Desde 2001, o monitoramento da biodiversidade na Suíça é feito periodicamente. (Keystone)
Mau aluno em termos de proteção da diversidade biológica, a Suíça quer aproveitar de 2010, decretado pela ONU “ano da biodiversidade”, para despertar consciências.
Para isso o país tem um plano. Explicações.
A Suíça decidiu agir. Para marcar o ano da biodiversidade decretado pela ONU, funcionários do Ministério do Meio Ambiente, Energia, Transportes e Comunicações estiveram reunidos com um série de Ongs para elaborar um programa conjunto de eventos para todo o ano 2010.
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O objetivo é explicar ao grande público o que significa a biodiversidade e como é possível preservá-la.
Paralelamente, o governo suíço trabalha em uma estratégia nacional de proteção da diversidade biológica, a ser submetida ao Parlamento em 2011. A falta de um programa nacional desse tipo é uma das principais críticas feitas à Suíça pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em um relatório de 2007, a organização constatava que havia mais plantas e animais ameaçadas na Suíça do que em qualquer outro país da Europa.
“É verdade que a OCDE considerou a biodiversidade como o ponto fraco da política ambiental da Suíça”, confirmou Elisabeth Maret, porta-voz da Secretaria Federal do Meio Ambiente (OFEV, na sigla em francês).
“A necessidade de agir está muito clara. A biodiversidade na Suíça não está garantida a longo prazo. Perdemos muito nessa área, particularmente em recursos naturais, desde o século 19”, continua Maret.
Mais de 220 espécies de flora e de fauna despareceram na Suíça nos últimos 150 anos. Quase metade da fauna local está atualmente na lista das espécies ameaçadas. E mais de um terço das plantas a flores e dos liquens estão em perigo.
Elisabeth Maret acrescenta que essas mudanças são observadas também em muitos outros lugares do planeta devido à urbanização e ao crescimento demográfico. Mas, segundo ela, a situação se estabilizou na Suíça graças às medidas tomadas nos últimos 15 anos.
Medidas obrigatórias
A estratégia nacional está sendo desenvolvida pelos serviços do governo em colaboração com ONGs. Ela deverá elaborar medidas obrigatórias, com a intenção de manter a biodiversidade de maneira duradoura, cuja riqueza possa ser suficiente para permitir a adaptação às evoluções do clima e do meio ambiente.
“É muito importante que a Suíça elabore essa estratégia”, afirma Roland Schuler, representante da ONG ProNatura.
“Trata-se de balizar toda futura ação do governo, em termos de prazo e de áreas de atuação sobre a biodiversidade. Essa estratégia é desenvolvida tardiamente, se comparamos com outros países na Europa. Esperamos realmente que ela seja aplicada e com forte determinação”.
Segundo esse defensor do meio ambiente, a consciência insuficiente da importância da biodiversidade está na origem, no passado, da falta de vontade política. Não foi feito um plano político de ação coordenada e, por isso, faltou financiamento.
“A conjunção desses dois fatores é catastrófica frente a necessidade de agir. O público, incluindo os políticos, não têm realmente consciência de quanto a perda da biodiversidade vai deteriorar nossas vidas”, explica Roland Schuler.
Um prêmio e excursões
Um estudo recente da OFEV mostra, aliás, que a maioria da população conhece o termo “biodiversidade”, mas não percebe toda a dimensão. Para a maioria das pessoas, ele refere-se unicamente à diversidade das espécies.
O programa previsto para 2010 inclui atividades nos zoológicos do país e excursões. Haverá também um prêmio Natureza e o 5° Salão Natureza de Basileia será dedicado este ano a esse tema.
“O objetivo do ano é que cada um fale da biodiversidade, nas ruas e não somente entre especialistas. Temos sempre a impressão na Suíça que tudo vai bem nessa área. Não é nada disso”, garante Daniela Pauli, secretária executiva do Fórum Biodiversidade Suíça – uma das organizações parceiras.
“Esperamos que depois deste ano, as pessoas saberão que a biodiversidade está ameaçada na Suíça e que isso é importante para nossas vidas. Não se trata somente de plantas ou animais, a biodiversidade afeta todos os aspectos de nossa vida.”
Jessica Dacey, swissinfo.ch
(Adaptação: Claudinê Gonçalves)