Logo abaixo da exposição dos dinossauros, um laboratório no porão do edifício novecentista do Museu Americano de História Natural (AMNH na sigla em inglês), em Nova York, abriga a mais nova coleção da instituição: oito grandes cilindros criogênicos refrigerados por nitrogênio líquido. Chamada de Coleção Ambrose Monell para Pesquisa Molecular e Microbiana, o laboratório guarda milhares de microscópicas amostras genéticas congeladas. E a coleção recebeu alguns novos – e raros – espécimes.
Representantes do Serviço Nacional de Parques americano, responsável pela gestão das terras onde vivem muitas das quase 400 espécies de vertebrados ameaçados dos Estados Unidos, assinaram um acordo com o museu para a estocagem de amostras de DNA nos frascos refrigerados.
“Esses recursos são realmente necessários para os estudos biológicos destinados a entender melhor a diversidade de vida no planeta”, afirmou durante a assinatura do acordo George Amato, diretor do Instituto Sackler de Genômica Comparativa do museu.
Entretanto, os novos associados não têm nenhuma intenção de reanimar linhagens extintas no estilo Jurassic Park. A esperança é usar essas amostras genéticas – mantidas a 160°C negativos pelo vapor do nitrogênio líquido em ebulição – como uma linha de base com o intuito de descobrir como espécies e populações estão mudando e se adaptando – ou não – às mudanças ambientais. Amato observou, no entanto, que “é difícil predizer qual o valor disso no futuro”.
Desde que o laboratório foi inaugurado em 2001, o AMNH está aceitando amostras doadas (em geral retiradas de sangue, osso ou tecido muscular) por estudantes graduados e outros pesquisadores. Juntamente com a manutenção da coleção, o museu disponibiliza gratuitamente pequenas amostras para estudo. “Muitas pessoas estão contentes por estarmos nos encarregando das amostras que estavam em seu poder,” declarou Julie Feinstein, que gerencia a coleção cuja capacidade total é de cerca de um milhão de amostras.
“O que o museu oferece ao Serviço de Parques é algo que não poderíamos fazer nós mesmos”, afirmou Ann Hitchcock, encarregada dos arquivos do Serviço de Parques, que não tem instalações criogênicas próprias e depende de pesquisadores que armazenam amostras em universidades ou outros laboratórios.
O novo acordo também permite a criação de uma coleção de amostras mais uniforme – o AMNH providenciará kits especiais e material de remessa para os pesquisadores em parques nacionais. Também garantirá um processo de armazenagem mais estável que aquele que poderia ser conseguido em instalações menores, com a promessa, ainda, de que mesmo sem eletricidade, as amostras permanecerão resfriadas por cinco semanas.
“Isso é simplesmente fantástico”, comentou a respeito do acordo Bert Frost, diretor associado de administração de recursos naturais e ciências do Serviço Nacional de Parques. Ele citou a ameaçada raposa-das-ilhas, encontrada no Parque Nacional da Channel Islands ao largo da costa sul da Califórnia, cujo DNA (obtido de amostras de sangue) provavelmente será uma das primeiras contribuições para a coleção. A raposa participa de um programa de reprodução em cativeiro para recuperar sua população.
“Se tivéssemos perdido esse animal, teríamos perdido toda essa informação genética”, disse Frost. “Agora com uma instalação como essa, se alguma coisa catastrófica acontecer, e venhamos a perder um animal ou uma espécie, ao menos teremos algum material genético seu” para estudar.
Autor: Katherine Harmon
Fonte: Scientific American Brasil