Animais marinhos saem da rota e acabam morrendo na Baixada Santista
No total, desde a última sexta surgiram 371 animais marinhos sem vida e 23 seguem em tratamento
Márcio Bernadino/da Tribuna online
Mais pinguins mortos foram encontrados na Baixada Santista. Até as 15 horas deste domingo, em Guarujá, foram recolhidos nove animais. Em Praia Grande 15, a mesma quantidade em Itanhaém, e sete em Peruíbe, somando 46 aves mortas. No total, desde a última sexta-feira surgiram 371 animais marinhos sem vida e 23 seguem em tratamento em centros de reabilitação.
De acordo com a bióloga Andréa Maranho, do Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (Cram) Reviva, em Guarujá, a previsão é de que os corpos, assim como animais vivos, continuem encalhando nas praias até novembro. O fenômeno teve início na última quarta. "Mas sua intensidade pode ter aumentado nos últimos dias em função do mar agitado, que colabora para que estes animais cheguem às praias, principalmente as de mar aberto".
A bióloga explica que esta é a época de migração dos pinguins. "É comum que eles apareçam nas praias da região. Em 2008, temos registro de cerca de 400 mortes desses animais de Bertioga até Praia Grande. No ano passado, por outro lado, tivemos apenas dez ocorrências. Até o último dia 14, os corpos eram frescos, de animais que haviam morrido há pouco tempo. Agora, eles têm aparecido em estado avançado de decomposição".
Thiago Augusto do Nascimento, biólogo responsável pelo Aquário de Peruíbe, cidade que também registra o aparecimento de grande volume de animais marinhos mortos, esclarece que, nesta época do ano, os pinguins que vivem na região das Ilhas Malvinas, na Patagônia e no Chile migram para fugir do inverno rigoroso.
"Eles, que em sua maioria são da espécie pinguim-de-magalhães, buscam águas mais quentes e seguem em direção ao Brasil. Há estudos que verificam a presença desses animais em Santa Catarina e Paraná".
Para o aparecimento no litoral paulista, a hipótese é de que os animais tenham se perdido. "Eles, que muitas vezes são jovens, acabam indo além dos locais já citados em busca de alimento e se perdem. Não conseguem retornar", diz Thiago.
Fome
De acordo Andréa Maranho, que já realizou a necropsia em cerca de 50 pinguins, a falta de alimento em alto mar pode estar associada às mortes. "Vimos que o estômago de boa parte deles estava vazio. Alguns tinham parasitose".
A especialista explica que esses animas se alimentam principalmente de lulas. "Essa falta de alimento pode estar relacionada a fatores climáticos, já que estamos em ano de La Niña (resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico). Também pode estar ligada à sobrepesca".
Thiago esclarece que mesmo os animais que chegam às praias com vida estão debilitados. "Eles são selvagens. Não vivem nesse habitat. Quando chegam à praia, estão fracos, doentes, perdidos ou mortos".
Outros animais encontrados na manhã de ontem foram uma tartaruga verde, em Guarujá, e um albatroz, em Peruíbe. Os dois estavam vivos e foram encaminhados para tratamento.