Pesquisas avaliam a dinâmica e a ocupação dos mangues brasileiros
Ilha de Algodoal - Área de Proteção Ambiental de Algodoal Maiandeua
Ilha de Algodoal - Área de Proteção Ambiental de Algodoal Maiandeua
do MCT
Avaliar o espaço ocupado pelos mangues brasileiros, a dinâmica desses ecossistemas e a sua relação com as mudanças climáticas. Esse é o foco dos estudos realizados pelo grupo de pesquisa coordenado pela pesquisadora Yara Schaeffer Novelli, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).
Na avaliação da especialista em história natural, que é apontada no meio científico como uma das maiores autoridades do País em relação ao tema, uma das grandes dificuldades para os profissionais é ter estatísticas e dados concretos sobre a área dos mangues nacionais. A maior parte das publicações existentes está voltada ao ciclo de nutrientes, à valoração econômica e aos impactos da ação humana sobre os manguezais.
Uma das intenções do grupo é fazer uma espécie de cartografia dos manguezais, com a utilização de um sistema de geoprocessamento; processamento informatizado de dados ou de informações cartográficas (mapas, cartas cartográficas e plantas).
“Infelizmente, neste ecossistema que fica entre o mar e a terra, área de transição, temos muita dificuldade de trabalhar porque toda a parte de sensoriamento remoto tem as imagens muito afetadas por nuvens. As imagens de satélites, que são feitas a 800 quilômetros de distância, não conseguem definir bem áreas de pequenas extensões”, esclarece Yara.
Outro objetivo dos pesquisadores é descobrir como os manguezais estão respondendo às alterações climáticas no planeta, ou ainda, de que forma esses ecossistemas podem funcionar como “excelentes bioindicadores”; diante de uma possível elevação do nível do mar, por exemplo. Indicação que pode trazer informações diferenciadas de acordo com o local onde se encontram.
“Em cada segmento da costa essas mudanças se refletem de forma diferente porque dependem do relevo, da profundidade, dos ventos, da amplitude das marés”, ressalta a pesquisadora.
Inpe
No Brasil, o ecossistema manguezal ocorre de forma descontínua desde o extremo Norte do País (na desembocadura do Oiapoque) a Santa Catarina (na latitude de Laguna). Um dos focos do estudo é avaliar a situação dos mangues no estado de São Paulo, onde ocorreram as catástrofes mais terríveis contra esse ecossistema no território brasileiro, na opinião de Yara.
O estudo na região é tema de pós-doutorado da bióloga Marília Cunha Lignon, que realiza o trabalho no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
A doutora em Oceanografia Biológica pela USP faz uma análise da evolução espaço-temporal dos manguezais paulistas nas últimas três décadas. Marília monitora as perdas e os ganhos, em áreas delimitadas, bem como a resposta dos manguezais às dinâmicas sedimentares.
“Pretendemos usar sistemas de informações geográficas para trabalhar fotografia aérea e imagens de satélite. São diversos níveis e escalas de estudo: a imagem de satélite vista de bem longe; a fotografia aérea, com uma resolução intermediária; e o trabalho de campo com os dados in loco. São exatamente essas ferramentas, hoje, que possibilitam o tratamento das imagens e a posterior análise”, explica.