quarta-feira, 23 de junho de 2010

PROTESTE CONTRA BELO MONTE


Usina de Belo Monte é tema de palestra na UFPA Nesta terça, 22, às 9h30, ocorreu o Seminário "Belo Monte: conflitos sociais, destruição ambiental e crise constitucional". 

O evento faz parte do calendário de atividades do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, o PPGSS. O Programa organiza, mensalmente, debates sobre diversos temas e ocorre sempre no auditório do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA). Mais de 50 pessoas participaram do evento.

Vera Lúcia Gomes, coordenadora do projeto, explica que a ideia é promover o debate, na comunidade universitária, sobre temas de interesse social, como a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. O projeto da usina prevê a construção de sua barragem no Rio Xingu, próximo ao município de Altamira. Se construída, será a maior
usina do País e deverá gerar mais de 11.000 MW, que podem abastecer, por exemplo, a Região Metropolitana de São Paulo. O projeto está sendo feito há mais de 30 anos e o IBAMA já aprovou a obra, mas grande parte da opinião pública teme os impactos ambientais e sociais que sua construção trará.

"Movimento Xingu Vivo" e "Greenpeace" são algumas das organizações sociais que se opõem à construção da Hidrelétrica. A professora Sônia Magalhães, ligada a esse movimento de resistência foi quem ministrou a palestra. Há mais de 20 anos, a antropóloga e professora da UFPA estuda os impactos que a obra trará para a região e para as populações que moram no entorno, como índios, ribeirinhos e outros. Sua principal crítica é ao Estudo de Impactos Ambientais da obra, os quais deixam de lado várias questões, como novas possibilidades e cenários possíveis para áreas que ficarão secas com o desvio do rio.
   
O EIA-Rima mais atual estima em 26.000 o número de pessoas que serão deslocadas de suas casas. Mas, segundo a pesquisadora, serão cerca de 35.000 habitantes que perderão seu lar e, acima de tudo, seu modo de vida. "O número de pessoas atingidas é subestimado nesse estudo. Eles não levam em consideração que, em três anos, a população aumenta, seja por geração de filhos, seja por migração, nem que havia  pessoas que não estavam em casa no momento da pesquisa", explica a antropóloga.
Em sua fala, Sônia Magalhães criticou os discursos que defendem a construção da Hidrelétrica.

"O governo diz que a obra trará milhões de empregos diretos e indiretos, mas, na estimativa do projeto, haverá a oferta de até 17.000 empregos no quarto ano de obra e depois haverá uma queda vertiginosa nesse número e terá apenas 1.000 postos de trabalho, o que não vai suprir todos os migrantes que serão atraídos.", questiona Sônia, que ainda completa: "É um evento que vai tirar várias populações de seu lugar e não trará benefícios nenhum, por isso pode ser comparado a uma guerra".

Apesar das várias contradições nos discursos sobre a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, os governos federal e estadual seguem com os trâmites para o início da obra e os leilões de ações. Enquanto isso, vários movimentos sociais protestam e tentam impedir.
Em enquete realizada no site da Assessoria de Comunicação, mais de 75% da comunidade acadêmica mostrou-se contrária à construção da Hidrelétrica.  

"Os seminários do PPGSS trazem temas relevantes para serem discutidos. Isso favorece o ambiente acadêmico e contribui para aprofundar o estudo", justifica Vera Lúcia. Ao final do seminário, os participantes puderam fazer perguntas para a antropóloga, que lhes respondeu e comentou algumas.

Assessoria de Comunicação da UFPATexto: Moenah Castro -