quarta-feira, 30 de junho de 2010

EFEITO ESTUFA




Cientistas estudarão o efeito estufa na Antártica
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Oceano Antártico é reconhecidamente região com altos níveis de matéria orgânica. No início de 2011, um grupo de pesquisadores do Laboratório de Nutrientes, Micronutrientes e Traços no Oceano (Labnut) do Instituto Oceanográfico (IO) da Universidade de São Paulo (USP) realizará medições e estudos no Estreito de Bransfield, na Antártica. O objetivo é avaliar a quantidade de gás carbônico (CO²) capturado da atmosfera por organismos marinhos e como essa atividade contribui para diminuir o efeito estufa no planeta.
A pesquisa intitulada Aplicação de 234Th como traçador das fontes e sumidouros de elementos-traço e do carbono exportado no Estreito de Bransfield, Península Antártica – Carbo-Thorium estudará o fenômeno conhecido como sequestro de carbono no Oceano Antártico. O investimento do estudo será de R$ 600 mil, com verba disponibilizada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), ministérios do Meio Ambiente (MMA), da Ciência e Tecnologia (MCT) e Programa Antártico Brasileiro (Proantar).
A professora e coordenadora do projeto Elisabete de Santis Braga explica que alguns organismos da superfície dos oceanos, como algas do fitoplâncton, absorvem CO² enquanto realizam fotossíntese. Esse processo transforma o carbono gasoso vindo da atmosfera em uma forma orgânica dissolvida. "Esse carbono, por sua vez, é passado a outros seres da cadeia alimentar marinha que consomem as algas do fitoplâncton", esclarece a professora. Elisabete acredita que o projeto colocará o Brasil em igualdade com os grandes centros de pesquisas internacionais.
Parte desse carbono é devolvido à atmosfera como CO² durante a respiração dos organismos consumidores. Outra parte sofre afundamento para uma região abaixo de 200 metros de profundidade, onde as condições de luz praticamente não permitem a presença de seres fotossintetizantes. "Durante a alimentação de um organismo pelo outro, sobram detritos que acabam afundando. Também, organismos mais velhos, ao morrerem, acabam afundando para abaixo da linha dos 200 metros. Esse carbono tem uma chance muito remota de retornar à atmosfera", descreve a professora.
Devido à presença de nutrientes nos oceanos, em especial, à grande quantidade que existe no Antártico, que é reconhecidamente uma região de alto potencial de produção de matéria orgânica, o grupo de pesquisa do Labnut acredita que a captura de CO² da atmosfera, e sobretudo o seu afundamento, podem contribuir significativamente para amenizar o efeito estufa no planeta.
Elisabete ressalta que já existem várias pesquisas, no Brasil e no exterior, que investigam a captura de carbono na superfície (até 200 metros). Por isso o projeto medirá o sequestro de carbono para regiões mais profundas. "Nosso estudo trabalhará na quantidade de carbono que afunda abaixo dessa faixa que vai de 200 até seis mil metros de profundidade. Queremos medir esse fluxo de carbono que raramente volta à superfície", explica ela. 

Métodos


Para medir o afundamento, os pesquisadores farão medições de nutrientes (nitrogênio, fósforo e silício) e micronutrientes, em especial o ferro, e do radioisótopo Tório (234Th), elemento que está naturalmente presente nos oceanos. "A partir da concentração do Tório na água associado aos demais componentes analisados é possível medir quimicamente a verdadeira quantidade de carbono que passa para a região profunda", afirma Elisabete. Devido à multi e interdisciplinaridade dessas medições e outras análises, o projeto tem a parceria do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen/Cnen/MCT).
Além de Elisabete participam da viagem, prevista para abril de 2011, a professora Joselene de Oliveira, do Ipen, e mais 10 alunos da pós-graduação.
da Agência USP de Notícias.