a utilização de resíduos tóxicos de pesticidas e agentes para preservação do algodão e da lã...processos de tingimento e acabamento incluindo corantes, fosfatos, metais pesados e agentes de complexação) e finalmente os resíduos resultantes do mesmo processo de fabrico (como por exemplo os lodos)...
como o pentaclorofenol; o uso de fertilizantes artificiais e de pesticidas nas culturas de algodão como o DDT, lindane e hexaclorociclohexano), passando pelas fases de produção industrial.
como o pentaclorofenol; o uso de fertilizantes artificiais e de pesticidas nas culturas de algodão como o DDT, lindane e hexaclorociclohexano), passando pelas fases de produção industrial.
Segundo Moraes (1999), o sector têxtil é conhecido por apresentar potencial poluente elevado, abrangendo cinco campos distintos: efluentes líquidos, emissões de gases e partículas, resíduos sólidos, odores e ruídos.
O grande consumo de água durante as etapas do processo de fabrico dos tecidos gera água residual com efeito poluidor bastante significativo devido às elevadas vazões e toxicidade, além do volume e composição variáveis (Vandevivere et al., 1998). Quando este efluente é descartado pode causar impactes no corpo receptor oriundo da sua carga poluente, além de contaminações (Kunz, 1999), pois os efluentes têxteis possuem elevados valores para níveis de coloração, demanda química e bioquímica de oxigénio, sólidos suspensos e baixas concentrações de oxigénio dissolvido (Schonbereger, 1999).
Grande parte dos efluentes gerados provém, sobretudo, das fases de lavagem e tingimento (Tunay et al,1996). Devido à grande variedade de fibras, corantes, produtos auxiliares e de acabamento, tipos de equipamentos e processamento, os efluentes possuem grande diversidade e complexidade química. Entre os produtos que conferem elevada carga poluente, podemos destacar: amido, proteínas, substâncias gordurosas, surfactantes, produtos auxiliares no tingimento e os corantes.
Além destes produtos, a temperatura elevada e pH dos banhos também conferem igualmente alto potencial poluidor (Silva, 2005).
Os efluentes têxteis caracterizam-se por serem altamente coloridos, devido à presença de corantes que durante o processo de tingimento não se fixam na fibra (O’Neil, 1999), gerando assim, grandes danos ambientais, impedindo a luz solar de chegar até ao ecossistema aquático, prejudicando o desenvolvimento da biota e a qualidade da água para consumo. (Schonbereger, 1999).
Estes corantes (naturais ou xenobióticos)normalmente permanecem num determinado ambiente de forma inalterada ou apresentam uma cinética de
degradação muito lenta para os processos biológicos convencionais, e geram efluentes finais (após o tratamento) com uma coloração ainda muito intensa (Bahorsky e Bryant, 1995; Peres, 1997).
A molécula do corante possui uma estrutura responsável pela absorção da radiação visível e exposição da cor, sendo a família dos azocorantes a mais utilizada, correspondendo a sensivelmente a 70% de todos os corantes têxteis produzidos (Vandevivere et al. 1998). Alguns corantes azóicos podem produzir organoclorados com alta toxicidade e cloraminas que além de tóxicas quando clivadas, podem gerar como subproduto substâncias indutoras de efeitos carcinogénicos e mutagénicos capazes de causar cancros no organismo humano (Chung et al, 1992).
A molécula do corante possui uma estrutura responsável pela absorção da radiação visível e exposição da cor, sendo a família dos azocorantes a mais utilizada, correspondendo a sensivelmente a 70% de todos os corantes têxteis produzidos (Vandevivere et al. 1998). Alguns corantes azóicos podem produzir organoclorados com alta toxicidade e cloraminas que além de tóxicas quando clivadas, podem gerar como subproduto substâncias indutoras de efeitos carcinogénicos e mutagénicos capazes de causar cancros no organismo humano (Chung et al, 1992).
Em geral, na indústria têxtil as preocupações ao nível da contaminação ambiental estão hoje bastante presentes (Guercio et al, 2006) e alvo de legislação nacional e comunitária. Os processos de tratamento são fundamentados na operação de sistemas físico-químicos de precipitação-coagulação, seguidos de separação por sedimentação através de tratamento biológico via sistema de lodos activados, apresentando uma elevada eficiência na remoção de partículas.
No entanto, existem muitas dificuldades na remoção de cor e compostos orgânicos dissolvidos, para além do grande inconveniente de ser bastante susceptível à composição do efluente (cargas de choque), e de produzir um grande volume de lodo (Jenkins et al, 1993).
No entanto, existem muitas dificuldades na remoção de cor e compostos orgânicos dissolvidos, para além do grande inconveniente de ser bastante susceptível à composição do efluente (cargas de choque), e de produzir um grande volume de lodo (Jenkins et al, 1993).
Os resíduos sólidos resultantes, assim como, os compostos poluentes utilizados no processo de fabrico das matérias-primas para a produção, o consumo elevado de água bem como os impactes nos efluentes e a infiltração de águas contaminadas são constantes ameaças para a qualidade do solo no que se refere ao sector têxtil. Existem técnicas já desenvolvidas para minimizar todo este conjunto de impactes, contudo, este processo não é estanque, logo, susceptível de ameaças constantes a este meio natural, o solo.
Autor: João José Ribeiro de Azevedo
Referências Bibliográficas
Bahorsky, M.S.; Bryant, D.H. 1995 – Textiles. Wat. Environ. Res. 67, pp. 544 -548
Chung, K. T.; Cerniglia, C.E. 1992. “Mutagenicity of azo dyes: sctruture-activity relationships.” Mut. Res.
277: pp. 201 – 220
Guercio, M., Bellen, H. 2006. “Meio Ambiente e Indústria Têxtil: Um Estudo sobre a Aplicação de
Ferramentas de Gestão Ambiental no Estado de Santa Catarina e sua repercussão sobre a Imagem das
Empresas”, pp. 3-13
Jenkins, D., Richard, M. G., Daigger, G. T.. 1993. “Manual on the Causes and Control of Activated
Sludge Bulking and Foaming” (2ª ed.), pp. 2-42.
Kunz, A. 1999. “Remediação de Efluente Têxtil: Combinação entre Processo Químico (ozônio) e Biológico
(p. chrysosporium)”, Tese de Doutorado do Instituto de Química, Unicamp, Campinas SP, p130.
Moraes, S. G. 1999. “Processo fotocatalítico combinado com sistemas biológicos no tratamento de efluentes
têxteis”, Tese de Doutorado do Instituto de Química, Unicamp, Campinas SP, p 141.
O’Neill, C.; Hawkes, F.R.; Hawkes, D.L., Lourenco, N.D.; Pinheiro, H.M.; Delee, W.; J. 1999. “Chem.
Technol. Biotechnol”. 74.
Peres, C. S. 1997. “Compostos recalcitrantes à degradação biológica”. Livro de resumos do 3º seminário
Internacional de tecnologia Enzimática, 29 a 31 de Outubro de 1997. Rio de Janeiro –RJ, pp. 2-71
Schonbereger, H. 1999. “Pollution Prevention and Waste Reduction in the Testile Industry”. Gottenheim,
Germany, pp. 8-71.
Silva, G. L. 2005. “Redução de corante em efluente de processo de tingimento de lavanderias industriais por
adsorção em argila” Tese de Doutorado da Faculdade de Engenharia Química, Unicamp, Campinas,
p120.
Tunay, O. 1996. ”Color Removal From Textile Wastewaters,” Water Science & Technology. Vol.34, nº 11,
pp. 1-16
Vandevivere, P.C., Bianchi, R., Vestraete, W. 1998. “Treatment and reuse of wastewater from the textile
wet-processing industry: review of emerging technologies”, J. Chemical Technology and
Biotechnology, No.72, pp 289-302.
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