quinta-feira, 22 de julho de 2010

SACOLAS PLASTICAS UM MAL NECESSÁRIO?

CAMPANHA INCENTIVA REDUÇÃO NO USO DE SACOLAS PLÁSTICAS
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Quinhentos milhões de sacolas plásticas são consumidas por ano no Brasil, menos de 1% é reciclada. Para mudar essa realidade, o Estado do Rio de Janeiro está desenvolvendo ações para incentivar a mudança de hábito dos cidadãos fluminenses. O processo para criar consumidores conscientes, que ajudem a evitar os problemas causados pelo consumo desenfreado de bolsas plásticas, começa em supermercados e estabelecimentos comerciais e termina na casa do comprador. Os resultados são positivos: desde o ano passado, mais de 600 milhões de sacos plásticos deixaram ser despejados em rios e lixões no Rio. 

A Secretaria do Ambiente está realizando uma intensa fiscalização para que o comércio cumpra a Lei 5.502/2009, que determinou, a partir da última sexta-feira (20/7), a redução do uso de sacolas plásticas e a substituição por bolsas retornáveis e reutilizáveis no Estado do Rio de Janeiro. A medida pretende inserir os sacos no ciclo de reciclagem, com o objetivo de proteger o meio ambiente fluminense. As micros e pequenas empresas terão de um a dois anos para adotar a lei. Para os estabelecimentos de médio e grande porte, a lei já está valendo. 

De acordo com o presidente do Instituto do Meio Ambiente (Inea), Luiz Firmino, a ideia é fiscalizar os estabelecimentos sem que seja necessária a aplicação de multas. A educação ambiental é o foco da campanha. As blitzes ecológicas são realizadas por fiscais do Inea e da Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca). Os consumidores também serão alvo da ação educativa, através da distribuição de folhetos explicativos sobre as consequências do uso de material não degradável para a natureza. A iniciativa ecológica foi lançada junto com a campanha Saco é um Saco , no ano passado.

- O uso do saco plástico é desenfreado: usam muitas sacolas para colocar as compras e para depositar seus lixos. Queremos acabar com a banalização, diminuindo o uso. A lei não prejudicará ninguém. Não vamos penalizar. A lei já está em vigência para supermercados e farmácias grandes, com advertências e até multas, que podem chegar até 100 mil UFIRs. O Estado do Rio é o primeiro do Brasil a adotar uma legislação que impõe uma mudança de comportamento. Até hoje, os supermercados têm aderido bem à ação - ressaltou Luiz Firmino. 

Com a meta de combater o problema com que a sociedade brasileira convive desde a década de 80, quando as sacolas plásticas foram introduzidas no país e sua reutilização passou a ser destinada ao acondicionamento do lixo, o governo estadual aderiu a mais uma ação em prol do meio ambiente. Para facilitar a disseminação da proposta ecologicamente correta, os consumidores conscientes que não utilizarem os sacos ganharão descontos. A cada cinco itens comprados, haverá um abatimento de R$ 0,03 no valor total da compra. O consumidor que devolver sacolas bolsas receberá, a cada 50 unidades, um quilo de arroz ou feijão. 

- O espírito da lei beneficia a todos: o estabelecimento não perde dinheiro e a população muda seu hábito aos poucos. Os consumidores não perderão o direito de usar as sacolas plásticas tradicionais, mas não estará colaborando com o meio ambiente. O comerciante terá ainda outra opção e poderá fornecer uma sacola mais resistente que possa ser usada no mínimo vinte vezes. Os comerciantes devem escolher uma das três opções para cumprir a lei e afixar um cartaz no local informando sua escolha ao consumidor - explicou o presidente do Inea. 

Que o reaproveitamento de materiais como papel, vidro, metal e plástico é indispensável para a preservação do meio ambiente, muitos já sabem. O que poucas pessoas conhecem são os benefícios que a reciclagem oferece também para o desenvolvimento socioeconômico de uma região. No caso das sacolas plásticas, a decomposição na natureza leva até 100 anos. No Rio de Janeiro, muitas são descartadas de maneira errada. Para acabar com o problema, foram instaladas sete ecobarreiras, que ajudam a preservar rios e lagoas ao reter lixo flutuante.

- Retiramos 200 toneladas de lixo por mês das ecobarreiras, e vemos com abundância de sacolas plásticas. Todos os tipos de plásticos podem ser reciclados, de alguma forma. As que estão no supermercado, chamadas de plásticos filmes, podem virar sacos de entulho, mangueira, bacias de obras e garrafas de água sanitárias. Com a movimentação da nova lei, estamos nos preparando para receber novas fábricas de reciclagem no Rio de Janeiro, garantindo novos postos de trabalho - contou a coordenadora das ecobarreiras, Carmen Lucariny. 

Os sacos plásticos são produzidos a partir do petróleo ou gás natural. O malefício para o meio ambiente começa na extração desses recursos não-renováveis, que emitem gases de efeito estufa e efluentes. O descarte incorreto das sacolas pode poluir rios e lagoas, obstruir a passagem de água, acumular detritos e impedir a decomposição de materiais. Uma bolsa retornável pode ser usada por muito mais tempo, evitando o consumo de centenas de sacos plásticos. 

Outra alternativa para colaborar com a causa é a compra de sacos biodegradáveis. A sacola não polui o meio ambiente. O processo de degradação tem início apenas dois meses após o seu uso. Nos depósitos de lixo, a sacola plástica fica exposto ao calor, ao sol e à tensão mecânica. É fabricado com plástico de primeira qualidade e com tecnologia multi-solda para o fundo do saco, que o torna mais forte e à prova de vazamento. 

Por Ascom Palácio