terça-feira, 1 de junho de 2010

DESCOBERTO PEIXE RARO EM MINAS

Pesquisador da Unifesp Diadema redescobre peixe raro em Minas Gerais
Espécie Stygichthys typhlops está em perigo de extinção por causa de consumo excessivo de água do Aqüífero Jaíba, em Minas Gerais













Um grupo de pesquisadores brasileiros liderados pelos ictiólogos Cristiano Moreira, professor do Departamento de Ciências Biológicas da Unifesp Diadema, e Eleonora Trajano (USP) redescobriu no interior de Minas Gerais espécie rara de peixe que era conhecida de apenas um exemplar.

Trata-se do Stygichthys typhlops, da ordem dos Characiformes, que tem entre seus membros os peixes como as piranhas e traíras. A espécie redescoberta pelos pesquisadores na região de Jaíba, no norte de Minas Gerais, distingue-se das demais dessa ordem por não terem olhos nem pigmentação na pele, entre outras características.


A descoberta, além de possibilitar novos estudos sobre a morfologia e comportamento da espécie – sobre a qual os últimos relatos disponíveis datam da década de 60 -, representa também um alerta para a preservação de aqüíferos.


"Acreditamos que a espécie esteja bastante ameaçada de extinção por conta do consumo excessivo da água do aqüífero onde esta espécie ocorre, diz o professor da Unifesp. "Trata-se de uma ameaça simples de resolver. Basta preservar o ambiente e adotar um programa para diminuir a retirada de água e evitar a contaminação do aqüífero".


O alerta para a ameaça de extinção do Stygichthys Typhlops havia sido dado em 2004, quando Moreira e Trajano publicaram nota sobre a ameaça no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, publicado pelo Ministério do Meio Ambiente.


O grupo de biólogos paulistas iniciou a busca pela espécie em 2004, quando percorreram vários locais na região de Jaíba. A busca baseou-se em relatos de munícipes e a procura em poços, até que conseguiram localizar uma comunidade em um dos poços remanescentes.


Ao todo, foram coletados 24 indivíduos da espécie para análises laboratoriais.
"Inicialmente fizemos uma descrição da morfologia e análise do comportamento, da biologia, de conservação, dos hábitos e hábitat", conta o professor da Unifesp. "Agora pretendemos mostrar onde estas espécies se encaixam na evolução dos Characiformes e iniciar pesquisas mais aprofundadas sobre a espécie", diz ele.


A morfologia incomum e o habitat em que vive o Stygichthys fazem da espécie uma das mais intrigantes na ictiofauna Neotropical. As primeiras amostras observadas em laboratório revelaram-se avessas ao convívio em grupo. "Pelas suas características, acreditamos que o Stygichthys typhlops seja a única espécie a viver neste habitat e podem representar sobreviventes de um grupo de espécie que viviam na superfície e que podem ter sido extintos", diz Moreira.


A pesquisa, feita em conjunto com outros três professores, foi publicada no Journal of Fish Biology, do Reino Unido.
http://dgi.unifesp.br